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Apesar do afastamento recente, Cid não deixou de elogiar bastante Ciro (Foto: Rodrigo Carvalho) |
Para o ex-governador do Estado, caso Ciro resolva ser candidato ao governo ao lado de figuras ligadas ao bolsonarismo, ele não subirá nesse palanque. "Seria para mim um grande constrangimento, e eu digo mais: eu não estarei nesse palanque", afirmou.
Questionado se, mesmo em caso de candidatura contra o irmão, continuaria apoiando a reeleição de Elmano (PT), o senador afirmou que "o natural é isso", reiterando esperar que Ciro concorra mais uma vez à Presidência.
"Eu torço muito para que o Ciro cumpra a tarefa dele, que é atuar na política nacional", disparou. Recentemente, Elmano afirmou acreditar que Cid o apoiaria mesmo na possibilidade de enfrentar o irmão Ciro.
Reunião
com Ciro
Cid disse que esteve, já este ano, por duas vezes reunido com o irmão, com que rompeu politicamente em 2022. "Amigos comuns quiseram, se esforçaram e tal, eu sempre estive disponível. Tentei várias vezes, no começo, com meus irmãos mesmo, sentar, mas ele não quis. Passaram foi a me chamar de traidor, na sequência da eleição. Mas, como eu não guardo mágoa, eu o respeito profundamente - e esse respeito existirá sempre pelo Ciro - eu digo para o Ciro os defeitos que eu acho que ele tem, digo sincera, franca e lealmente, mas você não vai me ouvir falar mal do Ciro", explicou.
Menos
polarização
Segundo Cid, nessas oportunidades, disse para o irmão que, pelo faro que tem, vê a situação do país hoje um pouco diferente do que há quatro anos.
"Se separar a votação que o Lula e o Bolsonaro teve, acho que sobrou 8% dos votos. Apenas 8%, ou seja, 8 em cada 100 brasileiros estavam com um pensamento diferente dessa coisa polarizada. Eu acho que, seguramente pelo meu faro, hoje esse percentual supera 20%. Acho que, de cada 100 brasileiros, mais de 20 estão cansados dessa coisa de, ou é Lula ou é Bolsonaro, ou é Bolsonaro ou é Lula. Não tem vida inteligente no país, fora dessas duas coisas? Eu acho que tem muita gente no Brasil pensando. E disse para ele: olha, essa é a melhor oportunidade, muito melhor do que a anterior, para você ser candidato", confessou.
Cid chegou a brincar que o irmão respondeu sisudamente que não seria candidato a presidente, demonstrando mau humor. "Ciro é sempre muito abusado. Eu digo, 'homem, melhora esse teu humor, rapaz'. Sorria, essa é uma lição do Che Guevara, que dizia 'hay que endurecer, pero sin perder la ternura, jamás'. Você pode dizer coisas duras, falar coisas francas, com sinceridade, sem estar com ódio no coração, raiva do mundo, não é? Ser simpático é, inclusive, uma forma de atrair a atenção das pessoas. Se você tem aquela cara durona o tempo todo, as pessoas não vão nem olhar o que é... vão fica é com raiva de você", afirmou.
Elogios
ao irmão
Apesar do afastamento recente, Cid não deixou de elogiar bastante Ciro durante a fala, afirmando que o irmão mais velho associa honestidade e competência como gestor, algo raro na política.
"Poucos brasileiros são tão competentes, capazes, de falar, de expor uma ideia, e de praticar. Tem muita gente que tem muito papo, muito lero-lero, mas quando você dá uma experiência de gestão para ela, eles não fazem coisa nenhuma. E muitas vezes são desonestos. O Ciro, ele consegue associar as duas coisas, ele é um excelente orador, coloca bem as suas ideias e é um gestor também. Então, eu acho que ele, sendo candidato a presidente, teria muito mais oportunidade", explicou.
Para
vencer a eleição?
O próprio Cid completa, afirmando achar difícil que Ciro possa vencer uma eleição no ano que vem, mas acredita que possa fazer a diferença, sem deixar de cobrar um posicionamento em um eventual segundo turno.
"Para ganhar a eleição? Muito pouco provável, mas para ser uma pessoa fundamental - o Brasil adota esse sistema de dois turnos - na decisão na sequência. E eu digo para ele, mas é para atuar no segundo turno, não é para ir embora para a França, não, e deixar o mundo pegando fogo", completou.
(Des)alinhamento
Cid não deixou de criticar o irmão pela recente aproximação com parlamentares ligados ao bolsonarismo. Segundo ele, o irmão está se aliando “ao que há de mais atrasado” na política cearense.
“Eu tenho uma absoluta afinidade com ele na questão nacional, mas na questão estadual eu discordo profundamente do rumo que tem tomado essa coisa de se aliar ao que há de mais atrasado na política do Ceará”, afirmou.
Para o senador, discordar dos rumos da política atual do Estado não justifica uma aproximação com forças antagônicas ao que sempre defendeu.
"Eu acho que o fim não justifica os meios. Eu sempre achei isso. Você tem que ter coerência. E eu sinceramente não me enxergo ao lado de... Como é que são o nome das figuras aí? André Fernandes, Wagner, Reginauro, Carmelo Neto. Me perdoe, né? Eu não consigo me enxergar ao lado dessas pessoas", afirmou.
Ciro
candidato ao governo?
Recentemente, em entrevista na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), Ciro reforçou ter a preferência de que o candidato do bloco ao Governo do Estado seja Roberto Cláudio (PDT). Mas, aos parlamentares, diferentemente do que disse na entrevista, o pedetista sinalizou aos aliados de que, caso necessário e tenha mais viabilidade, pode ele mesmo disputar o governo do Ceará contra o PT.
Após isso, o ex-presidenciável recebeu elogios de ex-adversários, como André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União). Nos bastidores, o que se ouve é que a candidatura de Ciro estaria "criando corpo".
Na mesma entrevista na Alece, Ciro disse também não guardar mágoas de Cid, mas foi duro ao dizer que Cid é "cúmplice da tragédia no Ceará".
Publicado
originalmente no portal O Povo +
Leia também:
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