2 de novembro de 2022

Após Bolsonaro se pronunciar, mundo político agora encara transição

O presidente não respondeu as perguntas dos jornalistas (Foto: Wilton Lima)

Após mais de 44 horas do fim das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou o silêncio sobre o resultado das urnas, que apontou a derrota dele para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Pressionado por aliados, o chefe do Executivo não admitiu explicitamente a vitória do adversário, mas autorizou o início da transição de governo.

Ao lado de ministros, no Palácio da Alvorada, e em discurso de pouco mais de dois minutos, Bolsonaro agradeceu pelos mais de 58 milhões de votos que recebeu no segundo turno e prometeu obedecer a Constituição.

O presidente reprovou os bloqueios nas estradas promovidos por caminhoneiros que protestam contra o resultado das eleições. Aproveitou, também, para criticar o sistema eleitoral.

"Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral", enfatizou. "As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasões de propriedade, destruição de patrimônio, cerceamento do direito de ir e vir. A direita surgiu de verdade em nosso país."

Bolsonaro também ressaltou a bancada eleita para o Congresso e aliados que ganharam o pleito pelo país. "Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso", destacou.

O chefe do Executivo também reclamou das críticas de que foi alvo nestes anos de mandato. "Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário de meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição", garantiu. "Nunca falei que ia controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição."

Ele ainda se colocou como principal expoente da direita no Brasil. "É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade de religião, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde a amarela da nossa bandeira", finalizou.

Depois do pronunciamento do presidente, ficou a cargo do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), confirmar que o presidente havia autorizado a transição de governo.

Havia grande expectativa sobre o pronunciamento de Bolsonaro, que se mantinha em silêncio desde a derrota nas urnas. Ontem, a imprensa foi convidada a entrar no Alvorada por volta das 14h30. Às 16h37, o presidente desceu para discursar. Ele estava acompanhado do candidato a vice na chapa, Braga Netto, e de ministros: além de Ciro Nogueira, Marcelo Queiroga (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Victor Godoy (Educação), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça), Marcelo Sampaio (Infraestrutura), Joaquim Leite (Meio Ambiente), Carlos França (Relações Exteriores), Célio Faria (Secretaria de Governo), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Cristiane Brito (Mulheres, Família e Direitos Humanos).

Também compareceram Gilson Machado (ex-ministro do Turismo), Flávio Augusto Viana Rocha (secretário especial de Assuntos Estratégicos), Hélio Negão (deputado federal) e João Roma (ex-ministro da Cidadania), além de Eduardo Bolsonaro (senador e filho do presidente).

Foram notadas as ausências da primeira-dama Michelle Bolsonaro e dos filhos Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, assim como do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que estava em São Paulo, e do vice-presidente da República Hamilton Mourão — que informou não ter sido convidado.

À frente do púlpito e segundos antes de começar o pronunciamento, Bolsonaro comentou com Ciro Nogueira: "Vão sentir saudade da gente". Não ficou claro, no entanto, se o chefe do Executivo se referia à imprensa ou à população.

Ao final da declaração, Bolsonaro foi aplaudido pelos integrantes do governo e aliado. Enquanto ele se retirava, jornalistas perguntaram se ele ligaria para Lula ou se reconheceria diretamente a derrota. O chefe do Executivo continuou andando e não respondeu. Pouco depois, ele foi ao Supremo Tribunal Federal para um encontro com ministros da Corte.

Com informações portal Correio Braziliense

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