14 de dezembro de 2020

Os estranhos diálogos captados na Operação Salus

Com a retirada do sigilo sobre os documentos da Operação Salus na tarde do último sábado (12/12) os advogados tiveram acesso as provas coletadas na investigação conduzida pelo Núcleo de Repressão à Lavagem de Dinheiro e combate à corrupção (NRLD) que tem por objetivo esclarecer as circunstâncias em que se verificaram os ilícitos penais consubstanciados nos tipos Lavagem de Dinheiro, Peculato, Associação Criminosa e Fraude à Licitações em Concurso Material de Crimes, deflagrada na última quinta-feira (10/12) em Altaneira, que culminou na prisão de empresários, secretários e servidores municipais de Altaneira.

São quase mil folhas de documentos, relatórios, pareceres do ministério público, além de informações da inteligência da Polícia Civil, decisões judiciais, mensagens de WhatsApp, gravações telefônicas e outros, mas o que de fato despertou a atenção dos altaneirenses são diálogos das interceptações telefônicas.

O telefone interceptado é de um empresário, alvo principal da operação, a maioria das provas colhida foi fornecida pelo terminal de sua propriedade, inclusive as mensagens e ligações para a Comissão de Licitação, servidores municipais e contadores.

Trechos dos diálogos gravados, estranhos a investigação foram compartilhados em imagens capturados das peças do processo, dentre elas ganharam destaque um empresário prescrevendo remédio para “reto inflamado”, secretária “desejando morte de blogueiro” e instituição bancária cobrando parcelas atrasadas de veículo financiado.

Os diálogos da secretária e ex-secretário de Saúde, tratam de aquisição de teste rápidos de covid19, doações e compras de máscaras, fornecimento e pagamento de alimentação, dezenas de reclamações do prefeito e, ainda, sobre funcionamento das barreiras sanitárias.

“Das ligações emergiu que houve instalação de barreira sanitária, mas o Prefeito dá ordem para liberar os apadrinhados, interferindo na execução do trabalho dos servidores e causando mal-estar entre eles” anotou o delegado.

O empresário investigado foi gravado ainda afirmando que tem influências sobre as postagens do radialista João Alves em relação as críticas aos vereadores de oposição: “Eu digo JOÃO, posta aí pra vê se eles faz alguma coisa!”.

No mesmo diálogo o prefeito afirma “... eu nunca vi 'caba' doente por dinheiro que nem esses da oposição daqui não”.

Outro ponto que ganhou destaque nas rodas de conversas e nos grupos fechados de WhatsApp é uma ligação do prefeito para o empresário alvo da investigação “falam que o ARIOVALDO foi quem colocou fogo no fórum e também no carro do vereador Adeilton” e comenta que “dava R$ 5.000,00 para o advogado Deurisberto, sem ele trabalhar” e que os vereadores Flávio e Antônio Leite tem filhas “fazendo faculdade e ainda recebem Bolsa Família”.

A maioria dos diálogos do prefeito foram desconsiderados na investigação, pois não desprovidos de realidade fática, mas gerou comentários na cidade.

Ainda não se tem informações sobre os demais inquéritos que continuam em segredo de justiça.

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