18 de julho de 2025

Lula diz que Trump não foi eleito "imperador do mundo"

Lula também discursou no 60º Congresso da UNE em Goiânia (Foto: Ricardo Stuckert)

Em entrevista à CNN Internacional, veiculada ontem (17/07) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi eleito para o governar o país dele, e não ser o "imperador do mundo".

"Nós não podemos ter o presidente Trump esquecendo que ele foi eleito para governar os Estados Unidos, e não para ser o imperador do mundo. Seria muito melhor estabelecer uma negociação primeiro, e depois alcançar um acordo possível, porque nós somos dois países que temos boas relações por 200 anos", afirmou Lula.

Segundo Lula, tanto a tarifa quanto a forma em que Trump usou para anunciar foram surpresas para o governo brasileiro. O presidente brasileiro também disse que falta, em Trump, um "pouco de multilateralismo na mente".

O presidente voltou a dizer que a afirmação de Trump de que os Estados Unidos sofrem prejuízos no comércio com Estados Unidos é falsa. Lula também declarou a Amanpour que, desde maio, o governo brasileiro envia propostas para a Casa Branca, mas foi "surpreendido" ao ver que a carta do líder americano não fez menção às alternativas citadas pelo petista.

Lula disse que o Brasil está pronto para negociar a tarifa imposta por Trump. O petista voltou a declarar que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica, recentemente regulamentada pelo Planalto.

O presidente brasileiro também afirmou que a tentativa de golpe de Estado que teria sido planejada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem precedentes.

"Ele não está sendo julgado pessoalmente, ele está sendo julgado pelos atos que tentou organizar um golpe de Estado. Ele ameaçou, secretamente, a morte, planejou a morte do vice-presidente, a minha e a de um ministro do Supremo Tribunal Federal", afirmou Lula.

Lula disse acreditar que Bolsonaro será condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu os ministros da Corte dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo Lula, os membros do Tribunal existem para defender a Constituição.

Lula também disse que o fato de Bolsonaro ser um adversário não é a motivação para acreditar que ele tentou aplicar um golpe. "Quem acusou Bolsonaro foi a Procuradoria-Geral da República (PGR), e o STF vai julgar", disse.

Atacando Bolsonaro, o presidente também disse para Amanpour que perdeu três eleições presidenciais (1989, 1994 e 1998) e nunca "levantou um problema".

Ainda em entrevista à CNN International, Lula disse que o Brasil vai, "no momento certo", dar a "resposta certa" à carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou na semana passada a imposição de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de agosto.

"No meu pronunciamento ao povo brasileiro, eu vou dizer o que estamos pensando sobre isso", afirmou Lula, em referência ao pronunciamento em cadeia de rádio e TV marcado para a noite desta quinta-feira. "Eu garanto que o Brasil não gosta de encrenqueiros, nem de confusões. O Brasil gosta de negociar em paz."

O petista negou que haja uma crise entre Brasil e Estados Unidos, reforçando a disposição de negociar com o governo americano sobre as tarifas. Mas destacou que a relação entre os países "não pode continuar assim". O presidente brasileiro também aproveitou para provocar o americano, dizendo que "não se considera um imperador" - um termo que a oposição a Trump vem usando para se referir a ele.

"Eu não me considero um imperador, para tomar uma decisão e publicá-la num jornal", disse Lula. "Quando eu li a carta de Trump, eu achei que era fake news. Quando eu vi a carta na mídia, eu pensei que era uma carta verdadeira assinada pelo presidente Trump."

Lula acrescentou que o Brasil é um "aliado histórico" dos Estados Unidos e valoriza as tradições econômicas entre os países, mas não vai "aceitar imposições".

Questionada sobre a fala de Lula, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump não busca ser "imperador" do planeta, mas enfatizou a força a influência.

"O presidente (Trump) certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre. E vimos uma grande mudança em todo o globo por causa da liderança firme deste presidente".

Lula diz que vai cobrar imposto das empresas americanas digitais

Ao discursar durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia, na noite de ontem (17/07) o presidente Lula afirmou que o Brasil vai "cobrar imposto das empresas americanas digitais".

Ele não especificou como isso aconteceria, mas a declaração se deu em meio a críticas do presidente sobre o ambiente digital e às reações à tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

"Ele Donald Trump disse: 'Eu não quero que as empresas americanas, as empresas de plataforma, sejam cobradas no Brasil'. Vou dizer uma coisa, o mundo tem que saber que esse País só é soberano porque o povo é soberano e tem orgulho desse País. Eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e cobrar imposto das empresas americanas digitais", afirmou o presidente.

Lula afirmou ainda que não aceitará que, em nome da liberdade de expressão, fiquem falando mentira, façam violência entre crianças, contra as mulheres, os negros, LGBTQIA. “Não vamos permitir, porque o dono do Brasil é o povo brasileiro. não vamos permitir que nossas crianças sejam vítimas de coisas de fora do nosso controle", completou.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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