31 de maio de 2021

Presidente da CPI diz que investigação prova que Governo "não quis comprar a vacina"

Senador Omar Aziz avalia que a estratégia do Governo Federal em relação as vacinas custou vidas de brasileiros (Foto: Reprodução/Twitter)

Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirma, em entrevista exclusiva ao jornal O POVO, que as investigações capitaneadas pela comissão em um mês de trabalhos já provaram que “o governo não quis comprar a vacina” contra a doença, tanto a da Pfizer quanto a Coronavac.

“Defendi o relatório preliminar (da CPI) porque tem uma coisa que já está provada: o governo não quis comprar a vacina. Pelo depoimento da Pfizer e do Dimas Covas (diretor do Instituto Butantan), não há mais para onde dizer que teve interesse, pelo contrário”, declara o parlamentar.

Para o senador, “uma sequência de fatos, e não as versões que o Pazuello deu lá”, reforça a tese de que o Planalto atuou para boicotar a imunização da população. Segundo Aziz, as provas colhidas na CPI robustecem esse indício.

“Nós não tínhamos conhecimento, se não fosse a CPI, das cartas que a Pfizer mandou para o governo, para o presidente, para o vice-presidente, o Braga Netto, o ministro Paulo Guedes, o ministro Pazuello e o embaixador do Brasil nos EUA. Ninguém tinha conhecimento. E muitos achavam que a CPI ia dar em pizza. Não tem mais como dar em pizza, esquece isso, não existe”, aponta.

“O que existe é que nós temos um relatório em que está comprovado”, continua Aziz, “mesmo que o relator (senador Renan Calheiros) achou que era melhor não fazer o relatório preliminar e outros senadores também. Eu me curvo à maioria sempre”.

Ainda de acordo com o presidente da CPI, os relatos ouvidos na comissão evidenciam que o Governo Federal “apostou no tratamento precoce e na imunização de rebanho”, tendo a cloroquina como carro-chefe dessa estratégia, conforme sugerem depoimentos da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e de ex-titulares da pasta.

Sobre quais personagens teriam sido mais relevantes para que chegasse a essa conclusão, Aziz cita três entre os que passaram pela cadeira de depoente do colegiado: “Wajngarten, Pfizer e Dimas Covas”.

Prestes a completar um mês desde a primeira oitiva, com o ex-ministro Henrique Mandetta, a CPI já inquiriu os quatro ocupantes do posto, além do ex-chanceler Ernesto Araújo, o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, e representantes de farmacêuticas.

Nesta terça-feira (01/06) é a vez da médica Nise Yamaguchi, uma conselheira informal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defensora do uso da cloroquina contra a Covid, medicamento comprovadamente ineficaz.

Também foram aprovados requerimentos de convocação do ex-assessor Arthur Weintraub e do assessor para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins.

“Acho que o depoimento mais importante será na próxima terça-feira. Esses (Weintraub e Martins) vão proteger o presidente. Não creio que a doutora Nise Yamaguchi faça isso. Ela tem uma história, e, pelo que eu sei dela, é uma pessoa que fala a verdade e defende aquilo em que ela acredita. Mas não vai mentir lá”, projeta Aziz.

O presidente da CPI espera que a médica apresente informações sobre eventuais encontros com Bolsonaro, principalmente aquele no qual teria sido discutida a alteração na bula da cloroquina para incluir tratamento contra a Covid.

“Se ela teve reuniões com o presidente, se ela falou com o presidente, ela vai dizer que falou”, admite o senador. “Ela é uma das pessoas que estavam na sala. E o Mandetta mentiu dizendo que não sabia quem estava. Ele mentiu. Todo mundo mentiu, foi uma série de mentiras do Mandetta, Teich, Queiroga e Pazuello. Os quatro ministros mentiram.”

Questionado sobre uma possível prorrogação da CPI, Aziz sinaliza que a comissão pode se encerrar dentro dos três meses previstos de funcionamento da apuração, sem necessidade de mais tempo.

“Só temos um mês de CPI, ainda faltam dois meses. É muito difícil fazer um prognóstico. Eu espero que, em três meses, nós possamos fazer tudo que a CPI se propôs a fazer e chegar num denominador comum”, ressalta.

O pessedista indica que a exclusão de prefeitos das convocações iniciais sob análise do colegiado se justifica para que a comissão possa cumprir o seu prazo de 90 dias.

“Ficou definido que nós retiraríamos os prefeitos, senão ficaria muita gente e o prazo da CPI não seria concluído, e chamaríamos os governadores”, conclui.

Com informações portal O Povo Online


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