8 de outubro de 2017

Fake News. A mentira como estratégia política nas eleições

O termo ganhou o mundo a partir da eleição de Donald Trump no ano passado e desde então permanece no debate público: as chamadas “fake news” ou simplesmente notícias falsas, proliferam-se nas redes sociais. A tendência, revelam especialistas, é que sejam usadas com ainda mais força nas eleições do próximo ano, cujas consequências passíveis de previsão são o acirramento da polarização política.

“Fake news” são informações mentirosas produzidas por grupos com algum interesse em difamar ou elogiar determinada personalidade, partido, projeto ou ideologia. Segundo levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP), feito em julho deste ano, cerca de 12 milhões de pessoas difundem notícias falsas sobre política no Brasil.

Levando-se em conta uma média de 100 seguidores por usuário, o alcance dessas informações pode chegar a praticamente toda a população conectada do País, cerca de 50% dos habitantes. “Isso vai existir muito na campanha do próximo ano, especialmente porque haverá candidatos com opiniões muito polêmicas, como (deputado federal) Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e de temperamento explosivo, como o (ex-ministro) Ciro Gomes (PDT)”, afirma o consultor político Márcio Coimbra.

Ele avalia que os boatos devem atingir mais esses perfis “polêmicos”, mas devem ser preocupação de todos os candidatos. “Eles precisarão reagir ocupando espaços da mídia e tendo discursos bem definidos, que são difíceis de serem manobrados”.

Nesse contexto, o Senado aprovou na última quinta-feira, 5, emenda à reforma política que exige que os provedores de aplicativos e redes sociais suspendam publicações denunciadas por informação falsa ou discurso de ódio. A medida foi acusada de “censura” e acabou vetada pelo Palácio do Planalto.

Já os usuários das redes sociais deverão se “proteger” das notícias falsas adotando técnicas para identificá-las, enquanto os meios de comunicação tradicionais precisam atuar para desmentir boatos. Márcio destaca um outro movimento que também contribui para a desinformação. “O que você tem no Brasil, especialmente em canais de televisão, é uma notícia enviesada escondendo uma opinião. São jornais que não procuram o outro lado. Você dar uma notícia com opinião escondida também é uma espécie de ‘fake news’”, acusa.

Alvo na semana passada de áudio falso que defendia intervenção militar no Brasil, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) lamenta o ocorrido e disse que, “na próxima eleição, mais importante que ter novas e boas ideias, para alguém se reeleger vai ser preciso enfrentar bem os boatos que surgirão”. Ele acredita que “esse áudio é um dos exemplos, mas vamos ter muitos outros, daqui pra frente isso vai ser a regra, não a exceção”.

Sempre desconfiar

Veja dicas de especialistas para identificar as “fake news” e evitar o compartilhamento de informações falsas nas suas redes

1. Manchetes sensacionalistas

Esse tipo de notícia costuma ter títulos exagerados para chamar a atenção do leitor, muitas vezes acompanhados de pontos de exclamação

Sem assinatura

Dificilmente esses textos são assinados, seja por um jornalista, analista ou estudioso de qualquer área

Falta de fontes

As informações falsas ou são atribuídas a fonte nenhuma ou se tratam de uma fonte falsa, de difícil acesso, desconhecida ou mesmo “em off”

URL alterada

As notícias podem ser de sites falsos, que imitam a URL de portais de notícias conhecidos, ou pouco confiáveis, sem identificação clara e formas de entrar em contato

Erros gramaticais

Nem sempre é assim, mas é comum que os textos com informações falsas sejam mal escritos, contenham diversos erros de português e de formatação, além de frequentemente serem mais curtos que os de notícias tradicionais

Humor

Um gênero crescente nas redes sociais são as notícias satíricas, que podem ser confundidas com fake news por utilizar informações falsas para disseminar o humor. Um exemplo brasileiro é o site “Sensacionalista”

Textos tendenciosos

As notícias falsas não são despretensiosas: seu intuito é prejudicar alguém para beneficiar uma pessoa, grupo ou ideologia. Isso se reflete nos textos, que não escondem a inclinação para criticar um lado e enaltecer outro

Disseminação rápida

As “fake news” são feitas para se espalharem nas redes sociais e, para isso, muitas vezes são associadas a perfis automatizados, os chamados “robôs”, que compartilham, retuítam e espalham os textos sem que seja possível identificar a fonte primária da informação

Notícias falsas contêm verdades

Nem todo o conteúdo das “fake news” é mentiroso. Os textos costumam misturar acontecimentos verdadeiros com premissas e informações falsas. Outras vezes, esses sites “ressuscitam” matérias antigas que, embora sejam totalmente verdadeiras, ganham outro significado em outro momento e contexto

Checagem

Uma notícia envolvendo uma personalidade importante dificilmente ficará restrita a um só site. Pesquise em outros portais de notícias e, se não encontrar nada a respeito, desconfie.

Com informações portal O Povo Online

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