5 de novembro de 2021

Ciro suspende pré-campanha após votos do PDT a favor da PEC dos Precatórios

Ciro Gomes ganhou apoio de parlamentares de outros partidos (Foto: Mauro Pimentel)

Ciro Gomes anunciou, na manhã de ontem (04/11), que decidiu deixar a pré-candidatura ao Palácio do Planalto "em suspenso" após proposta da PEC dos precatórios ser aprovada em primeiro turno. Nas redes sociais, ele anunciou a decisão e afirmou não poder "compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas".

"Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios. É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios", começou explicando.

Em seguida, Ciro falou sobre essa ser a única alternativa neste momento: "A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo".

"Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas. Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional", finalizou o político.

A posição de Ciro contou com o apoio de Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Cumprimento o meu amigo Ciro Gomes pela posição tomada hoje. Só reforça a minha admiração por ele! É inaceitável que algum parlamentar vote a favor de uma PEC que dá calote em professor e libera dinheiro para comprar deputado”, afirmou.

Na mesma linha do colega de CPI, o pré-candidato ao Planalto pelo Cidadania, o senador Alessandro Vieira (SE), também fez elogios à tomada de decisão do pedetista e comparou o orçamento secreto ao mensalão.

“Ciro Gomes adota a posição certa, compatível com o que se espera de quem está disposto a assumir a missão de resgatar nosso país. Estaremos prontos no Senado para fazer a nossa parte. Sensibilidade social exige responsabilidade fiscal. O orçamento secreto é o novo mensalão”, afirmou.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) foi outro a sair em defesa de Ciro. O ex-ministro do esporte durante os governos do PT afirma que o ex-colega (Ciro Gomes foi ministro da Integração Social com Lula) contribui para uma frente ampla “anti-Bolsonaro”.

“A firme e corajosa negativa de Ciro Gomes à PEC do Calote contribui imensamente para derrotar o projeto. Além disso, pode inspirar outros presidenciáveis a se engajarem pela reversão de votos. Se acontecer, viraremos o jogo, mais uma vez apostando na frente ampla anti-bolsonaro”, publicou.

Além do PDT, outro partido de esquerda que teve quantidade considerável de votos favoráveis à proposta foi o PSB. O deputado federal da legenda e líder da minoria Marcelo Freixo (RJ) afirmou que o partido orientou a bancada a votar contra a PEC e disse que está trabalhando junto à presidência do partido para virar o jogo no segundo turno, previsto para a próxima terça-feira.

Júlio Delgado (PSB/MG) justificou seu voto favorável ao projeto. O deputado disse que não vai entrar em uma disputa de retóricas Lula-Bolsonaro e criticou colegas que foram contrários ao teto de gastos, mas que hoje, defendem limite para saúde e educação.

“E o mais curioso: aqueles que sempre brigaram contra o teto de gastos agora defendem o limite para saúde e educação. Esta é a maior incoerência daqueles que foram contra a PEC dos Precatórios”, publicou.

Por 312 votos a 144, a Câmara aprovou, no início da madrugada de ontem (4/11), em primeiro turno, o texto-base da PEC dos precatórios, a principal aposta do governo para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400. Após a aprovação, os deputados passarão a analisar os destaques, que pedem mudanças na matéria. Isso deve ocorrer ainda hoje ou na próxima terça-feira.

Conforme estimativas iniciais do Ministério da Economia, a PEC abre um espaço de R$ 83 bilhões no Orçamento, mas esse valor ainda depende da inflação que será fechada no fim do ano. A PEC traz dispositivos que aliviam o peso dos R$ 89,1 bilhões que devem ser pagos, em 2022, na forma de precatórios, que são dívidas do governo reconhecidas pela Justiça e contra as quais não cabem mais recursos - em 2021, esses débitos somam R$ 54,7 bilhões.

Com informações portal Correio Braziliense

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