27 de novembro de 2023

Cidades precisam de plano de ação climática

A pequena cidade de Graça na Zona Norte é uma das que reportaram preocupação com o enfrentamento de questões climáticas significativas (Foto: Carlos Braga)

Calor extremo, secas, incêndios florestais, enchentes urbanas, avanço do mar, deslizamentos... Essas são algumas das questões apontadas pelas cidades brasileiras em relação aos riscos oriundos das mudanças climáticas. A situação, muitas vezes negligenciada, começa a ser vista atualmente como algo mais iminente e tem gerado a necessidade de um plano de ação palpável.

De um universo de 105 cidades brasileiras, 89% já reportaram preocupação com o enfrentamento de questões climáticas significativas. Esse levantamento, realizado pela CDP, ONG global cujo trabalho consiste na coleta de dados e análises ambientais de empresas, cidades, estados e regiões, mostra a necessidade de estudos sobre o tema na área. Até o momento, apenas 18 municípios nordestinos responderam os questionários da instituição; desses, seis são cearenses: Fortaleza, Sobral, Itapipoca, Graça, Varjota e Caucaia.

Em entrevista à coluna, a diretora executiva da CDP na América Latina, Rebeca Lima, conta que a maior preocupação dos municípios cearenses é com a elevação do calor, os incêndios florestais e as consequências da seca. As cidades cearenses, segundo ela, precisam de um plano de ação climático integrado, com análise de vulnerabilidades e propostas de redução de emissões de carbono. "Os estudos técnicos fornecem, para a gestão pública, uma mostra das zonas de risco que necessitam da criação de um plano de adaptação", acrescenta.

Ações em Fortaleza

A maioria dos municípios tem buscado aplicar trabalhos para a redução de resíduos e mudanças nas áreas de transporte a fim de diminuir a emissão de gases poluentes. No caso de Fortaleza, a informação é de que houve a redução de quase duas mil toneladas de resíduos, além da implantação da área de ciclofaixas para diminuir o uso de veículos movidos a combustível fóssil.

No interior, também há ações voltadas para o incentivo à agricultura de baixo carbono e investimentos em áreas verdes agricultáveis - foram listadas mais de 33 ações no estado. Apesar disso, ainda é necessário um longo percurso, com estudos de zoneamento urbano, medidas de adaptação, mitigação e busca de linhas de financiamento para ações de adaptação às mudanças do clima. "Existem muitas cidades com ações de mobilidade urbana, mas essas ações não adiantam sem um olhar de adaptação. É importante juntar as coisas", reforça ela.

Dentro desse processo de análise e trabalho, também são necessários os estudos dos impactos sociais e econômicos. Além da questão da prevenção de grandes tragédias urbanas, o trabalho de requalificação de áreas pode gerar oportunidades de negócios com obras de estruturas verdes, as quais permitam a valorização dos imóveis. A requalificação, na avaliação de Rebeca, deve ser feita de forma responsável, valorizando as zonas de comércio, mas com o devido planejamento para que ela não se torne excludente para seus moradores.

Avanço do mar

Uma das cidades consideradas mais vulneráveis dentro dessa perspectiva de mudança climática é Recife. Com uma condição geomorfológica considerada de risco, e também por conta do avanço da costa, a cidade criou o projeto de "Jardins filtrantes", considerado atualmente como um bom exemplo de ação para conter esses problemas.

O trabalho consiste na criação de sistemas de tratamento das águas inseridos como jardins aquáticos, com qualidades paisagísticas e o uso e proteção de áreas ribeirinhas como áreas públicas de recuperação ambiental.

Apesar disso, toda a área de costa, inclusive a do Ceará, precisa de estudo sobre o avanço do mar e os riscos das cidades costeiras.

Com informações portal O Povo +

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