31 de março de 2017

Jornais iniciam movimentos a favor da credibilidade

Campanha do The New York Times: "A verdade nunca foi tão importante quanto agora" (REPRODUÇÃO THE NEW YORK TIMES)
Hoje são muitas as publicações que circulam sem critérios de apuração ou checagem. As redes sociais aumentam ainda mais o abismo entre a verdade e a informação. Mas jornais e portais de credibilidade começam a dar uma resposta contra a proliferação de inverdades.

Campanhas publicitárias lançadas no Brasil e no exterior miram no resgate da verdade, muitas delas puxadas pelo efeito da eleição de Donald Trump, nos EUA. Adotam também oficinas e palestras de “alfabetização em mídias” e encabeçam ações como a do jornal norte-americano The New York Times. O periódico criou um programa de “apadrinhamento” de assinaturas. 15,5 mil doadores ofereceram acesso gratuito ao conteúdo digital do jornal a 1,3 milhão de alunos de escolas públicas dos EUA.

Todas as alternativas são válidas para mostrar ao leitor/internauta que a notícia precisa estar acompanhada de credibilidade, especialmente no meio digital. A jornalista Luciana Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O POVO, destaca que a confiança dos jornais é estendida na internet. “Os sites mais visitados do mundo são os de jornais impressos, então quando as pessoas dizem que leram algo na internet, pesquisas mostram que elas leram em sites dos periódicos. As grandes marcas e jornais de credibilidade passaram a ser mais consultados”, afirma.

Para coibir a propagação de notícias falsas, a jornalista cita duas medidas que já começam a tomar força. “Temos que expor os casos, esclarecer os números e as verdades. Os grandes jornais precisam dar as mãos e mostrar onde tem mentira. Nós e os leitores ao identificarmos notícias falsas devemos deixar isso claro”, ressalta.

A Pesquisa Brasileira de Mídia, encomendada pela Secretaria da Presidência da República no ano passado, apontou que 30% dos entrevistados confiam nas notícias publicadas no jornal impresso, enquanto rádio e televisão ficaram com 28% e 26% respectivamente. No ranking das instituições mais confiáveis do País, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a imprensa escrita representou 37% das respostas dos entrevistados.

A forma criteriosa de fazer jornalismo também aumenta ou diminui a confiança dos leitores, segundo Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ). “É importante que as marcas jornalísticas de visibilidade busquem mostrar à opinião pública o jornalismo bem feito, levando em consideração os métodos de apuração criteriosa, checagem dos fatos e contextualização adequada. Os cidadãos começam a identificar isso. E estabelecem as diferenças entre a verdade publicada e a distorção da realidade”, explica.

Salomão Castro, presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI), destaca que a capacitação do profissional jornalista também é importante para evitar ruídos ao público que consome notícias. Ele cita o caso da eleição norte-americana e o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia).

“As informações que a imprensa norte-americana foi produzindo, na soma do que chegava à sociedade, mostravam a candidata Hillary Clinton vitoriosa. O mundo havia sido preparado apenas para uma possibilidade. No caso do plebiscito do Brexit, não se apontava uma possibilidade que seria aprovada a saída. Muitas vezes, é preciso tentar compreender os sentimentos das pessoas e não trabalhar com cenários preestabelecidos ou apostar numa tendência que vai se concretizar”, avalia.

“Uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade”. A frase, cunhada pelo ministro da Propaganda da Alemanha nazista de Hitler na Segunda Guerra Mundial, Joseph Goebbels, ecoa na Era das Mídias Digitais. “Você tem a facilidade tecnológica de espalhar qualquer coisa que se invente. Isso é preocupante para o nosso meio profissional e social. São as false news”, afirma Antonio de Moura Reis, diretor de Jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

O Facebook, em junho do ano passado, chegou a alterar o algoritmo para privilegiar o conteúdo de amigos e familiares. O mecanismo favorecia o recebimento de mensagens que reafirmavam o ponto de vista dos usuários, corroborando, de acordo com Moura Reis, a propagação das notícias falsas. Para reduzir a incidência das notícias falsas, o Google e o Facebook instituíram mecanismos de denúncia.


As empresas que também investem em publicidade programática nas redes sociais estão mais cuidadosas. Muitas delas buscavam, por meio dos algoritmos de busca, sites, blogues e portais com maior visibilidade para vender seus produtos. “Os grandes anunciantes, através das plataformas programáticas, observam que os algoritmos podem prejudicar a imagem. Sem que eles saibam, a marca pode estar vinculada a um site de informações falsas. Questionam também as métricas de audiência do Google e do Facebook”, reforça Ricardo Pedreira, da ANJ.

Com informações O Povo Online

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