9 de setembro de 2021

Não há presidente por Érico Firmo

Para o analista "Bolsonaro está abaixo do pior governo da história do País" (Foto: Evaristo Sá)

O Brasil enfrenta tentativa de desestabilização social e política, a partir do ocupante formal da Presidência da República. Na terça-feira, alardeou-se que as manifestações foram pacíficas. Coisa nenhuma. Não existe manifestação pacífica para pedir violência. Não existe manifestação pacífica para ameaçar. Manifestação golpista não é pacífica.

Ontem, mais de cem caminhões ocupavam a Esplanada dos Ministérios, bloquearam o acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou caminhoneiros fazendo 67 bloqueios de rodovias pelo Brasil, no mínimo, nos estados de Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

De manhã, um grupo de bolsonaristas tentou invadir o Ministério da Saúde, de forma patética.

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou com queda de 3,78%. O dólar disparou, subiu 2,93% e fechou cotado a R$ 5,3276.

Isso não é uma situação normal e não é aceitável. O clima do País não é de normalidade e o agente de tal anomalia é o chefe do Poder Executivo federal. Jair Bolsonaro é um agente do caos, um perturbador da paz, um propagador da instabilidade. Não é um presidente da República. Nunca foi e não tem condições de ser.

Bolsonaro nunca tomou posse de verdade. Houve os atos formais. Mas, ele não cumpriu as funções que dele se esperam por um dia sequer. O Brasil está sem governo, desgovernado. Porém, não há um vazio. O vazio seria melhor que ter alguém usando as prerrogativas e o poder da Presidência para desestabilizar o País.

Bolsonaro está abaixo do pior governo da história do País. Ele não cumpre os parâmetros mínimos do que se considera presidente. Está abaixo da crítica.

Retirar Bolsonaro do cargo trata-se tão somente de formalizar a condição de quem, na prática, recusou-se a tomar posse, ou ao assumir o papel que lhe cabe. E, sobretudo, impedir que ele continue a propagar o caos e prejudicar o país ao qual deveria servir, mas do qual se serve com os propósitos mais abjetos. 

Bolsonaro promoveu atos golpistas, que segundo ele são em defesa da liberdade e da Constituição. A interpretação que ele faz da Constituição. Interpretações há várias. Na dúvida, vale a do Supremo Tribunal Federal (STF). Simples assim, fim de papo. Mas, o que o STF fez de tão errado para Bolsonaro promover o levante antidemocrático de terça-feira?

Bolsonaro trata como se dois ministros do Supremo tivessem descumprido de forma absurda a Constituição. Em que aspecto, exatamente? Sobre Alexandre de Moraes há o chamado inquérito das fake news. Acho que há críticas e questionamentos pertinentes, e eu os fiz desde o ano passado. Quanto a Luis Roberto Barroso, Bolsonaro o acusa de ter agido contra a aprovação da PEC do voto impresso. O que mais?

A decisão sobre a pandemia, que impediu Bolsonaro de desfazer o trabalho dos governadores, não foi de Moraes nem de Barroso, foi do pleno, por unanimidade.

Francamente, é isso? Por isso Bolsonaro cogita ruptura institucional? Por causa de um inquérito que ameaça aliados? E que, equivocado que seja, ainda será, em última instância, submetido ao pleno do tribunal? Se virar denúncia.

Ou por que um ministro articulou contra uma decisão que é do Congresso Nacional? Por isso o presidente Jair Bolsonaro faz ameaças de ruptura institucional?

O próprio Bolsonaro foi incluído na investigação das fake news por Moraes. Familiares do presidente estão na mira. Há aliados presos. O presidente se queixou também que perfis no Youtube perdem dinheiro por causa de desmonetização.

Falando em português claro, o STF não está atrapalhando o governo. Está atingindo aliados e a família do presidente. Por isso ele levou tanta gente na rua e desestabiliza uma nação.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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