13 de maio de 2021

Tumulto e baixo nível marcam depoimento de ex-secretário de Comunicação na CPI da Covid

Os senadores Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro, após a suspensão da reunião da CPI: gritos e xingamentos (Foto: Marcos Oliveira)


O Planalto avançou na ofensiva contra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e partiu para o conflito pessoal com integrantes do colegiado que se opõem ao governo. No depoimento do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, que foi ameaçado de prisão por declarações inverídicas, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho 01 do chefe do Executivo, promoveu tumulto e provocou a suspensão da reunião.

Flávio xingou o relator Renan Calheiros (MDB-AL) por ter sugerido a detenção de Wajngarten e criticou a CPI que, na visão dele, tem adotado postura de ataques ao governo federal. “Há, claramente, senadores que querem isso aqui de palanque. Como o senador Renan Calheiros tenta fazer aqui a todo momento. Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan”, disparou. “Olha a desmoralização. Estão perdendo a visão do todo”, emendou. Na sequência, Flávio mandou Calheiros “se f.”.

De pronto, os parlamentares que acompanhavam a CPI reprovaram a atitude do filho do presidente da República. E o relator devolveu os insultos. “Você que é vagabundo, que roubou dinheiro do seu pessoal, do seu gabinete”, rebateu, se referindo a um suposto esquema de rachadinha que ocorreu durante o mandato de Flávio como deputado estadual no Rio de Janeiro. O filho mais velho de Bolsonaro foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro postou o vídeo de Flávio na CPI e escreveu: “Com mais de 10 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal), Renan tem moral para querer prender alguém?”

Senadores apoiadores do Planalto, que fazem parte da CPI, deram sequência à reclamação de Flávio. Vice-líder do governo no Congresso, Marcos Rogério (MDB-RO) classificou a atitude de Calheiros em pedir a prisão de Wajngarten como “um patrulhamento de alguém que quer se colocar como justiceiro”. “Não é esse o papel da comissão. Não somos vingadores. Estamos todos investidos na função de investigar sem prejulgar, sem criar retóricas, narrativas de pré-condenação”, destacou.

Rogério reclamou que a maioria dos integrantes da comissão tenta reafirmar uma narrativa já pronta contra o governo. Para ele, o colegiado não deveria gastar tempo com pessoas “que acrescentam muito pouco a um processo investigativo de CPI” e passar a apurar se houve irregularidades na administração de recursos repassados a estados e municípios.

“Quando vamos ouvir governadores e prefeitos? Há 51 operações da Polícia Federal, e 18 estados da Federação estão com operações. São R$ 2 bilhões envolvidos nesses contratos, com suspeitas de superfaturamento e de corrupção. Quando a investigação vai checar para onde foi o dinheiro?”, perguntou.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) acrescentou que “está pegando mal a gente só estar olhando um lado”. “Está pendente para um lado, e a gente precisa trazer para o equilíbrio, se a gente quer realmente fazer justiça aqui, de uma forma imparcial.”

Direcionamento

Para os próximos depoimentos de pessoas que já integraram o Executivo, governistas tentarão apresentar a imagem de Bolsonaro como alguém que sempre esteve interessado na aquisição de vacinas e em ações contra a pandemia.

Durante a sessão de ontem, por exemplo, o senador Jorginho Mello (PL-SC), vice-líder do governo no Congresso, fez perguntas a Wajngarten no sentido de que o presidente sempre ter dito que compraria todos os tipos de imunizantes, desde que devidamente aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e se preocupado em sempre promover ações para salvar vidas e preservar empregos.

Os parlamentares também tentarão rebater os questionamentos sobre cloroquina e priorizar eventuais erros cometidos por governadores e prefeitos, o que foi feito, ontem, por Ciro Nogueira (PP-PI). Ele perguntou se Wajngarten achava que a população brasileira tem mais interesse em discutir o uso do medicamento como tratamento à covid-19 ou os desvios de recursos públicos. Ainda disse que, nas suas redes sociais, 86% dos internautas responderam que querem saber sobre irregularidades com a verba disponibilizada pelo governo a estados e municípios.

“Quem desvia recurso público do nosso país e da saúde é assassino. E esta Casa tem de punir severamente. Desviar recurso público já é um crime, muito maior esse crime no combate à pandemia”, ressaltou.

Com informações portal Correio Braziliense

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