12 de agosto de 2022

Presidenciáveis, artistas e juristas repercutem ato defesa da democracia em todo o Brasil

Vista parcial do pátio da Faculdade de Direito da USP
 em São Paulo 
(Foto: Miguel Schincariol)

Candidatos e candidatas à Presidência exaltaram ontem (11/08), nas redes sociais, o ato em defesa da democracia. Os candidatos e candidatas não participaram do ato em virtude das restrições da legislação eleitoral. Juristas e artistas participaram e apoiaram os atos em diversas capitais do País. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou a hashtag #EstadoDeDireitoSempre para defender o movimento e afirmar que o Brasil "era soberano e respeitado". Lula não esteve no ato por temer que sua presença fosse interpretada como comício eleitoral, afirmaram petistas à reportagem. 

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que o ato foi um "momento de união de diferentes segmentos contra os recorrentes ataques de Bolsonaro aos nossos direitos, ao sistema eleitoral e ao próprio regime democrático - que é a maior de todas as nossas conquistas. Este é um compromisso de todos nós". O pedetista estava ontem em uma agenda em Salvador (BA).

A senadora Simone Tebet (MDB) reforçou seu apoio à carta. "Estado de Direito Sempre!", afirmou. "No dia 11 de agosto, a sociedade levanta sua voz em defesa da democracia", escreveu.

Artistas e celebridades prestigiaram ontem os atos em defesa da democracia. Na sacada da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco - que virou uma espécie de "área VIP" para acompanhar o manifesto, a cantora Daniela Mercury marcou presença acompanhada de sua esposa, Malu Verçosa. Elas se acomodaram em baixo da faixa em que se lia os dizeres "estado de direito sempre".

Ao lado do casal, o jornalista Chico Pinheiro, ex-apresentador da TV Globo, também assistia aos discursos direcionados ao povo na rua. Professores da USP e políticos como o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo do candidato do PT à Presidência, também circulavam pela área.

O ex-jogador de futebol e comentarista esportivo Casagrande e a chef de cozinha Bela Gil, filha do cantor e compositor Gilberto Gil, participaram do ato no Rio de Janeiro, que foi realizado na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

O governo Jair Bolsonaro e a campanha à reeleição do presidente buscaram minimizar os atos em defesa da democracia realizados ontem pelo País. Bolsonaro, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) como algo menor.

"Hoje (ontem), aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação.

À noite, durante live semanal, Bolsonaro exibiu um exemplar da Constituição Federal de 1988 e indagou: "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?" O presidente ainda chamou os manifestos lidos ontem de "pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao texto da Carta Magna brasileira.

Nos bastidores, ministros do Palácio do Planalto admitiram desconforto com os atos e já vinham reclamando que todos se identificavam como democratas e nenhuma ruptura seria positiva para o País. A iniciativa apoiada pelo empresariado, com a entrada da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na articulação de uma carta com 107 adesões, foi a que mais incomodou o Planalto.

Apesar da presença de atores políticos e sociais de todo o espectro ideológico, a avaliação interna do comitê bolsonarista foi a de que as manifestações não vão afetar a decisão de voto em outubro e devem ser tratadas como protesto restrito a opositores e, de forma disfarçada, em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto. Os gritos de "fora, Bolsonaro", em São Paulo, deram munição à resposta governista.

Também com ironia, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotaram a mesma linha e disseram que a verdadeira carta da democracia brasileira é a Constituição Federal. "Essa é a carta que o povo brasileiro exige de um presidente da República", disse o filho mais velho do presidente, divulgando a queda no preço da gasolina e do diesel.

"Carta ao Povo Brasileiro: estamos escrevendo a Carta que muda o Brasil para melhor. Combustível mais barato, redução do preço do diesel! Deflação, aumento do emprego! Economia forte, Democracia forte! Parabéns, democrata Jair Bolsonaro!", registrou o titular da Casa Civil.

Alvo de Bolsonaro e prestes a passar o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o ministro Alexandre de Moraes, o presidente da Corte, Edson Fachin, divulgou ontem uma carta sobre os manifestos pró-democracia. Em tom contundente, o ministro escreveu que a defesa da ordem democrática "impõe a rejeição categórica do flertar com o retrocesso".

Sem citar o presidente, Fachin disse que a sociedade não pode adiar "a coibição de práticas desinformativas que pretendem, com perfumaria retórica e pretextos inventados, justificar a injustificável rejeição do julgamento popular". Moraes também elogiou os atos. "A Faculdade de Direito da USP foi palco de importantes atos, reforçando o orgulho da solidez e fortaleza da democracia e em nosso sistema eleitoral", postou Moraes.

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que o Congresso não aceita "retrocesso" e "sempre será o guardião da democracia". "A solução para os problemas do País passa pela presença do estado de direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas e ao processo eleitoral."

Aliado do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), destacou a importância da Casa na representação popular. "A Câmara dos Deputados é o coração e a síntese da democracia. Democracia, uma conquista de todos."

Com informações portal O Povo Online

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