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Bancada do PL após aprovação da urgência da anistia (Foto: Bruno Spada) |
O que se vê agora na Câmara dos Deputados é uma operação de salvamento político e semântico. Para livrar condenados, a exemplo dos responsáveis por ações antidemocráticas, parlamentares estão agenciando toda uma gramática de respeito aos direitos humanos que fez carreira à esquerda. A intenção é menos sensibilizar a audiência do que justificar projetos de perdão ou de redução de pena.
O resultado é uma inversão de papéis: enquanto o campo progressista chafurda no imperativo do encarceramento, a direita investe contra as instituições sob desculpa de que o Estado brasileiro é não só mastodôntico, mas autoritário.
O
discurso da pacificação
E aqui chegamos a esse novo chavão odioso: o de que o Brasil precisa ser "pacificado", seja lá o que isso possa significar. Talvez até precise de fato se se considerar o aumento do poderio dos grupos criminosos e o sequestro da vida social de populações inteiras, como as que moram em distritos cearenses sob domínio de facções, expulsas de casa ou mesmo do bairro.
Mas não é isso que esses "pacificadores" no Congresso têm em mente. Quando se referem a uma hipotética necessidade de atenuar tensões no país, estão na verdade sacudindo um espantalho imaginário para fazer crer que, para onde se olhe, há aglomerações sublevadas e piquetes nas ruas em protesto contra as severas medidas aplicadas a velhinhas com bíblias, pipoqueiros e outros desavisados que inadvertidamente passeavam por Brasília naquele domingo.
Mas a verdade é que não se ouve um pio de tumulto em lugar algum, fora aquele que a própria Câmara vem promovendo.
Federação:
ter ou não ter
O governismo estadual tem de decidir se a federação União Progressista é decisiva para 2026 ou não. Por ora, a base de Elmano mantém postura incerta no tabuleiro. Enquanto no privado flerta com o União e tenta fisgar a megaestrutura, acenando com vaga para o Senado, publicamente finge desinteresse em ter o bloco como aliado local, o que, se levado a efeito, desmontaria já de partida as chances de a oposição competir com chances de vitória no pleito de outubro - logo, é legítimo todo passo do "camilismo" nessa busca por influir nos rumos da federação.
Os efeitos dessa articulação, no entanto, é que devem ficar claros: toda a movimentação que se dá em torno disso só fortalece o UB e seus dirigentes como um polo antagonista na briga da sucessão. Quando (e se) a filiação de lideranças cearenses se consumar, então, será inevitável a leitura de que os aliados até tentaram impedir que a nova legenda caísse no colo dos opositores, mas foram derrotados.
Ciro
para presidente?
Os ex-prefeitos Roberto Cláudio e José Sarto foram ontem às redes comemorar o cenário da pesquisa Quaest no qual Ciro Gomes aparece apenas sete pontos atrás de Lula numa simulação de 2º turno, mostrando-se como o concorrente mais forte entre os adversários do petista, deixando para trás Tarcísio de Freitas e outros.
De
fato, surpreende que Ciro surja tão bem colocado numa sondagem de opinião hoje,
mas também que seus aliados mais próximos e mesmo familiares (Lia e Cid Gomes,
por exemplo) tenham passado a torcer abertamente para que o mais velho dos
Ferreira Gomes decida por postular o Planalto e desista de pensar em disputar o
Governo do Estado em 2026.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
Leia também:
Como se moveu a bancada cearense na semana que abalou a Câmara
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