2 de maio de 2022

Izolda completa um mês de mandato administrando tensões na aliança

Para analistas nos testes a que já foi submetida até agora, a governadora Izolda demonstrou habilidade (Foto: Reprodução/Facebook)

À frente do Governo do Estado desde 2 de abril deste ano, quando Camilo Santana (PT) deixou o Abolição para disputar vaga no Senado, Izolda Cela completa um mês de gestão. Nesse período, precisou lidar mais com tensões na aliança política, principalmente no PDT e PT, do que com problemas na administração.

Cotada para concorrer à reeleição, Izolda tem a preferência clara de petistas e de alas do PDT, que se divide entre a chefe do Executivo estadual e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, na corrida eleitoral de 2022.

Entre filiados do PT, um dos que já se manifestaram publicamente a favor da candidatura da governadora foi o deputado federal José Guimarães, vice-presidente nacional da sigla.

Para o parlamentar, "esses primeiros trinta dias (de gestão da pedetista) eu defino como algo muito consistente, com uma governadora dedicada, que trabalha, assim como Camilo, 24 horas por dia".

"Izolda tem muita dedicação em acompanhar as ações no Estado todo", acrescentou, "inaugurando obras, dando ordem de serviço em outras, e com muita sensibilidade política em função de ela ser uma governadora que reúne em torno dela um conjunto de forças políticas".

Esse jogo de cintura a que se refere o deputado teria sido posto à prova já nas primeiras semanas de governo, quando Izolda se encontrou com a bancada de deputados estaduais e federais de partidos que compõem o bloco governista em meio a acusações de que teria o "sangue petista", disparadas por um correligionário, o vereador Adail Júnior.

No dia 25 de abril, ao lado dos deputados, a governadora cumpriu a agenda mais política, recebendo as lideranças da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal para uma rodada de discussões, ao fim da qual petistas posaram para fotos com ela, numa sinalização das predileções do partido.

"O PT, através de nossa bancada na AL-CE e da própria direção, está muito satisfeito com o desempenho da governadora. Eu sinto que estamos no caminho certo. Saiu um grande governador, que foi Camilo, e entrou uma grande governadora, uma mulher que está fazendo a diferença", defendeu Guimarães.

Embora conte com a simpatia expressa de legendas como o PT e o MDB do ex-senador Eunício Oliveira, que também já fez gesto favorável à pedetista, Izolda tem grandes desafios pela frente. O principal deles é tentar blindar a gestão de eventuais desgastes oriundos da dinâmica política no curso do processo de escolha do representante do grupo na eleição.

Diferentemente de Camilo, a mandatária tem uma dupla função: a de governadora e a de potencial candidata à reeleição. Essa condição, apontam pesquisadores, exigirá dela uma carga maior de maleabilidade política para lidar mesmo com as críticas do próprio partido, o PDT.

Professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e cientista política, Monalisa Torres considera ainda que há uma diferença básica entre o ex-governador e a sucessora, que "é o fato de Camilo ser político e Izolda, não".

Isso não significa que a titular vai ter dificuldades em conciliar articulação e gestão ou contornar esses impasses do xadrez da política, mas que sua atuação tende a ser marcada por um tom de mais discrição.

"Acredito que isso inclusive justifique esse perfil mais discreto dela, apesar de ambos estarem na vida pública há muito tempo. Izolda foi secretária de Educação de Sobral, foi secretária dos governos Cid e vice-governadora. Mas esse trato com os políticos, jogar o jogo político, nunca me pareceu a praia dela", avalia a pesquisadora.

De acordo com ela, esse deve ser o obstáculo mais significativo para Izolda, "principalmente para uma governadora que assume com a responsabilidade de encerrar bem um governo e capitanear (o projeto), quem quer que seja o candidato da situação".

"É claro que ela também se cacifa para disputar dentro do PDT", conclui, "mas essa costura política, do ponto de vista de consolidação da aliança, é um dos desafios dela como política e como gestora em final de mandato: manter essa base coesa pensando na sucessão ao Abolição".

Nos testes a que já foi submetida até agora, contudo, Izolda demonstrou habilidade, como no episódio envolvendo Adail Júnior. O vereador, que tem se tornado porta-voz da ala pró-RC na disputa interna do PDT, vem criticando ligação da governadora com o PT.

Ante a provocação de que teria "sangue mais petista" do que pedetista, lançada por Adail, Izolda respondeu ao O POVO que tem "sangue sertanejo". Sem entrar diretamente na controvérsia, a gestora deixou evidente que não irá travar nenhuma queda de braço pública pelo direito de concorrer à reeleição.

Além da governadora e de Roberto Cláudio, também estão no páreo pela indicação para encabeçar a chapa governista o deputado federal Mauro Filho e o deputado estadual e presidente da AL-CE, Evandro Leitão.

Com informações portal O Povo Online

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