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| Mapa Geológico e da Mineração do Estado do Ceará (Foto: Reprodução/ADECE) |
Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) indicam mais de mil pesquisas ao longo dos últimos 20 anos na Região. Mas, apenas em 2025, o número de requerimentos de pesquisa chega a 110, enquanto que as autorizações de pesquisa somam 145.
Os processos representam mais da metade dos 208 requerimentos feitos no ano em todo o País e também das 2012 autorizações de pesquisas emitidas desde janeiro, segundo a ANM. O movimento nos birôs da autarquia sinaliza que há indícios de terras raras na Região e, principalmente, há investidores de olho neste nicho.
Usados na fabricação de chips e ímãs em diversos setores produtivos - como smartphones, TVs, eletrodomésticos e veículos -, os minerais de terras raras são cobiçados pelos principais players mundiais e estão como assunto recorrente na pauta de negociações do Brasil com os Estados Unidos e a China.
No Nordeste, em 2025, Pernambuco é onde se vê maior interesse em terras raras. Foram 39 requerimentos e outras 53 autorizações de pesquisa no ano até agora. Em seguida, atestam os dados da ANM, está a Bahia, com 30 requerimentos e 49 solicitações. Alagoas fecha o pódio no ano, com 10 requerimentos e 38 autorizações.
O Ceará conta com 14 requerimentos e uma autorização no ano. Atrás do Piauí - 12 e 3, respectivamente - e acima da Paraíba - uma solicitação para cada tipo de processo. Já o Rio Grande do Norte possui 4 requerimentos, enquanto Maranhão e Sergipe não possuem registros.
Atrás dos chineses, que possuem 49% das reservas mundiais, o Brasil é apontado como o segundo de maior potencial de exploração, com 23% das reservas.
Cálculos feitos pelo serviço geológico americano e apresentados pelo governo brasileiro apontam a presença de 35 bilhões de toneladas de terras raras em território nacional. Estrategicamente, a União diz observar a exploração desses minérios como um passo rumo à liderança científico-tecnológica internacional.
E
mais uma vez se abre uma possibilidade de investimento robusto que pode
transformar a realidade socioeconômica da Região. Afinal, estimativas do
mercado apontam aplicações de US$ 8,42 bilhões em terras raras em 2024 com uma
projeção de chegar até US$ 19,6 bilhões em 2032. Investimentos que incluem
exploração e beneficiamento desse material - prática essencial para não tornar
o Brasil mais uma vez um exportador de commodity.
Fortescue pesquisa minerais críticos no Ceará
A australiana Fortescue ampliou a atuação no Brasil e pesquisa os chamados minerais críticos em diversos estados do País. No território cearense, as atividades são concentradas na região do Cariri. Os projetos Aratama e Alegre são desenvolvidos nas cidades de Altaneira, Assaré, Farias Brito, Cedro, Várzea Alegre "outros municípios próximos."
O trabalho já tem mais dois anos de execução. A empresa é a mesma que projeta o investimento de US$ 5 bilhões no Complexo do Pecém para a construção de uma planta de hidrogênio verde - cujo projeto é considerado o mais avançado entre os seis pré-contratos assinados.
"No Ceará, o objetivo é pesquisar se há minerais críticos que possibilitem a produção de painéis solares e turbinas eólicas para a produção de energia solar e eólica, contribuindo para fontes de energia mais limpa que não emitam gases de efeito estufa e não causem impactos no meio ambiente, assim como a planta de H2V no Pecém", respondeu a empresa à coluna.
Há registros na Agência Nacional de Mineração (ANM) de autorização para a Fortescue pesquisar, especialmente cobre, em cidades do Ceará e também Goiás, Paraíba e Rio Grande do Norte desde 2021 - com permissões de pesquisa já neste ano.
A empresa não revela, no entanto, se já encontrou indícios que valham a pena minerar e observa que a "fase de pesquisa é longa, leva em média entre 10 e 15 anos, até conhecer o potencial mineral da região."
Classificado como inicial, o trabalho consiste na coleta de amostras feita durante o processo de perfuração para análise e, em seguida, enviadas para laboratórios para perceber se têm mineralização. Uma autorização da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) foi concedida à empresa para desempenhar o trabalho.
"Atualmente, estamos realizando o Multicadastro e, quando necessário, a inscrição de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR), para coletar informações da área e atender às regulamentações locais. Ambos cadastros são exigidos para esta etapa do projeto pela autoridade ambiental local, a Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente)", detalha o site da empresa dedicado ao projeto.
Conhecida no Brasil pelo projeto de hidrogênio verde, a empresa teve a nova atividade sob holofotes em novembro do ano passado, quando o bilionário Andrew Forrest esteve em Juazeiro do Norte. Na ocasião, ele voltava de Brasília, onde esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e deixou vazar que estaria visitando a cidade para possíveis investimentos.
Os trabalhos desenvolvidos ao longo de dois anos requerem profissionais de pesquisa mineral, ambiental e social. Segundo a mineradora, sete pessoas foram contratadas. Mas a coluna apurou que, a partir das atividades terceirizadas, somam cerca de 60 profissionais atuando nas pesquisas de minerais no interior do Ceará.
Autoridades políticas de Várzea Alegre e Altaneira já receberam esses profissionais para detalhamento das atividades. O impacto ambiental nos municípios foi classificado como mínimo e o econômico se dá pelos serviços contratados, como alimentação, hospedagem, combustível, manutenção e logística.
"A
pesquisa de minerais críticos também é uma ação transversal da cadeia produtiva
de valor do hidrogênio verde não só local e nacional, mas também internacional,
uma vez que a Fortescue está liderando a revolução industrial verde,
construindo um portfólio global de projetos de hidrogênio verde e amônia verde
renováveis e soluções de tecnologia verde", finaliza a nota.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
Ceará é um dos 2 estados de maior investimento da China no Nordeste

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