24 de novembro de 2025

PÓS-COP30: Realidade e adaptabilidade, por Carol Kossling

A maior lição da COP30 seja sobre o agora, viver, adaptar, agir e se comprometer eticamente com o sustentável (Foto: Felipe Werneck)

A COP30 foi muito mais que uma conferência global do clima, no Brasil, no Pará e na Amazônia, ela se materializou como experiência viva, pulsante, onde meio ambiente, floresta, ancestralidade e os direitos de povos indígenas e quilombolas ganharam voz, centralidade e, desta vez, espaço concreto no documento final. Foi nesta COP que o texto reconheceu de forma explícita a proteção de defensores ambientais, o avanço nos indicadores de adaptação do GGA (os Belém Adaptation Indicators), a necessidade de financiamento para comunidades tradicionais e a valorização dos conhecimentos ancestrais como parte da resposta climática. A Amazônia finalmente não apenas discursou, ela escreveu.

Mas enquanto isso avançava, outra parte da conferência me levou de volta aos meus 12 anos, quando escrevi sobre “países ricos e países pobres”. Revisitei esse texto com mais nitidez e menos ilusões, aos 46 anos. O impasse sobre o financiamento climático evidenciou, mais uma vez, quem está de cada lado do tabuleiro, a União Europeia defendendo a eliminação progressiva dos fósseis; Brasil e pequenos Estados insulares puxando por mais ambição; Arábia Saudita, Rússia, Irã e países da OPEP travando qualquer menção mais firme ao fim do petróleo; e os Estados Unidos, novamente, se escondendo atrás de declarações vagas, evitando compromissos reais em financiamento e transição. Para mim isso vai além do negacionismo.

Saio da COP30 entendendo que a ciência fez seu trabalho, calculou, projetou, alertou e enfatizou, com o primeiro espaço oficial em COPs, que sem a redução dos combustíveis fósseis, 2040 é um cenário que não nos inclui plenamente. Os países ricos sobreviverão, financiarão suas cidades verdes, seus carros híbridos, sua resiliência comprada com o dinheiro acumulado justamente da exploração dos fósseis que agora silenciam.

Nós, não. E por isso, talvez, a maior lição da COP30 seja sobre o agora, viver, adaptar, agir e se comprometer eticamente com o sustentável. Porque, se depender dos grandes, apenas eles sobreviverão. A nós resta construir outro caminho, mais justo, mais verdadeiro, mais coletivo. Adaptável!

Mulheres em pauta

Integrantes do Grupo Mulheres do Brasil participaram do painel “Estratégias de Combate à Violência contra Mulheres e Meninas – Agenda Mulheres, Paz e Segurança” na COP30, reforçando a necessidade de integrar gênero às políticas climáticas. A CEO Alexandra Segantin destacou a missão de colocar mulheres no centro das decisões e ampliar sua presença em espaços de liderança. O grupo também busca dar protagonismo a vozes indígenas, quilombolas, negras, periféricas, jovens e LGBTQIA+. Para a presidente Luiza Helena Trajano, a COP30 é vitrine das ações já conduzidas por mulheres em seus territórios. A atuação do grupo se apoia em cinco eixos: participação feminina nas decisões climáticas; proteção em contextos de crise; financiamento de soluções lideradas por mulheres; políticas públicas com recorte de gênero; e valorização de saberes ancestrais.

Economia verde

O Governo do Brasil lançou na segunda semana da Conferência Mundial do Clima o Empreender Clima, plataforma de apoio aos micro e pequenos empreendedores na transição para uma economia verde e de baixo carbono. A ferramenta digital reúne informações, conteúdos de capacitação e condições facilitadas de crédito verde com juros reduzidos. As taxas começam em 4,4% ao ano, com financiamento de até 100% para projetos sustentáveis

Rapidinhas da COP30

A Seguros Unimed anunciou, na Casa do Seguro CNSeg, apoio ao Programa de Patrocínio e Monitoramento de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e o compromisso de compensar mais de 500 toneladas de CO₂ geradas por suas operações. A iniciativa é fruto de parceria inédita com a Fundação Biodiversitas e a startup 6BIOS, para ampliar a eficiência na conexão de recursos destinados aos protetores ambientais.

O Grupo JCPM apresentou em agenda oficial, na Blue Zone, o case de sustentabilidade com os resultados do reflorestamento de 2,53 hectares, em Recife, no entorno do RioMar, na Bacia do Pina, área de um antigo aterro industrial. E, ainda, participou de painel sobre Comércio Sustentável, junto com a Associação Brasileira de Shoppings, comentando experiências de descarbonização das operações, fortalecimento de cadeias de suprimentos resilientes ao clima, financiamento da inovação verde e engajamento dos consumidores em escolhas mais sustentáveis. Os shoppings do Grupo JCPM usam 100% de energia de fontes renováveis certificadas (I-REC) e o encaminhamento de 70% dos resíduos recicláveis para cooperativas locais.

A CS Global intensificou o planejamento logístico para prestar serviços durante a COP30. Para atender a todos os eventos com autoridades nacionais e internacionais, foi disponibilizada uma frota de 50 veículos blindados, híbridos e vans, além de motoristas bilíngues e uma operação de segurança exclusiva para o evento. Também preocupada com a sustentabilidade, a empresa conta com uma frota de 30 carros híbridos e elétricos, além de ser signatário do Pacto Global da ONU e ser a primeira do segmento a ter o selo de empresa humanizada.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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