19 de abril de 2010

Os deuses da Mitologia Tupi-Guarani

Deus do Trovão Tupã  e a deusa da Lua Jaci em desenhos de Vinicius Galhardo

A mitologia tupi-guarani é o conjunto de narrativas sobre os deuses e espíritos dos diversos povos tupi-guaranis, antigos e atuais. Juntamente com as cosmogonias (narrativas de criação do universo), as antropogonias (sobre a criação da humanidade) e os rituais são parte das religiões destes povos.

A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Tupã, o Senhor do Trovão. Com a ajuda da deusa da Lua Jaci (ou em outras versões, Araci), Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Areguá, no Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento. Tupã, então, criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.

Já segundo o mito de Ñane Ramõi Jusu Papa, este teria criado sua esposa, Ñande Jari ou "Nossa Avó", a partir de seu diadema, mas teria logo brigado com ela e ameaçado destruir o mundo. Só não o destruiu porque foi contido pelo cântico sagrado de sua esposa, entoado com o acompanhamento do takuapu, um pedaço de taquara de 1,10 metro de comprimento que é percutido no chão. Até hoje, o takuapu é o instrumento musical das mulheres guaranis, que acompanha musicalmente o toque das maracas dos homens.

Os mbyá-guaranis possuem uma compilação de mitos em forma de cantos sagrados denominada Ayvú Rapyta ("Os Fundamentos do Ser"), que foi coletada e publicada primeiro pelo etnólogo Léon Cadogan em 1953[5] e traduzida por outros antropólogos posteriores, como Pierre Clastres (1990) e Kaká Werá Jecupé, este último tendo adaptado a tradução poética em seu livro Tupã Tenondé (2001), com base em sua ascendência e convivência indígena em aldeias guarani desde a década de 80, coletando relatos orais dos caciques.

Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo guarani. O segundo filho foi Marangatu, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete monstros legendários do mito guarani. Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas. Ele, finalmente, cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressuscitado como um caranguejo, e, desde então, todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.

Entre as filhas de Rupave e Sypave, estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros lendários, diminuindo seu poder (e, portanto o poder do mal como um todo).

Já segundo o mito de Ñane Ramõi Jusu Papa e Ñande Jari, estes teriam gerado Ñande Ru Paven ("Nosso Pai de Todos") e sua esposa Ñande Sy ("Nossa Mãe"). Estes, por sua vez, teriam gerado os irmãos Pa'i Kuara e Jasy. Pa'i Kuara teria dado origem aos guaranis caiouás.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre

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