14 de abril de 2024

Máquinas políticas, as primeiras na fila do voto, por Emanuel Freitas da Silva

Estamos a meses de mais um pleito. Desta vez, escolheremos vereadores e prefeitos/as das cidades brasileiras. Escolheremos, por óbvio, a partir de escolhas que já foram realizadas por partidos, segundo a ação que lhes convém constitucionalmente.

Eleições se constituem como momentos em que a população é mobilizada, depois de meses de campanha, a expressar sua escolha por meio do voto livre, mecanismo através do qual a democracia se legitima e se consolida, embora seja um entre tantos outros que fazem com que esse regime perdure no tempo.

Contudo, a cada pleito observamos movimentos outros: as máquinas buscam chegar antes à urna. Máquinas partidárias, que operam para silenciar vozes dissidentes ou que ameacem a hegemonia de oligarquias internas. Não seria esse o caso do PT, do PDT e do PL no Ceará, cada um a seu modo e por razões distintas?

Podemos dizer isso ao observarmos os principais movimentos por aqui. A máquina estadual, regida pelo PT de Camilo, procedeu com a filiação de inúmeros prefeitos, vereadores e lideranças que nada tinham a ver com a história e com a ideologia do partido, mas que estavam seduzidos pela sombra do trono. Com isso, mesmo candidaturas "naturais", como a de Julinho em Maracanaú e a de Luizianne em Fortaleza, são ameaçadas pelo aliancismo exacerbado. Ou mesmo candidaturas nada "naturais" são tiradas da cartola para fazer com que o poder estadual seja ampliado.

A queda de braço no interior do PDT, que produziu desfiliações, intrigas familiares e formatação de uma oposição governista ao estado, levou-nos de volta a 2012, quando prefeitura de Fortaleza e governo do Estado mobilizaram suas máquinas à candidaturas opositoras. Daí, a guerra de posições se desenrola à vista. Demissões, nomeações, retaliações, filiações, desfiliações: um sem número de mecanismos são postos em prática para fazer valer o poder das máquinas de poder em nome da manutenção ou da conquista. Nesse movimento, amigos viram adversários, e inimigos viram aliados.

Da parte da oposição, representada sobretudo pelo PL, observamos, depois do esvaziamento do poder concentrado outrora em Acilon, o investimento (a fome de poder) do "conservadorismo" para alcançar o maior número de assentos no Legislativo e de entrar com competitividade nas principais cidades, utilizando-se daquilo que melhor detém: a herança bolsonarista que se expressa, sobretudo, nos fundos partidário e eleitoral do PL.

Até que outubro chegue, antes de chegarmos às urnas, lá estarão, de sentinela, cada uma das máquinas a tentar escolher, antes, aquilo que deveríamos escolher. E assim será na eleição seguinte, também.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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