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| Trump cumprimenta Lula durante encontro em Kuala Lumpur, na Malásia (Foto: Ricardo Stuckert) |
O encontro amistoso entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, em Kuala Lumpur (Malásia) despertou expectativas para o fim do tarifaço imposto pelos americanos a produtos brasileiros e que impactou em cheio a balança comercial do Ceará.
A reunião aconteceu por volta das 4h40 (horário de Brasília). Foi o primeiro encontro substancial entre os dois líderes desde setembro e ocorreu no contexto da imposição das tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras e sanções contra autoridades brasileiras. Ao longo dia, a repercussão foi positiva.
Após o encontro, Lula e Trump concordaram que suas equipes se reuniriam imediatamente para buscar soluções para as tarifas e sanções, conforme confirmou o presidente brasileiro em postagem nas redes sociais.
“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras, disse o presidente Lula.
A Casa Branca também publicou nas redes sociais uma foto do encontro. Na postagem, Trump diz que foi uma honra se reunir com Lula e declarou que eles estão preparados para realizar bons acordos.
“É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acredito que seremos capazes de fazer bons acordos para os dois países. Nós sempre tivemos boas relações. Acredito que isso vai continuar”, declarou Trump.
"Bons
acordos"
Na primeira parte do encontro, Lula e Trump falaram com os jornalistas por cerca de 10 minutos. Durante as breves declarações à imprensa, Trump manifestou esperança em fazer "bons acordos" e Lula enfatizou que não há motivo para desavenças entre as duas nações.
"Nós vamos discutir (tarifas) um pouco. Nós sabemos que nós nos conhecemos. Nós sabemos o que cada um quer", disse Trump. Após a reunião, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, informou em coletiva que a reunião "foi muito positiva" e que os dois países concordaram em negociar o tarifaço imposto ao Brasil.
Reunião
imediata
O resultado mais concreto da reunião, que durou cerca de 50 minutos, foi o acordo mútuo para iniciar negociações imediatas sobre questões comerciais e sanções.
Os presidentes acertaram que as suas equipes "vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras".
Os países concordaram em negociar o "tarifaço" de 50% imposto à exportação de produtos brasileiros para os EUA. Mauro Vieira, afirmou que a reunião foi "muito positiva" e que ambos os países concordaram em negociar essa taxação.
Segundo Vieira, Trump disse que daria instruções à sua equipe para iniciar um processo de negociação bilateral ainda hoje. A grande expectativa do governo brasileiro é que, durante a negociação bilateral, as tarifas venham a ser suspensas.
O Brasil espera "em pouco tempo agora concluir uma negociação bilateral que trata de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil", de acordo com o chanceler Mauro Vieira.
Em julho deste ano, Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos. Em seguida, ministros do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvo da revogação de vistos de viagem e outras sanções pela administração norte-americana.
Diálogo
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, também destacou o caráter franco do diálogo. “O diálogo foi franco, o presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil por conta do superávit da balança comercial para os Estados Unidos”, afirmou.
Rosa ressaltou ainda o papel estratégico do Brasil na região: “O Brasil tem um papel muito importante na América do Sul, por isso também nos colocamos à disposição para colaborar com os Estados Unidos nos outros temas que possam ser pertinentes.”
Lei
Magnitsky
Durante o encontro, Lula também citou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação da lei em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro é “injusta”, uma vez que “respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”.
A reunião contou também com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio; do secretário do Tesouro, Scott Bessent; e do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer.
Repercussão
Após o encontro, diversas entidades classistas se manifestaram.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que o encontro representou um avanço no sentido de reverter o tarifaço imposto ao Brasil pelo governo americano. Ricardo Alban, presidente da entidade, afirmou acreditar que será construída uma solução capaz de devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras.
"O diálogo entre os dois líderes representa um avanço concreto nas tratativas bilaterais e reforça o compromisso de ambos os governos com a construção de soluções equilibradas para o comércio entre Brasil e Estados Unidos", diz a nota da CNI.
O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), Abrão Neto, pediu que intensificação das negociações leve a um acordo bilateral com agilidade.
Um dos principais setores afetados pelo tarifaço, a indústria do café também demonstrou otimismo com o encontro. A Associação Brasileira do Café (Abic) disse que espera uma "reavaliação técnica" das tarifas impostas ao café, produto agrícola que o Brasil mais exporta aos EUA.
Entidade que representa outro setor fortemente afetado, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) também avaliou de forma positiva a reunião e disse acreditar A associação disse acreditar que o entendimento entre os dois países pode preservar a competitividade do produto brasileiro e garantir previsibilidade aos exportadores.
Já a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse que, neste momento, tem um "otimismo comedido" em relação à reunião e que espera que "medidas concretas sejam tomadas nos próximos dias". Apesar disso, disse que enxerga com "bons olhos os avanços nas negociações".
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse neste domingo (26) que o Brasil tem bons motivos para acreditar no diálogo com os Estados Unidos.
“O encontro entre o presidente Lula e o presidente Trump, na Malásia, prova que temos bons motivos para acreditar no diálogo. Foi mais um passo para Brasil e EUA estreitarem ainda mais seus laços de amizade. E é mais uma evidência do compromisso do governo do presidente Lula com o povo brasileiro”, declarou Alckmin.
A
ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que a conversa entre
os dois presidentes foi "mais um gol" do governo. Em sua conta no X,
ela fez uma analogia com um jogo de futebol. Disse que o gol foi fruto de um
"lançamento" da diplomacia e um "cabeceio certeiro" do
presidente petista. Para ela, a conversa iniciada hoje vai significar a vitória
brasileira no "placar do crescimento".
Publicado
originalmente no portal O Povo +
Leia também:
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