26 de setembro de 2010

Serra defende governador cassado da PB em comício


José Serra talvez devesse considerar a hipótese de não realizar mais comícios no Nordeste. Não lhe dão boa sorte.

Na semana passada, em Sergipe, Serra ouviu um aliado dizer, em discurso, que Albano Franco, líder tucano no Estado, fechara com Dilma Rousseff.

Neste sábado (25), Serra foi ao palanque na cidade paraibana de Campina Grande.

Estava acompanhado do ex-governador Cássio Cunha Lima, do PSDB.

Candidato ao Senado, Cunha Lima foi alcançado pela lei da Ficha Limpa. Impugnado, faz campanha pendurado em recurso judicial.

A ficha do ex-governador traz a nódoa de uma cassação. O TSE passou o mandato de Cunha Lima na lâmina em 2009.

Súbito, Serra pôs-se a defender o correligionário. Disse coisas assim: "Houve uma injustiça do TSE quando o afastou tempos atrás..."

“...O Cássio não foi acusado de nenhum desvio de dinheiro público, de nenhuma conduta imprópria. Foi uma acusação frágil".

Depois de festejar o cassado no palanque, Serra insistiu: "O Cássio é um homem limpo. A Justiça Eleitoral cometeu um erro, Justiça não é infalível..."

"...No caso dele, cometeu um erro que o obrigou a deixar o governo". Beleza. A Justiça só é boa quando alcança os inimigos!

Eleito governador em 2006, o “homem limpo” foi cassado pelo TRE da Paraíba em julho de 2007. Manteve-se no cargo agarrado em liminares judiciais.

O tempo passou. E a encrenca subiu ao TSE. Em novembro de 2008, o tribunal superior confirmou a sentença estadual. O “injustiçado” recorreu.

Em fevereiro de 2009, o TSE confirmou a cassação. Decisão unânime. Nenhuma voz dissonante.

Cunha Lima foi enxotado da cadeira de governador porque restou provado que, na gestão anterior, valera-se do cargo para azeitar a reeleição.

A Fundação Ação Comunitária, órgão do governo paraibano, distribuíra, no ano eleitoral de 2006, 35 mil cheques. Coisa de R$ 3,5 milhões.

No dia do julgamento final, depois de confirmado o veredicto, o então presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, declarou:

"Não basta vencer uma eleição, é preciso ganhá-la limpamente".

Ao dizer que não houve “conduta imprópria”, Serra associa-se ao malfeito, ofende o Judiciário e passa ao eleitor uma mensagem desconexa.

De quebra, Serra perdeu a autoridade para repetir o bordão segundo o qual Lula passa a mão na cabeça de aliados transgressores.

Do Blog do Josias

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