14 de setembro de 2025

Sucessão na direita deve ocorrer de forma fragmentada, avalia especialista

Além de Tarciso de Freitas, os governadores Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Júnior (PSD), também são cotados como presidenciáveis (Foto: Reprodução/Facebook)

A narrativa de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será candidato em 2026 tem prazo de validade limitado. A inelegibilidade já imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a possibilidade de novas decisões judiciais inviabilizam qualquer candidatura futura.

A professora Isabela Kalil ressalta que o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seria o nome “mais viável” na sucessão do bolsonarismo. “Ele tem potencialmente espaço no PL, mesmo com a resistência dos filhos de Bolsonaro, e apoio de setores no espectro de centro-direita e direita mais radical, além de elites financeiras”, argumenta a professora.

“Logicamente, só será possível herdar parte do capital político de Bolsonaro se o ex-presidente de fato apoiar Tarcísio. Mas a sinalização da promessa de perdão presidencial a Bolsonaro feita por Tarcísio aponta para as chances de isso acontecer”, acrescenta.

Ainda assim, Isabela destaca que a tendência não é de um processo sucessório linear. Para ela, há espaço para que surja uma sucessão fragmentada no campo da direita. “Em vez de um movimento coeso em torno de uma figura, como aconteceu com Bolsonaro, provavelmente teremos uma divisão maior desse capital político entre diferentes lideranças”, analisa.

Ex-ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro, Tarcísio construiu sua carreira política sob apadrinhamento do ex-presidente, que foi peça central em sua vitória nas eleições de 2022 para o governo paulista.

Além do governador de São Paulo, nomes como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, também são cotados para a vaga de candidato a presidência, apesar de terem menos repercussão nacional.

Aliados tentam preservar capital de Bolsonaro diante prisão e inelegibilidade

Com o resultado do julgamento da ação penal 2668, o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece inelegível, o que inviabiliza qualquer candidatura em 2026. Para a professora de Ciência Política e Antropologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Isabela Kalil, a tendência é que Bolsonaro postergue ao máximo a oficialização de um apoio a outro nome para ocupar a vaga de candidato à Presidência da República no pleito de 2026, utilizando esse tempo para reforçar sua liderança e capital político.

“Ele vai até onde conseguir sustentar a narrativa de que é o candidato para 2026”, explica a professora. Nesse processo, a transferência de apoio deve ocorrer apenas próximo ao pleito, como forma de preservar a influência sobre o eleitorado.

A professora considera ainda que a prisão de Bolsonaro pode servir como combustível para sua base manter a mobilização em torno do ex-presidente e, posteriormente, de quem vier a ser indicado por ele como sucessor, mas o protagonismo do ex-presidente pode se esvair com o tempo.

Na prática, Kalil prevê um aumento significativo de "Bolsonaros virtuais" gerados por inteligência artificial, que podem tanto parodiá-lo quanto simular discursos dramáticos, independentemente da inelegibilidade.

No âmbito legislativo, o PL da anistia encontra resistência no Congresso Nacional, com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), evitando pautar o tema e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, resistindo a versão apresentada por aliado de Bolsonaro. Para Alcolumbre, a anistia não deveria incluir os envolvidos no cerne do 8 de janeiro.

Segundo Kalil, depois da forma como os ministros Moraes e Dino foram enfáticos em dizer que não caberia perdão judicial, bem como indulto ou anistia, “o preço de defender uma anistia ficou bem mais alto”. No entanto, parlamentares bolsonaristas já apontam um aumento da pressão no Congresso com o objetivo de que o projeto avance.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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