8 de dezembro de 2022

Cortes na educação afetam pagamentos de bolsas, transporte e pesquisas no Ceará

Em nota a Universidade Federal do Cariri diz que tem compromissos a honrar na ordem de R$ 3 milhões (Foto: Reprodução/ UFCA)

A oficialização de cortes orçamentários para a educação já afeta universidades federais do Ceará. Foram confirmados cortes em bolsas acadêmicas, transportes e insumos e atividades acadêmicas. A Universidade Federal do Cariri (UFCA) reportou R$ 2,4 milhões em recursos bloqueados.

O contingenciamento de verbas ocorre em meio aos esforços do Ministério da Economia em atender o teto de gastos. Saúde e educação são as áreas mais afetadas. Universidades federais tiveram R$ 244 milhões bloqueados, enquanto os institutos federais R$ 208 milhões e o setor de saúde como um todo sofreu corte de R$ 3,7 bilhões, afetando inclusive a aquisição de medicamentos.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) publicou nota pública em que manifesta sua "apreensão" sobre o recente bloqueio orçamentário feito pelo Governo Federal. A reitoria da UFC confirmou o bloqueio no orçamento destinado a custeio e investimento promovido pelo Governo Federal.

O corte de verbas em dezembro inviabiliza os pagamentos de bolsas acadêmicas, restaurantes universitários, contratos de transporte, aquisição de passagens aéreas e de insumos para atividades acadêmicas e administrativas dentre outros custos.

Em nota, a UFC manifesta sua "apreensão" sobre o recente bloqueio orçamentário feito pelo Governo Federal, que alterou o cronograma de execução mensal de desembolsos, afetando o limite de pagamento de despesas discricionárias para esse mês de dezembro.

A Reitoria enfatiza que a UFC vinha realizando sua execução orçamentária dentro de um "adequado equilíbrio", apesar dos contingenciamentos ocorridos no ano.

Na UFCA, o bloqueio de R$ 2,4 milhões deixou a reitoria com saldo negativo de R$ 743 mil, comprometendo alguns empenhos de licitações concluídas ou em andamento, além de contratos de terceirização.

"As medidas do governo federal inviabilizam pagamentos de bolsas, auxílios e serviços já neste mês de dezembro. No caso da UFCA, a instituição tem compromissos a honrar na ordem de R$ 3 milhões", diz a UFCA em nota.

Na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a reitoria publicou nota oficial em que também sofreu com os cortes, mas que eles não devem afetar a continuidade do transporte realizado intercampi e o funcionamento dos restaurantes universitários. No entanto, a Unilab "compartilha das preocupações" dos estudantes afetados com o corte de orçamento.

A coordenadora de Igualdade Racial do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unilab, Geyse Anne da Silva, contudo, relata que a situação pode gerar uma crise econômica e humanitária nos municípios de Redenção e Acarape.  “Temos estudantes de vários países de língua portuguesa, especialmente africanos, que dependem das bolsas que recebem”, explica.

“Só o restaurante universitário atende quase 4 mil pessoas. Elas não têm como voltar para os seus países de origem, então, o caso é até mais preocupante que o dos estudantes brasileiros”, alerta Geyse.

Desde o fim de novembro, havia o descontentamento de associações de universidades e institutos federais que já denunciavam que o Ministério da Educação (MEC) havia bloqueado R$ 244 milhões de universidades e R$ 122 milhões de institutos federais.

Após a reclamação, o recurso foi reposto três dias depois. No entanto, no mesmo dia, mais tarde, o recurso voltou a sumir. Nesta semana, ficou evidenciado mais um corte, nos recursos de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Bruno Rocha, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato), entende esse movimento do MEC como um "calote" contra as universidades.

A entidade promove nesta quinta-feira uma plenária, na UFC, com estudantes, pesquisadores, funcionários e docentes.

"A efetivação dos cortes impossibilita o pagamento de serviços básicos, como limpeza e segurança. Isso fará com que terceirizados não recebam salários. Para os estudantes e pesquisadores, há risco de que fiquem sem fonte financeira para se manter", completa.

Com informações portal O Povo Online

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