16 de janeiro de 2019

Presença de tucanos no governo Camilo gera desconforto no PSDB


A presença de filiados do PSDB no governo de Camilo Santana (PT) tem incomodado tucanos e a situação deve ser tratada em reunião prevista para este fim de semana. O novo secretariado conta com dois nomes da sigla, que se posiciona como oposição ao PT. 

Maia Júnior, que está licenciado do PSDB, se manteve no governo e assumiu a Secretaria do Desenvolvimento Econômico. A novidade deste segundo mandato é o vice-presidente do PSDB Ceará, Dr. Cabeto, que aceitou o convite para ser titular da Saúde.

Entre tucanos, prevalece a ideia de que a decisão por integrar o governo petista é opção pessoal, sem motivação partidária. "Muitas pessoas se sentem desconfortáveis. Mas nós não podemos, por conta do desconforto, ferir a liberdade pessoal", defende o deputado estadual tucano Carlos Matos.

Segundo ele, os convites são reconhecimento de que o PSDB tem "talentos e competências importantes para a gestão pública".

Presidente da Executiva estadual, Francini Guedes reforçou que Maia Júnior está afastado do partido e disse não ver problema na indicação de Dr. Cabeto.

"Acho que ele é um médico renomado, está prestando bom serviço ao Ceará e tem autonomia para isso", argumenta. Guedes explica, contudo, que a decisão sobre o posicionamento da legenda "não é só minha".

Afirma que uma reunião deve ocorrer no fim semana para discutir a questão, segundo ele. Integrantes do partido ouvidos pelo jornal O POVO afirmaram, no entanto, ainda não terem sido convocados pela Executiva.

Para tucanos, a presença de correligionários no governo não deve atrapalhar a oposição que o PSDB tem feito ao governo Camilo. "São outros atores. O vice-presidente não tem uma atuação política, não tem um mandato", explica Carlos Matos, que não foi reeleito para mandato na Assembleia.

Deputada estadual eleita, Fernanda Pessoa afirma que a presença de tucanos no governo não altera o posicionamento que pretende ter na Assembleia.

"Continuo fazendo oposição ao governo do Camilo. Oposição responsável, não sendo oposição por ser oposição", afirma. Decisão que é reforçada pelo novo colega de bancada, Nelinho, que disse que fará oposição "de maneira bem ética, bem tranquila".

A força do PSDB para realizar essa oposição, contudo, tem enfraquecido ao longo da última década. Quando era situação, no período em que Lúcio Alcântara ocupava o Palácio da Abolição, a legenda tinha o maior número tanto de deputados estaduais (17 dos 46 parlamentares da Casa), como de representação cearense na Câmara Federal, (com 8 dos 22 que compuseram a bancada).

Desde a vitória de Cid Gomes (PDT) para o Governo do Ceará em 2006, quando o PSDB passou a ser oposição ao governador, houve queda na eleição de tucanos. Nas eleições de 2018, apenas dois parlamentares foram eleitos para a Assembleia e um para a bancada cearense da Câmara Federal.

Licenciado do partido, Maia Júnior faz diagnóstico semelhante. "O PSDB vive um momento confuso, ainda não se encontrou depois que ficou na oposição, nem no Brasil e aqui no Ceará não é diferente", aponta. Sobre assumir uma pasta em governo opositor, ele argumenta que foi uma decisão profissional. "Sou um homem livre profissionalmente, para servir a quem me apresentar um projeto que possa atrair o meu trabalho".

O secretário afirmou ainda não ter decidido sobre o futuro no partido. "Tenho respeito pela agremiação, estou afastado momentaneamente e seguirei com certeza os caminhos que o Tasso Jereissati desejar seguir", explica.

O senador foi citado pelos tucanos como decisivo para o posicionamento quanto às indicações, contudo a assessoria informou que ele está no Senado e a questão está sendo encaminhada por Francini Guedes. Dr. Cabeto foi procurado, mas não retornou às ligações.

Com informações portal O Povo Online

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