12 de agosto de 2022

12 livros sobre o golpe de 1964 e a ditadura civil-militar

A direita afirma que o golpe se deu em março. A esquerda, para conectar com o dia da mentira, sustenta que ocorreu em 1º de abril. Há vários livros sobre o golpe e os governos ditatoriais. Em comemoração aos 12 anos do Blog de Altaneira e em homenagem ao movimento #EstadoDeDireitoSempre listamos 12 livros que recomendamos leitura.

1. Ilusões Armadas, de Elio Gaspari

A história geral mais ampla do golpe de 1964 e sobre os governos da ditadura civil-militar, além da reação da guerrilha, pode ser encontrada nos quatro volumes escritos por Elio Gaspari: “A Ditadura Envergonhada”, “A Ditadura Escancarada”, “A Ditadura Encurralada”, “A Ditadura Derrotada” e “A Ditadura Acabada”.

Quem não conhece nada a respeito do regime instalado em 1964, ou conhece pouco, pode consultar, com grande proveito, os cinco livros do jornalista.

 2. 1964: A Conquista do Estado, de René Armand Dreifuss

O uruguaio René Armand Dreifuss, no livro “1964: A Conquista do Estado — Ação Política, Poder e Golpe de Classe” (Vozes, 814 páginas, tradução de Ayeska Branca, Ceres Ribeiro, Else Ribeiro e Glória de Mello), escreveu o clássico sobre o golpe. A obra foi publicada em 1981, mas, quase 40 anos depois, sua pesquisa resiste — tal a sua qualidade. 

Claro que novos documentos foram divulgados, o que, de certo modo, desatualiza parte da pesquisa anterior. Dreifuss documenta bem a conexão militares e civis, o que prova que o golpe, além de militar, também foi civil. 

Documenta as ações do Ipes e do Ibad na articulação e financiamento da derrubada do presidente João Goulart.

3. Além do Golpe, de Carlos Fico


“Além do Golpe — Versões e Controvérsias Sobre 1964 e a Ditadura Militar”
(Record, 391 páginas), do historiador Carlos Fico, examina criticamente as principais obras sobre o golpe e a ditadura. 

Examina, com rigor, as virtudes e os problemas das obras de outros pesquisadores, como René Armand Dreifuss e Elio Gaspari (talvez seja a crítica mais consistente à pesquisa de Gaspari). 

Pesquisadores ganham um amplo e fundamental guia bibliográfico. No final da obra, Fico arrola documentos importantes, como a íntegra do AI-5.

 

4. Visões do Golpe - A Memória Militar Sobre 1964, de Maria Celina D’Araújo

Aos militares são dadas poucas chances de se manifestarem de forma isenta. O livro “Visões do Golpe — A Memória Militar Sobre 1964” (organizado por Maria Celina D’Araújo, Celso Castro e Gláucio Ary Dillon Soares, contém entrevistas de vários militares que contribuíram para derrubar João Goulart e participaram dos governos ditatoriais. 

Há depoimentos moderados e radicais, apresentados de maneira integral, sem cortes. É um documento histórico valioso, um maná para pesquisadores. 

Porque os militares não falam com facilidade.

5. 1964 — O Verão do Golpe, de Roberto Sander


No livro “1964 — O Verão do Golpe” (Maquinária, 269 páginas), o jornalista Roberto Sander construiu uma boa síntese do golpe, com uma leitura atenta da bibliografia, paralelamente faz uma análise da história cultural do período. 

Em suas páginas desfilam desde João Goulart, Castello Branco até a atriz francesa Brigitte Bardot, a cantora Nara Leão (estrela da Bossa Nova), o músico Jorge Ben Jor e o cineasta Glauber Rocha (o Cinema Novo). Mesmo na crise, o brasileiro estava de bem com a vida.


6. João Goulart — Uma Biografia, de Jorge Ferreira

Uma biografia pode ser uma grata história de um período. É o que mostra o historiador Jorge Ferreira no livro “João Goulart — Uma Biografia” (Civilização Brasileira), de longe, o melhor estudo sobre o presidente deposto em 1964. Ferreira não pretende criar um novo mito. 

Pelo contrário, tira a roupa do mito criado pela esquerda e pela direita e vai além da imagem do herói e do vilão. 

Jango ressurge com cores novas, um político mais articulado do que se tem mostrado e menos pusilânime.

7. Castello — A Marcha Para a Ditadura, de Lira Neto


O general-presidente Castello Branco permanecia um homem enigmático. O jornalista Lira Neto contribui para iluminá-lo na biografia “Castello — A Marcha Para a Ditadura” (Contexto, 428 páginas). Ele era uma espécie de Fouché, um homem das sombras, articulado e inteligente. 

