15 de agosto de 2025

Candidatura de Ciro mantém Cid sob pressão, por Henrique Araújo

Ciro e Cid estão rompidos politicamente desde 2022(Foto: Reprodução/Instagram)

Há uma preocupação entre aliados do governador Elmano de Freitas (PT) sobre o efeito que uma candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Abolição teria sobre o irmão e senador Cid Gomes (PSB). Mesmo rompidos politicamente, sabe-se que os Ferreira Gomes tentam, aos poucos, reduzir o distanciamento na relação, cujo ápice foi 2022. Na hipótese de o ex-ministro concorrer ao Executivo estadual, calcula um interlocutor, Cid poderia não deixar a base governista, mas não faria campanha contra Ciro.

Sem estar efetivamente na chapa como postulante ao Senado em 2026, o ex-governador entraria na campanha apresentando baixo grau de adesão ao bloco "camilista", com possibilidade de se manter afastado no primeiro turno e eventualmente no segundo, a depender do resultado. Convencê-lo a disputar a senatorial, então, passou a ser a tarefa prioritária dentro do arco do gestor petista no Estado. Por uma razão simples: seria uma garantia de que Cid estaria no palanque de Elmano.

Reconstrução

A passagem de Carlos Lupi por Fortaleza selou um novo momento do PDT cearense. Presidente nacional da sigla, o ex-ministro da Previdência fez, no mesmo dia, um duplo movimento: com a bancada de vereadores, acertou os ponteiros para o projeto de embarque oficial na base palaciana (Governo e Prefeitura) de olho nas eleições do ano que vem; com Ciro, ouviu o que pode ter soado como justificação para o passo seguinte do ex-presidenciável, já de malas prontas para se filiar ao PSDB.

Embora aparentemente separados, os enredos se conectam. Para que o trabalhismo possa superar a rotina de crises na vida intrapartidária desde que houve o rompimento com o PT e Camilo Santana, nos idos de 2022, uma das condições necessárias seria essa separação de Ciro, sobretudo depois que o ainda pedetista começou a se apresentar como alternativa eleitoral para o campo da oposição.

Azedou

Uma fonte com trânsito no Abolição fez saber que as conversas entre Camilo, Elmano e Domingos Filho (PSD) já se deram em termos mais amistosos, digamos assim. Fala-se em "ruídos" no canal com o titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), parte dos quais oriunda dos pleitos que o dirigente pessedista estaria fazendo com a intenção de ampliar espaços para a sua legenda nas estruturas administrativas - o que, na gramática das partilhas políticas, é visto como estratégia corriqueira.

Ocorre que, conforme relato à coluna, o apetite do PSD teria produzido "incômodo" no ministro da Educação, tanto pela frequência quanto pela dimensão que tem assumido. O exemplo mais recente seria a concorridíssima vaga de vice de Elmano, na mira da agremiação de Domingos, mas também o assento de presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Sem arredar pé

Ainda em recuperação após tratamento de saúde, o deputado federal José Guimarães (PT) voltou a dizer que não desistirá de tentar o Senado em 2026 na chapa aliancista. Questionado sobre o assunto, o petista respondeu: "Sem chance. Nosso projeto é nacional. É um projeto da nova direção do PT". Líder do governo Lula na Câmara, Guimarães já foi dissuadido de entrar nessa corrida noutras ocasiões.

Daí que o parlamentar esteja encarando a possibilidade atual como ponto de honra do qual dificilmente, nas suas palavras, deve arredar pé. A matemática, contudo, joga contra a composição do grupo. Como são apenas duas vagas, mas somam-se mais de meia dúzia de interessados até agora, alguém ficará na chuva.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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A conversa entre Ciro e Lupi em Fortaleza

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