28 de outubro de 2023

Executiva Nacional do PDT intervém no Ceará e destitui dirigentes

 O senador Cid Gomes e o ex-governador Ciro Gomes estavam em lados opostos (Foto: Reprodução/Instagram)

Em reunião da executiva nacional ontem, no Rio de Janeiro, o PDT aprovou intervenção no diretório do partido no Ceará, afastando o senador Cid Gomes do comando da legenda e ampliando uma crise que já dura mais de um ano.

Conduzido pelo presidente licenciado da sigla Carlos Lupi, o encontro foi marcado por embate direto entre os grupos liderados por Cid e por André Figueiredo, deputado federal e dirigente nacional interino da legenda.

Num dos momentos mais tensos da agenda partidária, Cid teria discutido com o irmão Ciro Gomes, ex-presidenciável também presente ao evento e de quem Cid se afastou desde as eleições de 2022, em meio ao processo de escolha do candidato pedetista ao Governo do Estado.

Em nota divulgada após a reunião, o senador reconheceu ter sido "surpreendido com a decisão de intervenção" e questionou a adoção de medida do tipo sem instauração anterior de um procedimento no âmbito do qual ele pudesse se defender.

"Não se aprova uma intervenção sem a abertura prévia de um processo, sem dizer do que a pessoa está sendo acusada para que possa exercer seu direito de ampla defesa e por último ter uma deliberação do conselho de ética, depois da executiva e depois do diretório", argumentou Cid.

Ainda segundo o pedetista, "eles (a executiva) já aprovaram a intervenção sem cumprir nenhuma dessas etapas" em relação às quais, o ex-governador complementou, não sabia "sequer as razões".

Como efeito imediato do encontro no Rio, o diretório cearense passou a responder diretamente à cúpula da agremiação, que deve agora indicar um nome para dirigir os trabalhos no estado. Até a noite de ontem, o PDT não havia apresentado o sucessor de Cid no posto.

Atual dirigente nacional, Figueiredo negou que ele seja o quadro pedetista a chefiar o partido localmente a partir desta etapa, com a deposição do senador.

"Eu também não vou assumir (a presidência estadual). A intervenção era para tentar apaziguar a situação entre dois lados que não poderiam se entender", explicou o deputado, para quem o emprego desse instrumento mais drástico se deveu a uma tentativa de "pacificar" o PDT na esteira da queda de braço entre os blocos "cidista" e "cirista".

Na prática, contudo, o caminho escolhido tem potencial para agravar o impasse trabalhista, empurrando a ala encabeçada por Cid para fora do partido, como já se especula.

Embora não tenha expressado claramente a intenção de se desfiliar do pedetismo durante a discussão, o ex-governador acenou para a possibilidade ao dizer que sairia "pela porta da frente", numa sugestão de que pode, sim, ingressar em outra força política.

Caso opte por fazer isso, Cid não estaria sozinho. Ontem, por exemplo, acompanhavam o senador tanto deputados estaduais e federais quanto prefeitos do PDT. Em tese, esse contingente, hoje muito numeroso e predisposto a aderir à base de Elmano de Freitas (PT), tenderia a se manter fiel ao líder aonde ele fosse.

Entre "cidistas", o rumor que predominava nessa sexta, nas horas que se seguiram à reunião, era de que Cid teria dois destinos possíveis na hipótese de saída. Um é o PSB, partido sob direção de Eudoro Santana, pai de Camilo. O outro é o Podemos, a cargo de Bismarck Maia, também aliado.

Por ora, não há qualquer definição a esse respeito. Procurados, parlamentares deram como certo apenas que Cid, em princípio, ingressará com recurso na Justiça a fim de buscar reverter a decisão da nacional. O ex-governador não confirmou se fará petição nesse sentido.

Fora da presidência do PDT novamente, essa é a segunda vez que ele é deposto da função, Cid terá como desafio manter a coesão do seu bloco no estado num momento de dificuldade.

De maioria governista, essa ala vinha postulando que Cid estivesse à frente do diretório, de modo a pavimentar o caminho para uma recomposição com o PT de Elmano e de Camilo, refazendo as pontes demolidas por Ciro e o ex-prefeito Roberto Cláudio ainda em 2022.

Longe da executiva, e pressionado pela ação da nacional trabalhista, Cid tem de ponderar prós e contra de um desembarque do PDT, inclusive o risco de judicialização em torno dos mandatos daqueles que eventualmente deixem o partido, a exemplo do que já acontece com o deputado estadual Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Com informações portal O Povo +

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