O governador Elmano de Freitas (PT) buscará a reeleição a não ser que haja enorme reviravolta. Ele buscará dar continuidade ao projeto político iniciado por Cid Gomes (PSB) em 2007, que passou por dois mandatos de Camilo Santana (PT) e agora tem o petista no comando do Executivo cearense.
Apesar de a cabeça da chapa ser considerada definida, a aliança governista acumula incertezas. Uma delas é quem ocupará a vaga de candidato a vice-governador. Indefinição ainda maior ocorre em relação ao Senado. Conforme repetem Elmano e também o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), o adiamento das decisões é parte da estratégia. Eles querem deixar para 2026 as definições.
Um dos motivos é evitar antecipar os conflitos que ocorrerão dentro da base em função de muita gente querer o mesmo espaço. A aliança vitoriosa em 2022 era grande e, de lá para cá, agregou partidos como PSB, PSD e provavelmente PDT. Além da Federação PT, PCdoB e PV, do MDB, Solidariedade, a Federação Psol e Rede, que já estavam na eleição passada. Em contrapartida, o PP pode ser um desfalque, devido à formação de federação com o União Brasil, que deve estar na oposição.
Em entrevista ao O POVO em julho, o governador disse ser normal haver insatisfeitos com as escolhas numa aliança ampla como é a da base estadual. Por isso ele diz que as decisões não devem ser antecipadas.
"Na medida em que você amplia a aliança, fica mais complexo e aumenta as possibilidades de ter pessoas que vão ficar insatisfeitas na hora do resultado, se não é ela a pessoa escolhida. Mas isso faz parte de quem tem uma aliança ampla", disse na ocasião.
Quem
será vice de Elmano?
A posição de vice é crucial, ainda mais numa campanha de reeleição, quando, em caso de vitória, ao final do novo mandato o governador pode decidir se desincompatibilizar para buscar uma outra posição. Jade Romero (MDB), eleita em 2022 ao lado de Elmano, enfrenta resistências para seguir na função. A partir do próprio partido, o MDB, para quem a prioridade declarada é uma candidatura ao Senado. A legenda acena a Jade com uma candidatura a deputada federal.
Além disso, há partidos dentro da aliança que hoje estão politicamente mais fortes. É o caso do PSB, de Cid Gomes e Eudoro Santana, presidente estadual e pai de Camilo. Entre os quadros do partido cogitados estão Lia Gomes, deputada estadual licenciada para ser secretária das Mulheres do governo Elmano; Ivo Gomes, ex-prefeito de Sobral e ex-deputado, e Fernanda Pacobahyba, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os dois primeiros são irmãos de Cid. A última foi secretária da Fazenda de Camilo e está hoje numa das funções mais estratégicas do ministério comandado pelo ex-governador.
O PSD, por enquanto discreto em relação a investidas eleitorais para 2026, é outra força a considerar. É um dos partidos mais fortes no Interior e hoje a terceira força no estado, atrás de PT e PSB. Em 2022, disputou a vice na chapa de Roberto Cláudio, que concorreu a governador pelo PDT. Ao lado dele estava Definido Domingos Filho, presidente estadual do partido e que foi vice-governador no segundo mandato de Cid Gomes.
Ainda sem vinculação partidária, um personagem cotado para vice de Elmano em 2026 é o secretário da Casa Civil do Chagas Vieira. Muito próximo a Camilo e principal secretário de Elmano, ele assumiu a linha de frente nos embates com a oposição. Caso seja a escolha de Elmano, poderá se filiar a um partido que o abrigue.
Corrida
na base pelo Senado
O maior imbróglio na base governista está na disputa pelas duas cadeiras do Senado Federal. O debate se antecipou bastante ao início das convenções partidárias e muitos pré-candidatos de peso se lançaram.
José Guimarães (PT), líder do governo Lula na Câmara dos Deputados e um dos petistas mais influentes no Ceará, está irredutível sobre concorrer à Câmara Alta. Em 2014, ele pretendia disputar, mas abriu mão para que o partido indicasse Camilo Santana a governador. Ainda pela sigla, o Campo de Esquerda lançou Luizianne Lins (PT), deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, como pré-candidata. É a única mulher na lista de opções para o Senado pela base até agora.
Pelo PSB, partido com maior número de prefeitos no Ceará, Cid Gomes diz não ter pretensões de se candidatar, embora correligionários e outros adeptos da base desejam que pleiteie a reeleição. O senador declarou apoio ao deputado federal Júnior Mano para representar o partido em uma composição majoritária ao Senado. O parlamentar é alvo de investigação sobre suposto esquema de desvio de emendas.
Do mesmo partido, o presidente da Assembleia Legislativa, Romeu Aldigueri, foi citado como opção e disse estar à disposição.
Presidentes de dois partidos importantes para o cenário nacional e estadual também são pré-candidatos ao Senado: Chiquinho Feitosa, do Republicanos, e Eunício Oliveira, do MDB. Ambos já foram senadores — o primeiro como suplente e o segundo chegou até a presidir a Casa. As legendas negociam uma federação, o que talvez deixe espaço para apenas um dos dois na chapa majoritária.
A base estadual ainda tenta atrair o União Brasil e chegou a acenar com uma das vagas de candidato a senador, que possivelmente iria para o deputado federal Moses Rodrigues.
A
chapa de oposição
A oposição busca construir um bloco unificado para ser competitiva. Para isso, o palanque reúne antigos adversários como Capitão Wagner (União Brasil), Ciro Gomes (PDT), Roberto Cláudio (sem partido) e os bolsonaristas liderados por André Fernandes (PL).