E, sim, queria mesmo devolver o poder aos civis — desde que a um aliado, como Bilac Pinto. Mas, sob pressão da linha dura, aceitou a candidatura de Costa e Silva a presidente. “O que está em jogo é a sagrada unidade das Forças Armadas”, disse Castello aos aliados. 

“Vamos vender o futuro por uma solução precipitada do presidente”, contestou o general Ernesto Geisel. 

Ao exonerar Sylvio Frota do Ministério do Exército, anos depois, Geisel não quis ser o Castello Branco 2.


8.Ernesto Geisel, organizado por Maria Celina D’Araújo e Celso Castro

O livro “Ernesto Geisel” (Fundação Getúlio Vargas, 494 páginas), organizado pelos historiadores Marina Celina D’Araújo e Celso Castro, contém uma longa entrevista do general-presidente que, com o apoio de Golbery do Couto e Silva, matou a ditadura. 

Geisel mostra-se de uma sinceridade impressionante: “Acho que a tortura em certos casos torna-se necessária, para obter confissões”

Garante que o comandante do Exército de São Paulo, Ednardo d’Ávila Melo, era omisso e seus subordinados faziam o que queriam — daí as mortes do jornalista Vladmir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. Admite que Juscelino Kubitschek não era corrupto. E relata como evitou o golpe militar do general Sylvio Frota.

9. Marighella — O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo, de Mário Magalhães


Vale a pena ler a biografia “Marighella — O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo” (Companhia das Letras, 732 páginas), de Mário Magalhães. O estudo consumiu nove anos e é excelente. 

É uma história do Brasil vista a partir da perspectiva de um indivíduo. 

Como não se trata de obra de condenação de Carlos Marighella (líder máximo da Ação Libertadora Nacional, ALN), que evidentemente não era democrata, acabou criticada com aspereza. 

Entretanto, embora empática, não se trata de obra de exaltação. É rigorosa, precisa.

10. Os Advogados e a Ditadura de 1964, organizado por Fernando Sá, Oswaldo Munteal e Paulo Martins


Ser advogado de presos políticos na ditadura não era fácil. Mesmo assim, sob ameaças e pressões, alguns advogados trabalharam para encontrar (as prisões não eram notificadas às famílias) e defender presos políticos. 

“Os Advogados e a Ditadura de 1964 — A Defesa dos Perseguidos Políticos no Brasil” (PUC Rio e Vozes, 279 páginas), organizado por Fernando Sá, Oswaldo Munteal e Paulo Emílio Martins, com prefácio de d. Paulo Evaristo Arns, conta a história de Sobral Pinto, Modesto da Silva, Mário de Passos Simas, Heleno Fragoso, Aírton Soares, Marcello Alencar, Sigmaringa Seixas, George Tavares, Hélio Bicudo, Luiz Eduardo Greenhalgh e, entre outros, Dalmo Dallari.

11. História Indiscreta da Ditadura e da Abertura, de Ronaldo Costa Couto


A tese de doutorado de Ronaldo Costa Couto, apresentada na Sorbonne, é um dos melhores livros sobre a ditadura civil-militar. “História Indiscreta da Ditadura e da Abertura — Brasil: 1964-1985” (Record, 518 páginas) mostra, de maneira didática e analítica, como se deu a Abertura. 

É uma história minuciosa, que valoriza os políticos democráticos, evidenciando como trabalharam pela Abertura, atuando tanto no MDB quanto na Arena. 

Indica também a vocação de alguns militares pela redemocratização, casos de Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.

 


12. Brasil: Nunca Mais, “organizado” por Paulo Evaristo Arns e Jaime Wright

Um livro fundamental na historiografia do regime militar é “Brasil: Nunca Mais” (Vozes, 312 páginas), patrocinado por d. Paulo Evaristo Arns e pelo reverendo Jaime Wright. 

A obra relatou como atuava o aparelho repressivo e listou os principais torturadores dos porões da ditadura. Trata-se de uma obra rigorosa. Setores da direita atacam o levantamento, sugerindo que há falhas, mas, no geral, trata-se de uma pesquisa rigorosa e desapaixonada. Honestino Guimarães e a uruguaia Maria Cristina Uslenghi Rizzi, que foi casada com Tarzan de Castro, são citados. 

Honestino foi torturado e morto pelos militares. Cristina escapou.

Com informações portal Revista Bula


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