13 de março de 2017

"Palma para Bolsonaro dançar"por Renato Abê

Estou quebrando uma regra pessoal. Tinha estabelecido que não daria cartaz para Bolsonaros, Malafaias e similares. Resolvi isso depois de 2013, quando me desgastei em intensos debates sobre o Marco Feliciano ocupar a principal cadeira da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Daquele momento em diante, decretei: não faria textão, não abriria links e nem leria comentários de notícias sobre essa corja que usa da fé alheia para enriquecer contas e empobrecer mentes.

Agora, porém, é diferente. Jair Bolsonaro tem de voltar a pautar minhas conversas. A cada nova notícia que leio sobre a corrida presidencial de 2018, me convenço de que não dá mais para ignorá-lo. 

Nas pesquisas espontâneas para as próximas eleições, Bolsonaro se firmou como o segundo nome mais citado. E isso é muito sério.

Para não repetirmos o que aconteceu com Donald Trump nos Estados Unidos, candidato que não foi levado a sério como deveria e deu no que deu, é preciso repensar a negação. Não que Bolsonaro tenha o mesmo alcance do republicano — longe disso —, mas essa corrida maluca até o próximo ano ainda pode ter muitas reviravoltas. Depois das mortes de Eduardo Campos e Teori Zavascki, não há mais dúvidas: na política brasileira tudo pode acontecer.

O depoimento desesperado de Aécio Neves na última semana sobre ser “preciso salvar a política” para que não se abra espaço para um “salvador da pátria” é cheio de interesses do Mineirinho. A fala dele, porém, faz sentido ao ventilar a possibilidade de despontar um nome de ocasião, que pode ser o João Dória, mas também o Bolsonaro. O fato é que o nome polêmico do militar está firmado, apesar de que ainda pode haver impedimento, pois ele é réu no STF por apologia ao estupro.

Recorro à música Bolso Nada, da banda “Francisco, el hombre” em parceria com Liniker, quase que como mantra para acreditar que ele não se fortalecerá ainda mais. “Bolso dele sempre cheio, nosso copo anda vazio. Mesquinhez e intolerância, bolso nada que pariu”, os artistas provocam. Seja por textão, seja por canção, precisamos falar sobre Bolsonaro. Apesar de que, ao fazer isso, me sinto batendo palma para doido dançar.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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