Para disputar o governo pelo bloco, os mais cotados são Roberto Cláudio e Ciro. O ex-prefeito deixou o PDT e está em vias de se filiar ao União Brasil. De olho numa eventual candidatura, chegou a se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ciro por sua vez, em público, apoia Roberto Cláudio. Internamente, porém, abriu a possibilidade de concorrer novamente a governador, animando aliados. Ainda filiado ao PDT, tem como provável destino o PSDB.
O senador Eduardo Girão (Novo) se lançou pré-candidato ao Executivo. Ele é cotado para se filiar ao PL. A hipótese ganhou impulso depois que o deputado André Fernandes anunciou que o partido deverá ter candidato próprio a governador e não irá apoiar Ciro nem RC. A situação é considerada ainda contornável dentro do bloco.
No cenário em que o PL decida de fato ter candidato, as possibilidades podem ser os vereadores de Fortaleza Julierme Sena, Marcelo Mendes e Priscila Costa, citados em fevereiro por André como quadros aptos.
Priscila chegou a ser lançada como pré-candidata ao Senado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Para uma das vagas, a postulação mais encaminhada na oposição é de Alcides Fernandes (PL), deputado estadual e pai de André. A candidatura foi confirmada por Bolsonaro.
Para a segunda vaga, além de Priscila, o general Guilherme Theophilo (Novo) se lançou pré-candidato. Também são especulados Capitão Wagner e Roberto Cláudio, caso não vá para o governo.
O que está encaminhado e o que segue indefinido
No ano que vem serão eleitos presidente da República, vice-presidente, governadores e vice-governadores, dois senadores por estado, deputados federais e deputados estaduais. Na chapa majoritária estadual, há um candidato a governador, um candidato a vice-governador e duas vagas para candidatos a senador, com dois suplentes cada. Veja como estão os encaminhamentos
O que está definido: Candidato ao Governo: Elmano de Freitas (PT) tentará reeleição
O que está indefinido: Candidatura a vice-governador
Possíveis
opções a vaga de Vice:
MDB: Jade
Romero
PSB: Lia Gomes (PSB), Ivo Gomes (PSB) ou Fernanda Pacobahyba (PSB)
PSD: (Domingos Filho ou uma indicação)
Duas
candidaturas a senador
Cid Gomes (PSB), atual senador que diz que não quer ser candidato, mas muita gente defende que seja
José
Guimarães (PT)
Eunício
Oliveira (MDB)
Chiquinho
Feitosa (Republicanos)
Júnior
Mano (PSB)
Moses
Rodrigues (União)
Romeu
Aldigueri (PSB)
Luizianne
Lins (PT)
Chagas
Vieira (sem partido)
O que está definido na Oposição: Um candidato a senador: Alcides Fernandes (PL)
Opções de aandidato ao Governo na Oposição:
Ciro
Gomes (PDT)
Roberto
Cláudio (sem partido, acertado com União Brasil)
Eduardo
Girão (Novo)
Priscila
Costa (PL)
Marcelo
Mendes (PL)
Julierme
Sena (PL)
Opções para a segunda candidatura a senador na Oposição:
Capitão Wagner (União Brasil)
Roberto
Cláudio (sem partido)
Priscila
Costa (PL)
Guilherme
Theophilo (Novo)
Cenário
nacional tende a ser determinante
As conjecturas das chapas estaduais perpassam por definições nacionais. Entre elas, o destino de alguns partidos envolvidos. A exemplo do União Brasil, peça-chave da oposição no Ceará e cobiçado por Elmano de Freitas e Camilo Santana no Estado.
A federação com o PP definiu que irá se opor ao PT no Brasil e cada estado terá as próprias decisões. No Ceará, é o União Brasil de Capitão Wagner quem comandará. O PP, é presidido estadualmente pelo deputado federal AJ Albuquerque, aliado do governo. A federação nasce como uma das maiores forças no Congresso Nacional, com grande peso em tempo de propaganda eleitoral e em dinheiro do Fundo Eleitoral.
União Brasil, PP e também Republicanos ocupam ministérios na gestão do presidente Lula, mas não garantem votação significativa no Congresso Nacional. No caso do Republicanos, base aliada no Ceará, trata-se do partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que pode se lançar à Presidência da República. Isso pode comprometer a presença no arco de apoio no Ceará.
Caso Tarcísio seja mesmo candidato a presidente, outro partido importante pode deixar a base de Elmano: o PSD. Gilberto Kassab, presidente nacional da sigla, é um dos principais aliados do governador paulista e tem demonstrado insatisfação com o governo Lula.
Na oposição estadual também há pendências a serem superadas para a nova aliança. Além da indefinição sobre o União Brasil, ciristas e bolsonaristas tentam encontrar termos para que o bloco vingue e saia em palanque único em 2026 no Ceará.
Apesar de os principais líderes reforçarem o discurso de unidade, alguns sinais indicam que não é tão simples. Isso passa principalmente por alinhar o discurso de Ciro diretamente a Jair Bolsonaro, ponto necessário para que o PL possa apoiar o ainda pedetista.
Ciro fez acenos declarando a intenção de votar em Alcides Fernandes (PL) ao Senado, recebendo elogios recíprocos de André Fernandes em seguida. Porém, a aliança se viu comprometida depois de o ex-governador falar em "burrice da família Bolsonaro em vídeo. Horas depois, André Fernandes descartou apoio e anunciou que o PL terá candidato próprio.
A
aliança não é tida como inviabilizada, mas o episódio acendeu o alerta para a
necessidade de a coalizão local não se chocar com os interesses nacionais. O
ex-ministro até defendeu que as diferenças nacionais sejam deixadas de lado,
mas precisará combinar com o bolsonarismo.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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