3 de fevereiro de 2018

Eleitores sem candidatos vão ser decisivos em 2018

Descrédito dos políticos, falta de participação, nomes que não inspiram confiança, decepções com partidos e candidatos. Para quem já decidiu votar nulo ou branco nas eleições presidenciais 2018, a expectativa de que o Brasil melhore é pequena. Entre os indecisos, a suspeita prevalece. Eles poderão decidir os rumos da corrida eleitoral.

Pesquisa divulgada nesta semana expõe um cenário inédito. Pela primeira vez na história do Datafolha, a intenção de votos nulos ou brancos pelos eleitores chegou ao patamar de 32%. O número aparece oscilando com 24% em quatro cenários de eleições sem o ex-presidente Lula. 

Quando o petista é considerado entre as opções da urna, as anulações variam entre 14% e 19%. Lula foi condenado em segunda instância, no último dia 24, a 12 anos e um mês de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção. Poderá estar inelegível em outubro.

De acordo com os dados, a maioria dos votos brancos ou nulos, quando da ausência de Lula na disputa, tem um mesmo perfil. Nordestinos, com renda até dois salários mínimos, nível fundamental de escolaridade, mulheres. 

“Ainda é muito cedo. As pessoas não têm opinião estabelecida. Para a maioria, que trabalha, cuida dos filhos e da casa, política não é relevante”, justifica o professor de Ciência Política do Ibmec, Adriano Gianturco. Para ele, o desinteresse pela política é uma tendência mundial e reflete uma situação social onde há mais ocupações diárias do que preocupações políticas. “Mas no Brasil a corrida eleitoral também é muito personalizada, por isso historicamente a abstenção nem é tão alta”, pondera. 

O coordenador do curso de administração, também do Ibmec, Eduardo Coutinho, destaca ainda que, se o voto não fosse obrigatório, a quantidade de nulos e brancos seria ainda maior. “Sempre haverá um número grande que vai para cumprir obrigação. Isso tende a aumentar com o tempo, à medida em que as pessoas entendem que os candidatos vão exercer um mandato em prol de uma agenda previamente estabelecida”, afirma.

A preferência por Lula (PT) fica acima da média entre os brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (47%). Inclui a parcela de pessoas com renda mensal familiar de até dois salários mínimos (47%). A escolha pelo petista prevalece nas regiões Norte (46%) e, principalmente, Nordeste (60%). A maior taxa de votos brancos e nulos em pesquisas de primeiro turno para presidência foi de 19%, em 2014.

Em eleição, a maior porcentagem de eleitores sem candidato durante primeiro turno foi na reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, com 19%. Se somado à taxa de indecisos, o total dos eleitores que não escolhem um candidato chega a 36%. Na disputa que inclui Lula (PT), Jair Bolsonaro (PSC), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro (PDT), entre outros, os votos em branco ou nulo são de 19%.

Em um cenário sem Lula, com empate técnico entre Bolsonaro e Marina Silva (Rede), o total de pessoas que votariam branco ou nulo chega a 28%.   

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