17 de julho de 2025

Trump quer destruir Bolsonaro, só pode, por Érico Firmo

Bolsonaro disse que é "apaixonado por Trump", mas Trump disse que "não é amigo de Bolsonaro" (Foto: Jim Watson)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não é amigo de Jair Bolsonaro (PL). "É alguém que conheço". Foi quase: "Já vi passando na rua" ou "peguei ônibus com ele". A intenção era fazer uma defesa, dizer que não era por afinidade pessoal que agia — embora esteja evidente se tratar, sim, de convergência política. Mencionou a honestidade do aliado, disse ser alguém que defende os interesses dos brasileiros. Falou que o ex-presidente brasileiro era um negociador muito duro. Ave Maria, pense num cara que colocou o americano contra a parede. Eu gostaria de ver os resultados dessa incisiva postura diplomática de que ele falou.

Pois bem, nas redes sociais, Bolsonaro disse que é apaixonado por Trump. Também pelo povo dos Estados Unidos e pela política daquele país. É o que chama de relacionamento tóxico.

Pesquisas AtlasIntel e Quaest divulgadas nesta semana mostram que a guerra tarifária contra o Brasil conseguiu aquilo que a atuação e a comunicação do governo Lula tentavam e não conseguiam desde o começo do ano: melhorar a popularidade do petista.

Na investigação contra o Brasil aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, um dos alvos citados é o Pix. A propósito, a atual crise de imagem do Planalto tem como marco inicial o monitoramento de transações via Pix.

Trata-se de uma ferramenta de pagamento amplamente difundida, usada de forma generalizada. Segundo o escritório americano: 'O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, aproveitar seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo'.

Vale lembrar, o Pix vinha sendo desenvolvido desde antes, mas o serviço foi lançado para uso pela população na época em que Bolsonaro estava no poder. Se foi desleal, o governo dele teve parte importante. Na época do lançamento, ele foi perguntado sobre o assunto e demonstrou que não sabia nem o que era. O que não o impediu, posteriormente, de tentar usufruir politicamente. Assim como aliados, como Nikolas Ferreira.

Trump disse que não é amigo de Bolsonaro e ilustra isso ao, na ofensiva lançada com argumento de defender o ex-presidente, questionar uma ferramenta usada por muitos brasileiros, bastante popular e que foi lançada no governo do ex-chefe do Poder Executivo. Seria difícil fazer mais mal ao aliado.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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