2 de julho de 2017

"Descrédito pode servir também aos oportunistas" por Letícia Alves

Embora sejam assunto recorrente de quem acompanha a crise política, as eleições ainda são uma incógnita para a população e os próprios políticos e analistas. 

De acordo com as últimas pesquisas divulgadas, em média 20% da população não sabe em quem votar ou já planeja optar pelo nulo ou branco no próximo ano. 

A porcentagem aumenta em cenários sem figuras conhecidas como o ex-presidente Lula (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e mesmo o presidente Michel Temer (PMDB). “Dá uma tristeza grande, a gente não vê em quem votar e fica totalmente desacreditada”, desabafa a comerciante Dinayk Martins. 

O sentimento, aposta o professor de sociologia e política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, deve gerar uma melhora no nível político. “Espera-se que com tanta exposição de nomes de políticos, que as pessoas estejam mais conscientes para fazer escolhas”, afirma. 

O professor pondera, porém, que o descrédito pode favorecer “aqueles que se colocam como novos sem ser, os negadores da política e os com viés autoritário de salvador da Pátria”. Para fugir de um novo que não traga novidades reais, a saída seria, além de fazer boas escolhas, “acompanhar o seu escolhido”.

Para isso ser possível, ele propõe uma reforma política que favoreça a transparência. “O cenário político só muda com uma melhor escolha e acompanhamento do trabalho dos políticos. Infelizmente, o modelo que temos hoje é pouco acompanhável”. Exemplos Como novo “não tão novo assim”, o cientista aponta os nomes do prefeito de São Paulo João Dória (PSDB), aliado de velhos caciques da legenda, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) eleito pelo cargo pela primeira vez em 1990. 

Há também movimentações de partidos antigos, como o PSL que virou Livres e aposta em proposta mais liberal. No PT e PSOL, um movimento tem chamado a atenção. Filiados das siglas, além de representantes de entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), reuniram-se há duas semanas sob a coordenação de Guilherme Boulos. 

Os participantes negam conversas para a criação de novo partido e explicam que a ideia é articular estratégias de oposição ao governo de Temer além da criação de um programa “mais à esquerda”. Se a articulação terá efeito eleitoral, é difícil dizer. “Vai haver uma melhora na política a partir de 2018, mas não uma renovação total, grande. O processo democrático é vagaroso e exige paciência”, diz Prando.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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