14 de abril de 2022

"Medida Provisória": filme de Lázaro Ramos estreia nos cinemas de Fortaleza

O filme teve sua pré-estreia no Cineteatro São Luiz (Foto: Fernanda Barros)

“Medida Provisória”, que marca a estreia de Lázaro Ramos como diretor de um longa-metragem, está em cartaz nos cinemas de Fortaleza. O filme, que mistura elementos de drama, ação e humor, aborda a luta antirracista a partir de uma realidade distópica do Brasil.         

Com um elenco majoritariamente negro, produção teve sua pré-estreia em Fortaleza ontem (13/04) com a presença de Lázaro Ramos que conversou com o público e refletiu sobre as temáticas abordadas na história.

No enredo, o governo brasileiro decreta que todos os cidadãos negros serão obrigados a migrar para a África. Neste contexto, o casal Capitú (Taís Araújo) e Antonio (Alfred Enoch), junto com o primo André (Seu Jorge), dialogam sobre questões sociais e raciais e compartilham de anseios de mudança. Trabalho também marca a estreia do rapper Emicida como ator.

O roteiro foi baseado na peça “Namíbia, Não!”, escrita pelo dramaturgo Aldri Anunciação. “Comecei a dirigir pensando em passar o bastão para outra pessoa. Quando eu vi, já estava apaixonado, já estava envolvido por essa possibilidade de fazer um filme que fala sobre um tema que tem sido discutido, mas pouco filmado, e, além de tudo, em um formato que misturava gêneros”, explicou Lázaro Ramos em entrevista exclusiva ao O POVO.

O longa-metragem é uma distopia, mas o diretor revela que fica constrangido em definir seu projeto dessa forma. “Hoje eu já fico até constrangido de dizer que esse filme é uma distopia. Eu não sei se ele é mais uma distopia”, reflete.

“Em 2015, quando a gente escreveu, ele era uma distopia, era uma lente de aumento, era um alerta. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram similares ao que têm no filme e algumas até piores e mais cruéis. Foram coisas inimagináveis, que a gente, na ficção, nem pensou”, afirma.

Durante seu processo de lançamento, “Medida Provisória” sofreu uma série de atrasos, ataques e tentativas de boicote. A Agência Nacional de Cinema (Ancine), por exemplo, demorou mais de um ano para liberá-lo. Um mês antes de sua estreia oficial, o órgão que regulamenta a indústria cinematográfica ainda não tinha dado um parecer, e a equipe de produção precisou se manifestar publicamente sobre o assunto. O filme teve que ser adiado quatro vezes.

Em março do ano passado, Sérgio Camargo, então presidente da Fundação Palmares, tentou boicotar a veiculação. “O filme, bancado com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo. Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente”, escreveu em suas redes sociais. Ele chegou a apagar a publicação, mas reforçou: “não vi e não gostei”.

Nas últimas semanas, Mário Frias, que foi secretário da Cultura de Jair Bolsonaro, e o deputado Eduardo Bolsonaro também fizeram ataques à produção. Um dos principais alvos foi Taís Araújo, que faz parte do elenco, e criticou o atual governo em entrevistas recentes.

Com informações portal O Povo Online

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