27 de outubro de 2010

O ex-guerrilheiro Carlos Lamarca

Carlos Lamarca foi um militar brasilleiro, que desertou do exército durante a ditadura militar e se tornou um guerrilheiro comunista. Como guerrilheiro, integrante da Vanguarda Popular Revolucionária, foi, juntamente com Carlos Marighella, um dos principais opositores armados à ditadura militarde direita no país, visando à implantação de um regime socialista no Brasil Devido a isto, foi condenado por "traição e deserção" pelo Exército Brasileiro. 

É o único homem na História do Brasil a receber o status de traidor da nação. Trinta e seis anos após a morte de Lamarca, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, sob supervisão do Ministro da Justiça Tarso Genro, dedicou sua sessão inaugural a promovê-lo a coronel do Exército e a reconhecer a condição de perseguidos políticos de sua viúva e filhos. A decisão foi criticada na imprensa, sendo apelidada de "bolsa terrorismo".

Filho de pais pobres, Lamarca nasceu em 27 de outubro de 1937 e viveu, até os 17 anos, no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro, com seus irmãos e uma irmã de criação, Maria Pavan, que viria a ser sua esposa.

Em 1955, Lamarca ingressou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Dois anos mais tarde foi transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro.  Concluído o curso, foi declarado aspirante-a-oficial, classificado em 46º lugar numa turma de 57 cadetes (1960), e passou a servir no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, na cidade de Osasco, em São Paulo. Integrou o Batalhão Suez, nas Forças de Paz da ONU na região de Gaza, Palestina, de onde retornou dezoito meses mais tarde. 

Estava servindo à 6ª Companhia de Polícia do Exército, em Porto Alegre, quando ocorreu o golpe militar de 1964. De volta a Quitaúna em 1965, foi promovido ao posto de capitão em 1967. Iniciou contatos com facções de esquerda que defendiam a luta armada para derrubar a ditadura de direita e implantar um regime totalitário de esquerda. 

Em 24 de janeiro de 1969, abandonou o exército para unir-se à organização clandestina Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Lamarca deixou Quitaúna com a carga de 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e muita munição. Esse furto de armamento foi organizado e executado por ele e pelo sargento Darcy Rodrigues, também integrante do quadro de Quitaúna, e que supostamente teria aliciado Lamarca a ingressar na VPR. Participaram também da ação o cabo Mariani e soldado Roberto Zanirato, morto sob tortura na OBAN (DOI-CODI/SP). Em 2007, trinta e seis anos após a sua morte, foi promovido a Coronel do Exército pela Comissão de Anistia. 

Lamarca tornou-se um dos mais ativos guerrilheiros da oposição armada ao regime militar brasileiro. 
Participou de diversas ações, como assaltos a bancos, num dos quais assassinou com dois tiros o guarda civil Orlando Pinto Saraiva. Em seguida, instalou um comitê de resistência no Vale do Ribeira, no sul de São Paulo, desarticulado em 1970 por forças do Exército, após a prisão de vários militantes da VPR em abril de 1970, e, principalmente após a prisão de Maria do Carmo Brito, uma das dirigentes nacionais da VPR, no dia 18 de abril de 1970, o exército chegou até a área ativa de treinamento da VPR. Nessa época, no dia 10 de maio de 1970, participou, com outros quatro guerrilheiros, do assassinato do Tenente Alberto Mendes Júnior, da Força Pública (denominação da Polícia Militar de São Paulo até 1970), que teve seu pelotão emboscado pelo grupo de Lamarca que, após se renderam, combinaram em liberar os feridos, desde que o oficial levantasse os bloqueios na estrada. 

Os policiais feridos foram levados para fora do bloqueio para receberem assistência média e o oficial foi como refém como dos fugitivos para confirmar a liberação das barreiras. Todavia, no meio do caminho dos fugitivos, o fogo cruzado entre duas patrulhas que se fustigaram ao acaso (cada uma pensando que eram os guerrilheiros da VPR), provocou a perda de dois militantes da coluna de Lamarca, que foram posteriormente presos pelos efetivos militares na região. 

Os guerrilheiros acreditaram que o Tenente Alberto Mendes Júnior os havia levado para uma armadilha, porém esta idéia tem pouca coerência já que o mesmo estava entre reduzido grupo e poderia também ser morto pelos militares nesta suposto ataque surpresa, especialmente que as forças legais estavam em completa desorganização e eficiência bem reduzida.
 
 Como tinham um refém que atravasa a marcha e obrigando os guerrilheiros a manterem guarda permanentemente, não podendo libertá-lo (já que podia alertar os militares e policiais que estavam na busca do ex-capitão e seu grupo), Lamarca decidiu matar o oficial, como não podiam atirar, resolveram executá-lo com coronhadas de fuzil FAL 7.62, esmagando-lhe o crânio e enterrando-o. 

 Na primeira entrevista internacional de Carlos Lamarca sobre suas considerações da experiência guerrilheira em junho de 1970, o comandante da VPR afirmou que o oficial da Força Pública foi fuzilado. Todavia, após a prisão de Ariston Lucena - um dos integrantes do grupo de Lamarca que conseguiu evadir do Vale do Ribeira e participante da execução do policial - que indicou o lugar onde estava enterrado o corpo do Tenente e comprovou-se que foi morto com coronhadas de fuzil FAL 7.62, obrigando a VPR mudar a versão em Setembro do mesmo ano, atribuindo que Mendes Júnior levou os fugitivos para uma emboscada, que era um repressor consciente, reprimiu trabalhadores e torturou presos no Presídio Tiradentes e o julgaram num Tribunal Revolucionário e matando-o com coronhadas de fuzil - que na verdade, foram alegações para consubstanciar a execução brutal perante a opinião pública já que os órgãos de repressão e governo utilizaram esta morte como propaganda oficial contra organizações de esquerda armada, demonstrando a barbárie de suas ações e dirigentes. 

As alegações do documento da VPR sobre as supostas realizações do Tenente Alberto Mendes Júnior na repressão jamais foram provadas, nem no Relatório Brasil Nunca Mais que levantou e averigou grande parte do sistema repressivo da ditadura civil-militar. 

 No mesmo ano Lamarca comandou o seqüestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, com o fim de trocá-lo por presos políticos no Rio de Janeiro. A ação do sequestro resultou na morte do agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de Araújo, que fazia segurança do embaixador suíço. Em abril de 1971, desligou-se da VPR e ingressou no MR-8. Embora se afirme que por essa razão fugiu para a Bahia, Lamarca estava seguindo planos da organização, que acreditava ter chegado a hora de iniciar a revolução no campo. 

Em 17 de setembro de 1971 foi localizado na região do Agreste baiano, no povoado de Pintada, atual município de Ipupiara (então desmembrado do município de Brotas de Macaúbas). Localizado, foi morto por um pequeno Comando Especial do Exército, comandado pelo Major Cerqueira, junto com o metalúrgico José Campos Barreto, gerrilheiro da VPR. Depois de vários anos a família de Carlos Lamarca teve aprovação no pedido de Anistia. 

Por decisão da Comissão de Anistia, a viúva Maria Pavan Lamarca e seus dois filhos tiveram aprovados uma indenização de 300 mil reais (isentos de imposto de renda) como compensação do período que passaram exilados em Cuba. 

Origem Wikipédia, a enciclopédia livre. 

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