16 de outubro de 2023

A saga dos professores temporários, por Cleyton Monte

A grande questão é que o distanciamento, em termos de remuneração e reconhecimento, virou um verdadeiro fosso dividindo a categoria (Foto: Divulgação/Facebook)

Na semana em que celebramos o trabalho dos professores, virou lugar comum repetir a importância desses profissionais e seu incontestável papel para o desenvolvimento do país. Políticos e gestores, das mais diferentes linhas de atuação, postam nas redes sociais e fazem discursos repetindo o apreço pelos professores.

São homenagens que mexem com o imaginário de muitas famílias. Nada contra tais afirmações, mas prefiro e por um caminho mais crítico e realista. Nas próximas linhas quero chamar atenção para o trabalho precarizado de uma parte considerável de profissionais da nossa educação: os professores temporários das escolas e universidades públicas.

É claro que todos os professores enfrentam as mais diversas dificuldades, incluindo os efetivos. Contudo, nos últimos anos, após uma série de mobilizações, tivemos o avanço de pautas envolvendo a valorização salarial e concretização de planos de cargos e carreiras. O Piso do Magistério entra nessa pauta. Há muito a ser feito, entretanto, no que toca os profissionais temporários, estamos longe de uma condição digna de trabalho.

Os relatos da categoria são conhecidos: ausência de direitos, incertezas, jornadas extenuantes, pressões e baixas remunerações. Não é um grupo pequeno. Segundo o Censo Escolar de 2022, os temporários representam 60% dos recursos humanos das escolas de educação básica. Nas universidades estaduais não é muito diferente. Os problemas vão além da perspectiva financeira. 

De acordo com especialistas, o uso excessivo do regime temporário fragiliza a condição do professor e aumenta a rotatividade de profissionais, reduzindo a criação de vínculo com alunos e comunidade. Essas práticas dificultam a construção de projetos, pesquisas e acompanhamento pedagógico.

Evidente que não se pode equiparar os direitos do funcionalismo público com trabalhadores temporários. A grande questão é que o distanciamento, em termos de remuneração e reconhecimento, virou um verdadeiro fosso dividindo a categoria. 

Além da ampliação de vagas nos concursos públicos, faz-se necessário maior organização associativa desses profissionais. A mobilização pode alcançar direitos importantes como a contratação via CLT. O Ceará, estado referência em educação, poderia dar passos significativos nesse processo de valorização. É preciso ir além do discurso.

Com informações portal O Povo +

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