22 de maio de 2017

Manifestantes protestam contra Temer e pedem "Diretas Já" em vários estados

A manifestação da Avenida Paulista foi organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo (Foto: Rovena Rosa)
Manifestantes ligados a centrais sindicais e a movimentos de esquerda se reuniram ontem (21/05) em diversas cidades do país. Eles protestaram contra Temer e a favor de eleições diretas. As manifestações foram motivadas pela delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. No sábado (20/05), o presidente Michel Temer afirmou que segue na Presidência da República e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do inquérito que o investiga.


Servidores de diversas categorias do estado do Rio e representantes de sindicatos se reuniram na Praia de Copacabana, próximo do Hotel Copacabana Palace. De acordo com Ramon Carrera, um dos líderes do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe), que organizou o ato, a entidade já tinha marcado o encontro há duas semanas para protestar sobre a situação precária dos servidores do Rio, que enfrentam atrasos de salários e falta de condições de trabalho.

A manifestação era também para pedir o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão. Segundo Carrera, com os últimos acontecimentos no país, o ato serviu para também protestar contra o governo federal.

“Era um ato contra o governo Pezão e contra a corrupção instalada no Rio de Janeiro, que ajudou a quebrar o estado. No meio da convocação, feita há duas semanas, a gente teve essa avalanche no governo federal, o que, para nós, é motivo de muita tristeza."

Carrera, que é também diretor-geral do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (Sindjustiça), destacou que a Lei de Recuperação Fiscal dos Estados, aprovada pelo Congresso e sancionada sexta-feira (19) sem vetos pelo presidente Michel Temer, ainda terá de passar por votações de medidas complementares de austeridade do estado como contrapartidas para assegurar a negociação das dívidas, entre elas o aumento da contribuição previdenciária dos servidores e o congelamento de reajustes salariais para as categorias.

A nova legislação é apontada pelo governador Pezão como fundamental para colocar o pagamento dos servidores em dia. Para o integrante do Muspe, há medidas que poderiam ser adotadas e não provocar uma pressão sobre a população e servidores. “Os exemplos são cobrar o crédito da Lei Kandir, da ordem de R$ 50 bilhões, a divida ativa, de R$ 66 bilhões, fazer o enfrentamento e rever as isenções fiscais”, disse.

De acordo com Carrera, a manifestação foi apartidária e custeada pelos sindicatos que vivem da contribuição dos servidores. Durante o ato foi estendida uma faixa branca para que os manifestantes escrevessem mensagens ou registrassem seus protestos.

Um outro grupo de manifestantes se concentrou em frente à estação do metrô de São Conrado, seguindo pela orla do bairro da zona sul carioca até o prédio onde mora o presidente da Câmara dos Deputados, Rocrigo Maia (DEM).

Em Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram às 9h na Praça da Liberdade e seguiram para a Praça Sete, tomando ruas do centro da capital mineira. Assim como o ato realizado na última quinta-feira (18), a convocação foi realizada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, grupos que reúnem centrais sindicais, sindicatos, organizações estudantis e entidades dos movimentos sociais.

O principal mote dos manifestantes foi o pedido de eleições diretas. "Só o voto popular pode resolver essa imensa crise política, resgatar a democracia e credibilidade na principal instituição brasileira" informava a convocação nas redes sociais.

Segundo Beatriz Cerqueira, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), a eleição indireta não resolve a crise no país. "Na eleição indireta, o Congresso elegerá o presidente da República e na sequência aprovará as reformas da Previdência e trabalhista. Por isso, para nós a única saída é ocupar as ruas gritando Diretas Já. Queremos de volta o direito de eleger o presidente", disse.

Para a sindicalista, o país vem piorando. "Essa tem de ser uma luta de todos os brasileiros. São 14 milhões de desempregados. Por isso também queremos reformas do Judiciário, tributária, porque o pobre é quem mais paga imposto hoje no Brasil, e política, porque os deputados e senadores estão sempre votando contra os interesses da população."

Na capital pernambucana, o ato ocorreu no Marco Zero da cidade, localizado no Recife Antigo. De acordo com Carlos Veras, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das organizações que convocaram a mobilização, já se previa que hoje não haveria uma adesão massiva.

"O grande ato foi na quinta. Queremos dialogar com as pessoas que vêm ao Marco Zero [local turístico e de lazer] e nos mobilizarmos rumo à Brasília para o ato por Diretas Já do dia 24."

Em São Paulo, o ato pelas Diretas Já e contra o governo federal ocorreu sob forte chuva. Os manifestantes tentaram se proteger da chuva embaixo das marquises ou usavam guarda-chuvas e capas de chuva. O ato, convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, teve início por volta das 15h e foi encerrado às 18h.

O principal caminhão de som foi instalado ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, e nele discursaram líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), políticos e integrantes de centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Intersindical.

Segundo Edson Carneiro Índio, secretário-geral da Intersindical, o ato defende a saída do presidente da República, a convocação de eleições diretas no país e a imediata interrupção da tramitação das reformas trabalhista e da Previdência. "Esse Congresso não tem a menor condição de aprovar essas mudanças que mexem com a vida do povo e nem de escolher um novo presidente”, afirmou Carneiro Índio.

Presidente da CUT, Vágner Freitas disse que a chuva atrapalhou muito, mas defendeu a importância da mobilização. Para Freitas, as eleições diretas no país seriam possíveis por meio de uma emenda popular. Ele disse ainda que as centrais sindicais e os movimentos sociais continuarão mobilizados no país e pretendem fazer um grande ato na próxima quarta-feira, em Brasília. “Vamos continuar a mobilização e nas ruas até ter eleição direta”, concluiu.

Com informações Agência Brasil

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