16 de dezembro de 2022

PT volta com fome e vira problema para Lula, por Érico Firmo

Vale notar que três dos conflitos por ministérios envolvem mulheres contra as quais há resistência dentro do PT (Foto: Divulgação/Rede sociais) 

Quando Lula (PT) tomar posse como presidente da República, o PT terá passado seis anos e sete meses e meio fora do poder. É bastante evidente que os membros do partido sentiram falta dos cargos. A vitória de Lula representa uma guinada significativa na visão de País, no papel do Estado, no conceito de economia, na percepção de qual deve ser a postura de um governante, na relação com as instituições, no próprio conceito de democracia. Francamente, há muito mais coisas em jogo do que a ocupação de cargos pelo PT. Num governo que deve ampliar o número de ministérios em mais de dez, está faltando espaço para o partido governista.

O PT já está com a Fazenda (Fernando Haddad) e a Casa Civil (Rui Costa), coração do governo. Levou também o Ministério do Trabalho (Luiz Marinho) e o BNDES, com Aloizio Mercadante. Fala-se em pelo menos mais nove ministérios. E isso está causando briga com os aliados.

Uma delas passa pelo Ceará. A indicação da governadora Izolda Cela (sem partido) para a educação estava bem encaminhada e agora parece descartada. A bancada petista queria no cargo o deputado mineiro Reginaldo Lopes. Lula está em busca de um meio termo: o ministério irá para o PT, mas para a legenda no Ceará, com Camilo Santana, aliado de Izolda.

A credencial de Camilo para o posto é o desempenho do Ceará nessa área — com Izolda à frente. Duas coisas chamam atenção: Izolda passou por fritura entre os petistas apesar de ser muito próxima ao partido, casada com um petista — Veveu Arruda — e de o rompimento do PT cearense com o PDT de Ciro Gomes ter ocorrido por causa dela. A outra coisa está no fato de que o debate se concentre no fatiamento partidário e passe tão pouco pelas demandas de uma área tão sensível e que atravessa tantas dificuldades desde a pandemia.

Também há conflito dos petistas com o PSB, por querer restringir espaços do aliado. E com Simone Tebet (MDB), pois não haveria interesse em entregar o Desenvolvimento Social, pasta à qual está ligado o Bolsa Família. Já houve petistas contrariados por perder a Cultura para Margareth Menezes. (Vale notar que três dos conflitos por ministérios envolvem mulheres contra as quais há resistência.)

O PT venceu a eleição com Lula, mas não ganhou sozinho. Não fosse a grande aliança que se formou não a favor do petista, mas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ainda presidente estaria reeleito. Se o partido do presidente eleito não entender isso, contribuirá para demolir as bases do novo lulismo, que não se segura só com o PT.

Naftalina

Lula anunciou Luiz Marinho (PT) como ministro do Trabalho, mesmo cargo no qual já esteve na primeira passagem do presidente eleito pelo cargo. Será outro retorno, como de Haddad, José Múcio e Mauro Vieira. Haddad e Múcio pelo menos terão funções diferentes, na Fazenda e na Defesa, respectivamente. Vieira reassume as Relações Exteriores De sete ministros oficializados por enquanto, quatro são retornos. A maioria deles sem que se saiba que tenham demonstrado desempenho dos mais marcantes. Dá um cheiro de coisa velha.

Bolsonaro perdeu por muito pouco, mesmo com um governo abundante em defeitos e praticamente desprovido de virtudes, no qual as crises eram fabricadas em profusão. Parte da dificuldade de Lula em derrotar Bolsonaro se deve ao desgaste do PT.

O presidente eleito precisará trazer novidade, ideias novas. Não apenas repetir o passado, mas oxigenar a gestão e adaptá-la a uma sociedade muito diferente após mais de uma década.

Com informações portal O Povo Online

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