23 de julho de 2021

Em meio a pandemia, Olimpíada de Tóquio-2020 começa fazendo história

A capital japonesa abre as portas às narrativas de glória, ao surgimento de novos ídolos, às amargas derrotas e aos episódios surpreendentes típicos do megaevento esportivo global (Foto: Philip Fong)

Com atraso de um ano, os Jogos Olímpicos de 2020 estarão oficialmente abertos hoje (23 /07) a partir das 8 horas (horário de Brasília), no estádio Olímpico de Tóquio. A realização da competição em terras nipônicas é considerada histórica em meio aos impactos da pandemia do coronavírus, que forçaram o adiamento pela primeira vez na era moderna — em três ocasiões (1916, 1940 e 1944), o torneio foi cancelado por causa das Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

Apesar do clima de preocupação diante da crise sanitária mundial, Tóquio abre os portais para a glória, o surgimento de novos ídolos, as amargas derrotas e os episódios surpreendentes típicos das Olimpíadas no âmbito desportivo. Os Jogos deste ano, assim como os demais grandes eventos esportivos, precisaram se adaptar à nova realidade.

Os fãs não poderão presenciar in loco o sabor olímpico. Após período de indecisão, os organizadores cederam e decidiram vetar o público como medida de segurança contra o avanço da Covid-19, devido ao estado de emergência instalado na capital (mais de 180 mil casos confirmados e 2 mil mortes) do Japão. Entre outras ações de restrição, houve o cancelamento do revezamento da tocha olímpica nas vias públicas da cidade por receio pelo aumento do contágio e mudanças no protocolo de entrega de medalhas. Desta vez, os próprios atletas pegarão os bronzes, pratas e ouros. Abraços e cumprimentos estão proibidos.

"É uma olimpíada como nunca vimos antes. É difícil termos outra assim. Espero que nunca tenhamos mais todos esses percalços. Ela vai ser uma Olimpíada diferente exatamente por ter imposto desafios para organizadores e, principalmente, para atletas. Muitos tiveram que se reinventar. Precisaram criar alternativas para se manter em forma. Mesmo com a retomada foi complicado", avalia Marcelo Laguna, jornalista e editor do blog Laguna Olímpico.

Trabalhadores pintam marcações rodoviárias para uma pista prioritária em Tóquio em 18 de julho de 2021, que será usada para transportar pessoas durante os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

A pandemia impacta diretamente o âmbito desportivo. O sonho de medalha pode ser afetado por uma contaminação. Em torneio de tiro curto como a Olimpíada, o teste positivo para a Covid-19 significará o fim melancólico do ciclo de preparação. "É um horror. A gente não pode descartar que isso possa acontecer. Mesmo com as coisas bem controladas, não dá para garantir 100%. Isso já cria uma tensão a mais para a Olimpíada. O resultado não vai ser definido só pelo desempenho, mas pelo resultado do PCR. Eles vão ser testados todos dias. Se você é contaminado, ficará 14 dias em isolamento, acaba uma Olimpíada, não compete mais", afirma Marcelo Laguna.

A Vila Olímpica de Tóquio receberá cerca de 11 mil atletas provenientes de 206 países, entre eles o Brasil, com a 12ª maior delegação, com 302 competidores. A vacinação para os atletas não é obrigatória, mas é recomendado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Além disso, o governo japonês não impôs a obrigatoriedade de imunização para a entrada no país.

De acordo com com o presidente do COI, Thomas Bach, 85% dos atletas e colaboradores dos Jogos Olímpicos estarão vacinados contra a Covid-19. "Essa conquista só foi possível graças aos fantásticos voluntários e seus dedicados colaboradores. O COI está no mesmo barco e estamos remando na mesma direção, agradecendo o pleno apoio do governo do Japão", disse ele.

As Olimpíadas serão realizadas até o dia 23 de agosto. Diante do contexto de pandemia, o evento foi bastante questionado. Pesquisas promovidas por agências japonesas apontaram que a maioria da população reprova a realização em Tóquio no momento.

Conforme os dados divulgados pela NHK, em janeiro, cerca de 80% dos japoneses defendiam o adiamento ou cancelamento dos Jogos. Em uma das pesquisas mais recentes, feita pela Kyoto News em abril, aponta que 72% não querem a realização do evento na capital do Japão e 92% temem novas ondas de contágio.

Com informações portal O Povo Online

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