2 de outubro de 2018

A ideia é ruim e o momento é péssimo por Érico Firmo


A campanha de Fernando Haddad (PT) anda às voltas com a necessidade de explicar uma proposta de difícil execução que, se viabilizada, seria péssima ideia, ao menos para o momento. 

Trata-se da Constituinte exclusiva para reforma política. Está no plano de governo de Haddad e já havia sido apresentada por Dilma Rousseff (PT) na tentativa de apaziguar os protestos de 2013. Não saiu naquela época e é de se esperar que não saia tão cedo.

O Congresso Nacional que está aí é de baixíssima qualidade. Tem ficado pior a cada eleição. Retrógrado, fisiologista e, em considerável medida, corrupto. Nada sugere que o mesmo eleitor que elege este Congresso aí, e consegue piorá-lo eleição após outra, irá escolher uma Assembleia Constituinte capaz de melhorar a Constituição atual.

A começar pela condução. A Constituição de 1988 teve como articulador Ulysses Guimarães. Na política de hoje, quem teria estatura para fazer esse papel e melhorar o que está aí?

A Constituição completa 30 anos nesta sexta-feira, 5. Já chegou à centena de emendas neste período. É demais. No momento de tantos dissensos e escassos consensos, o melhor que o próximo governo pode fazer é conduzir a transição possível dentro das regras atuais, sem mexer nas estruturas. É preciso o nível mínimo de consenso social para rever alicerces tão profundos da nossa política. Não parece ser algo que sairá das urnas.

A democracia brasileira passa por teste de estresse. As coisas são levadas ao limite. Não é oportuno e chega a ser perigoso mudar regras basilares no momento tão confuso, com instituições tão combalidas. Nem o Supremo Tribunal Federal (STF) se entende. Aliás, é um dos focos maiores de tumulto.

No momento que o Brasil atravessa, o que melhor se pode fazer é mudar o mínimo possível nas regras postas. Ultimamente, o que se mexe tem sido para piorar.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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