21 de outubro de 2021

No Ceará, Bolsonaro diz que CPI só produziu "ódio e rancor"

Durante sua passagem pelo Ceará o presidente Bolsonaro repetiu quase todas
as condutas das quais é acusado pelo relator da CPI (Foto: Aurélio Alves)

Em visita ao Ceará no dia em que se tornou alvo de pedido de indiciamento por parte do relatório da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ontem (20/10) que a comissão do Senado não produziu nada além de "ódio e rancor".

"Como seria bom se aquela CPI estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil", afirmou o chefe do Executivo durante cerimônia no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe, onde assinou ordem de serviço para obras hídricas no valor de R$ 600 milhões.

Segundo ele, os parlamentares membros da comissão "tomaram tempo de nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários" e "nada produziram a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós".

O presidente então se defendeu: "Mas nós sabemos que não temos culpa absolutamente de nada, sabemos que fizemos a coisa certa desde o primeiro momento".

Lido ontem pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), o relatório da CPI acusa Bolsonaro da prática de nove crimes no curso da pandemia, entre eles crime de responsabilidade, contra a humanidade, de epidemia, charlatanismo e prevaricação.

Ao todo, 66 pessoas foram objeto de solicitação de indiciamento pelo relator, entre ministros e empresários, num total de 23 tipos penais. A votação do relatório está prevista para terça-feira da semana que vem, dia 26.

Depois disso, o documento, se aprovado, é encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Câmara dos Deputados, a quem compete eventualmente instaurar procedimentos de investigação contra o presidente, caso julguem procedentes as suspeitas.

Durante sua passagem pelo Ceará, a quarta desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro repetiu todas as condutas das quais é acusado pelo relator da CPI. Promoveu aglomerações, desrespeitou normas sanitárias, dispensou uso de máscara, fez defesa de medicamentos ineficazes contra a doença, como cloroquina e ivermectina, condenou a obrigatoriedade de vacinas e criticou a política de isolamento social proposta pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e adotada em larga medida por governos e prefeituras.

"No momento em que ninguém sabia como tratar aquela doença", declarou o presidente, "eu tive a coragem de me apresentar, depois de ouvir muita gente, em especial médicos, para uma possível solução, e, obviamente, essa solução calcada na autonomia do médico brasileiro".

Em seguida, Bolsonaro pediu aos presentes: "Quem tomou cloroquina ou ivermectina, levanta a mão? Obviamente vocês foram orientados por um médico. Alguns achavam, como meu ex-ministro Mandetta, que você deveria ir para casa e, quando sentisse falta de ar, procurasse o hospital. Procurar o hospital pra quê, se já está quase morrendo?"

E, dirigindo-se novamente à plateia, completou: "O médico é que deve orientar e receitar para cada um de vocês. Se não tem o remédio específico (contra a Covid), o médico, segundo o Conselho Federal de Medicina, tem essa liberdade de buscar uma alternativa ouvindo o paciente".

O que a CPI revelou em seis meses de investigações, no entanto, foi que planos de saúde no Brasil passaram a pressionar e constranger profissionais médicos para que prescrevessem o chamado kit Covid, defendido pelo presidente, mas cuja ineficácia contra o coronavírus é comprovada.

A operadora de saúde Prevent Senior, por exemplo, é arrolada entre os pedidos de indiciamento do colegiado de senadores, sob a suspeita de fraude e outras irregularidades. Outros planos também foram citados por senadores por replicarem protocolos da Prevent.

Já sobre a vacina, Bolsonaro, mais uma vez, postulou a não obrigatoriedade da imunização e atacou o passaporte vacinal. "Para nós, a vacina é voluntária, não concordamos com a obrigatoriedade da mesma, assim como não concordamos com o passaporte vacinal. A liberdade é um bem sagrado", acrescentou.

Entre os parlamentares cearenses que acompanharam a agenda de Bolsonaro em Russas, estavam os vereadores Priscila Costa (PSC), Julierme Sena (Pros) e Carmelo Neto (Republicanos), os deputados estaduais André Fernandes (Republicanos) e Delegado Cavalcante (PTB) e o deputado federal Jaziel Pereira (PL).

O deputado estadual Soldado Noélio (Pros) esteve no evento, mas não fez parte do grupo de deputados que participaram da cerimônia ao lado de Bolsonaro, no palco montado na praça principal de Russas.

Além dos deputados cearenses, integraram a comitiva presidencial a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que estava ao lado do marido, o comandante da Força Nacional Aginaldo Oliveira, e os ministros Augusto Heleno (GSI) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

Com informações portal O Povo Online

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