14 de julho de 2018

Camilo escolherá entre duas crises por Érico Firmo

Ciro Gomes discursa sob aplausos dos pedetistas em Fortaleza (Foto: Divulgação) 
Haverá uma crise na aliança de Camilo Santana (PT). O governador terá de escolher qual. No último ano, nenhum aliado foi tão importante e esteve tão colado à imagem do chefe do Executivo estadual quanto Eunício Oliveira (MDB). O presidente do Senado viabilizou liberação de verbas que estavam empacadas por obra dos subterrâneos de Brasília. E colou em Camilo em toda qualidade de evento: andaram de trem, rezaram jogaram futebol. Porém, se hoje o petista é governador, é por obra, vontade e graça da família Ferreira Gomes. E as sinalizações que vêm do clã são bem diferentes.

A RESISTÊNCIA PEDETISTA

O PDT em peso, incluídos Ciro Gomes, Cid Gomes e o presidente nacional Carlos Lupi, rejeitam hipótese de aliança com Eunício. E menos de 24 horas, o candidato pedetista a presidente chamou o presidente do Senado de picareta, o presidente estadual da sigla, André Figueiredo, afirmou que o MDB é a antítese do que pensa o PDT e o presidente nacional, Carlos Lupi, afirmou que a legenda não estará numa coligação com o MDB. Disse ainda que o partido terá dois candidatos a senador: Cid e André Figueiredo.

Este último demonstrou explicitamente insatisfação com a condução do assunto pelo governador Camilo Santana. “O PDT, em nenhum momento, institucionalmente, foi chamado para discutir uma eventual composição com o senador Eunício. O governador nunca chamou o PDT do Ceará para esse diálogo. Me sinto no direito de ser contrário”.

O CAMINHO CONSTRUÍDO

Eunício tem feito todo esforço para atender aos pedidos de Camilo em Brasília, levou aliados para a coligação governista, ao mesmo tempo em que se amarra como pode à imagem do governador. A hipótese de eles não estarem juntos na campanha que começa dentro de um mês e um dia é tão estranha quanto foi a aproximação um ano atrás, depois das acusações e insultos de 2014.

Porém, o discurso do PDT não deixa o partido com cara para aceitar aliança com o MDB daqui para agosto. Como Ciro Gomes irá se explicar nacionalmente sobre a aliança local com quem qualificou de picareta?

Se Eunício não estiver do lado de Camilo, há potencial para um pequeno abalo sísmico em seu bloco. Ele teve papel na ida de Domingos Filho para a base do governador, meses após o desfecho de uma disputa que teve como consequência a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Não parece haver caminho de volta para Domingos, ainda mais depois dos sapos e do orgulho que teve de engolir. Como ficará toda a costura feita por Eunício? Com que cara os dois colegas de pelada de menos de um mês atrás irão se enfrentar na campanha?

De um jeito ou outro, haverá crise. Camilo terá de escolher qual.

Seja qual for o desfecho, alguém ficará mal na foto. Se todos estiverem juntos, Ciro e o PDT terão de engolir seu discurso e explicar a contradição de agora, em plena campanha presidencial na qual ainda não deslanchou.

Se Eunício, por outro lado, estiver fora da coligação, ele quem fica muito mal, mesmo. Sob o risco vexatório para o presidente do Senado de nem reeleito ser.

A coisa chegou a um ponto no qual não há saída óbvia sem prejuízo grande para alguém. Isso tudo pode resvalar na aparentemente serena campanha de reeleição de Camilo.

O TEMPO DE CAMILO

O governador deu todos os sinais de que pretende se aliar a Eunício. Ciro já disse que esse movimento é de Camilo. Mas, ele terá peito e condições de contrariar os Ferreira Gomes?

Se, como diz Figueiredo, o assunto não foi tratado oficialmente, é sinal de que Camilo quer repetir o estilo Cid, conduzir as coisas até o limite do prazo e colocar as cartas na mesa quando não houver mais tempo para muitos movimentos. Quando os aliados não tiverem alternativa a não ser aceitar sua decisão.

Cid fez isso muitas vezes, mas ele tinha comando do processo.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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