8 de novembro de 2025

As divisões no bloco de oposição, por Érico Firmo

A construção é complexa e os envolvidos sabem disso (Foto: Reprodução/Instagram)

Coalizões costumam ser ecléticas, é a natureza delas. Umas mais e outras menos. Na base governista estadual, há diferentes forças em busca de espaços, principalmente nas candidaturas ao Senado. Há o PSB de Cid Gomes, o PSD de Domingos Filho, o MDB de Eunício Oliveira, o Republicanos de Chiquinho Feitosa, o Progressistas do clã Albuquerque — que está em federação com o União Brasil, que está no bloco de oposição. O PT mesmo tem diferentes grupos. Formação de alianças entre diferentes é mais comum para quem é situação e precisa de governabilidade. Mas, em um estado com as características políticas do Ceará, é natural que a oposição busque um arco amplo, e diversificado, para ser competitiva. 

Quando José Airton Cirilo (PT) se tornou a primeira ameaça real ao grupo de Tasso Jereissati (PSDB), em 2002, reuniu no segundo turno uma frente que contava com Eunício Oliveira, Sergio Machado, Welington Landim, Moroni Torgan e outros mais. Naquela ocasião, as forças oposicionistas se uniram ao PT contra o PSDB, de quem a maioria deles havia sido aliada. Agora, a união ocorre provavelmente em torno do PSDB, com Ciro Gomes, contra o PT, partido do qual o próprio Ciro e Roberto Cláudio eram aliados até 2022.

Como mencionei acima, o governismo costuma ser mais eficaz na formação dessas amálgamas. Porém, a oposição avançou de forma substancial do ano passado para cá. Grupos que se fragmentaram em três candidaturas na eleição para a Prefeitura de Fortaleza agora estão juntos. Mas há ainda barreiras a superar.

O União Brasil está dividido internamente entre a direção oposicionista e parte dos parlamentares que são base. A federação União Brasil-Progressistas tem ainda este último como situação. No plano nacional, uma das estrelas do União Brasil, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, trava polêmicas públicas com Ciro Nogueira, presidente do Progressistas.

No PL, há também segmentações internas. O partido é hoje controlado por André Fernandes, mas o deputado estadual Carmelo Neto se move de forma autônoma. A vereadora Priscila Costa se articula com apoio de Michelle Bolsonaro com objetivo de concorrer a senadora, o que não está em sintonia com a intenção de André de eleger o pai, Alcides Fernandes, para uma das vagas. E há ainda Eduardo Girão (Novo), que defende uma candidatura conservadora raiz e não concorda em dar a cabeça de chapa a políticos que apoiaram Camilo Santana (PT) — casos de Ciro ou Roberto Cláudio.

A construção é complexa e os envolvidos sabem disso. Mas o processo avança bem. E também não é necessário que uma chapa seja o paraíso da unidade. Nenhuma nunca é.

Obviamente, em caso de vitória, diferenças simples agora precisam ser esmerilhadas, como diz Ciro Gomes. Mas esse não é problema para agora.

É melhor sofrer no poder do que longe dele, ensinou Antônio Carlos Magalhães depois da última e maior derrota eleitoral.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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