10 de dezembro de 2022

O que há de novo no novo governo Lula, Érico Firmo

Dos cinco ministros anunciados quatro são da era petista (Foto: Evaristo Sa)

Lula (PT) anunciou apenas cinco ministros de uma equipe que, ao que se cogita, deve passar dos 30. Não dá para avaliar o ministério pelos até agora indicados. Todavia, o que está publicamente apresentado é o núcleo central do governo, o coração. O gerenciamento, na Casa Civil. A condução da economia. Justiça, outra pasta sempre das mais estratégicas. As Relações Exteriores e a Defesa, ambas absolutamente estratégicas — esta última ainda mais, no atual contexto. Nesse núcleo central, há várias considerações a fazer.

Uma delas é a repetição de nomes da era petista, como ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff (PT). Fernando Haddad (PT) era ministro da Educação e volta na Fazenda. José Múcio era titular das Relações Institucionais e retorna na Defesa. Mauro Vieira reassume as Relações Exteriores. Teremos de ver o quanto isso será tendência no conjunto da gestão. É natural e esperado que alguns nomes voltem. Entretanto, Lula assume em novo contexto, num Brasil muito diferente, com uma aliança renovada e ampliada. Ele venceu Jair Bolsonaro (PL) apesar do desgaste que o PT acumulou. Isso significa que o novo governo precisará ser mais, muito mais, que a repetição dos velhos governos.

Tempo de poder gera desgaste e fadiga política, isso é inevitável. Capacidade de renovação e de arejar os espaços é o caminho dos governos longevos. Lula terá de oxigenar a administração, trazer novas pessoas, novas ideias.

O que há de novo, por ora, vem do Nordeste. Ambos da geração de governadores que conduziu estados da região ao longo da última década. Flávio Dino (PSB), do Maranhão, assume a Justiça e Segurança Pública. Talvez a principal novidade até aqui seja Rui Costa (PT), da Bahia, na Casa Civil. Governador do Estado que talvez tenha sido o mais importante para a vitória de Lula. O PT vai buscar referência onde adota políticas que são aprovadas. É o lógico a fazer.

A visão de economia

Lula optou por um político na Fazenda. Deu certo em outras ocasiões, quando Itamar Franco indicou Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o próprio Lula, com Antonio Palocci. Funciona quando há uma equipe de técnicos robusta. E, mais importante, depende da diretriz política. Haddad foi mal recebido nos meios financeiros. Como gestor, ele mostrou qualidades e defeitos. Mas, o pior é não se saber o que o governo fará na economia. Você pode ser apoiador de Lula e supor o que ele deveria fazer ou ter palpite sobre o que fará. Mas, a não ser que tenha falado com ele ou pessoas próximas, não ouviu da campanha qual será o norte econômico.

Na campanha, o tema foi driblado. Após a vitória, houve poucas e confusas sinalizações. O mercado estava ansioso pelo nome. Há nome, que não agrada a alguns setores. Porém, também de Haddad não se sabe quais serão os parâmetros da condução da economia. Isso é ruim. Governo não é lugar para surpresa. Aliás, era importante que o direcionamento tivesse sido informado antes da eleição. É importante que ocorra logo. O maior problema é se não tiver sido exposto por não se saber para onde vai.

Diversidade

Lula se antecipou à pergunta óbvia sobre falta de mulheres, negros, de diversidade, enfim, na equipe. Disse que em outros anúncios haverá representatividade de gênero e etnia. Veio a seguir a pergunta sobre se essa diversidade será contemplada nos ministérios mais importantes, se não ficará nos postos secundários. Essa é uma questão crucial. Além disso, pelo discurso da candidatura de Lula, pela natureza da aliança que se formou, pelo que significa suceder a um governo como o de Jair Bolsonaro (PL), que esse aspecto não esteja considerado desde o primeiro momento é o maior erro do começo da montagem do ministério. Até por questão de estratégia. Não faz sentido que um governo do PT comece questionado e criticado por falta de diversidade.

Com informações portal O Povo Online

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