4 de abril de 2010

Cabo Anselmo, "O Anjo da Morte"


No dia 05 de julho de 2007, o Programa Linha Direta da Rede Globo de Televisão, trouxe ao grande público um caso polêmico que envolvia a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. O caso se referia a José Anselmo dos Santos, mais conhecido com Cabo Anselmo, ex-militante da esquerda armada e que posteriormente aderiu à repressão e passou a ser considerado o inimigo nº.1 daqueles militantes armados do pós-64. Especula-se que centenas tenham morrido devido à sua atividade espiã.

O programa televisivo esforçara-se para apresentar os fatos de uma forma pretensamente imparcial, trazendo versões conflitantes, onde os pontos de vista eram contextualizados pela fala de um historiador. Nada mais emblemático para uma história do tempo presente. Testemunhas, batalhas pela memória, opinião pública, mídia, polêmicas. É o historiador presente nos embates de seu tempo impulsionado por uma demanda social.

Não era a primeira vez que esse personagem aparecia no centro do debate político pós-64. Pelo menos em cinco momentos distintos ele “surgira” em médios e grandes veículos de comunicação escrita e televisiva, reacendendo paixões ocultadas, reabrindo feridas e despertando interesse da opinião pública.

Esta nova aparição, quarenta e três anos após ter ficado conhecido nacionalmente, viera confirmar o protagonismo a que foi elevado o marinheiro Anselmo, por ser o presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) e ter surgido como uma jovem promessa de liderança da esquerda no contexto do Golpe Civil-Militar de 1964. O problema é que o marinheiro Anselmo não estava só. Vários cabos, marinheiros, grumetes e fuzileiros navais lutavam para o crescimento e a consolidação de sua Associação e tiveram atuação destacada, sendo, por essa atividade, expulsos, licenciados, processados e perseguidos pela Marinha devido a esse engajamento político naquela conjuntura.

São esses personagens que, com a aprovação da Lei de Anistia de 1979 tentarão resgatar sua cidadania, reaver sua identidade e pleitear reparações, mas esbarrarão numa intencional interpretação da lei contrária a seus interesses, isso tudo tendo a Marinha como principal interessada em não atender aos anseios legítimos, resultado de um claro preconceito de classe, pois o tratamento dado a oficiais que requereram a anistia foi muito diferente do oferecido aos subalternos. Analisar o processo de Anistia desses personagens é o objeto deste trabalho.

Leia mais:
"Memórias Submersas: marinheiros de 1964 e a luta pela anistia no Brasil pós-ditadura" de Anderson da Silva Almeida.

Enviado por Juraci Rufino de Oliveira

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