23 de outubro de 2022

Uma guerra nada santa pelo seu voto

 Dom Odilo Scherrer cardeal arcebispo de São Paulo, recebeu críticas por usar vermelho, cor dos cardeais (Foto: Gabriel Bouys)

Há quem defenda que religião e política não podem se misturar. Discordo em parte. Há conceitos que aproximam os dois campos, principalmente quando observamos a essência de cada um deles. Ela está, por exemplo, na busca por justiça, na luta contra desigualdades sociais, no respeito ao próximo. É possível haver diálogo, mas desde que seja garantida a autonomia de cada uma das partes.

O problema ocorre quando determinadas figuras instrumentalizam a fé em nome de um projeto de poder. A espiritualidade fica em segundo plano e mecanismos irracionais ou até violentos são colocados em prática em prol de interesses eleitorais. Espécie de fundamentalismo que ameaça a laicidade do Estado.

Na disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), neste 2º turno, esse cenário tenebroso ficou bem claro. Padres estão sendo hostilizados apenas por pregarem princípios cristãos durante as celebrações, como críticas ao uso de armas e também discursos contra a fome. O arcebispo de São Paulo, dom Odilio Scherer, foi chamado de comunista por usar roupas vermelhas, vestes tradicionais da Igreja Católica. Pastores relatam perseguição e até ameaça de morte.

Mais recentemente, a senadora evangélica Eliziane Gama (Cidadania-MA) foi alvo de nota de repúdio da Assembleia de Deus após declarar voto no petista. Se fazem isso com uma autoridade da República, imagine contra fiéis Brasil afora?

Isso sem falar na avalanche de fake news envolvendo temáticas como aborto, drogas, satanismo e maçonaria. Como se não houvesse nada mais importante a se discutir no País.

Lula tentou reagir com uma carta aos evangélicos, negando série de acusações e criticando a exploração da religião com objetivos políticos. Apesar do aceno um tanto tardio, é uma das poucas armas que a campanha petista dispõe nessa guerra nada santa em que as maiores vítimas somos nós e a democracia. Deus, com toda certeza, está bem longe dessa sujeira.

Com informações portal O Povo Online

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