21 de novembro de 2013

Críticas marcam Dia da Consciência Negra na Escola Estadual

Cicero criticou o Sistema Educacional no encerramento do projeto “Nossas Raízes” - foto Paulo Robson
Uma iniciativa dos professores da área de Ciências Humanas da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Tereza mobilizou estudantes e professores no dia da Consciência Negra. O projeto intitulado “Nossas Raízes” foi lançado no dia 13 de maio do corrente ano como parte de encaminhamento para a efetivação da Lei Federal nº 10. 639/2003. 

Sob a coordenação do professor Vinicius Freire o projeto tem como uma das principais finalidades trabalhar a participação da cultura africana na formação da sociedade brasileira e durante todo o percurso os alunos tomaram contato com as diversas formas de manifestação cultural do povo negro a partir de oficinas de confecção de instrumentos musicais africanos. 

Ontem (20/11), os professores realizaram a culminância do projeto durante os períodos da tarde e noite com exibições de vídeos produzidos pelo alunado contando em depoimentos dos próprios educadores e outras personalidades a construção do racismo no Brasil e as diversas maneiras de enfrentamentos destes.  Houve ainda a demonstração das principais características do povo negro referenciadas através da musicalidade e de danças compostas por diferentes ritmos e instrumentos construídos pelo próprio corpo discente.

A professora de Sociologia, Laelba Batista se utilizou de um artigo produzido por Lorena Morais com o propósito de refletir sobre questão do racimo no Brasil. O texto fala dos percalços enfrentados diariamente por Lorena e conta um pouco do quanto foi difícil superar o preconceito contra sua cor.
“Ser negra vai além de uma questão de pele... O racismo me fez chorar durante anos, me fez odiar minha pele e meu nariz, fez me esconder no fundo da sala de aula, não querer namorar, fugir dos homens e acreditar que “aquele olhar não era pra mim”, diz o texto.

As oficinas foram desenvolvidas por Cícero Chagas e teve como foco a confecção dos instrumentos Afoxé e Xequerê. Cícero, mais conhecido como Ciçô Inventô, é membro da Rede de Educação Cidadã – RECID, da Associação Raízes Culturais de Altaneira e colaborador da Associação Beneficente de Altaneira – ABA, entidade mantenedora da Rádio Comunitária Altaneira FM falou sobre o sistema educacional que continua sendo burocrático e emperra a efetivação de projetos importantes como esse.

“O sistema é racista e a escola é racista quando se utiliza de uma educação em grade. Qual é a única função de uma grade?”, indagou.
“Ela só tem uma função. Prender. E essa prisão não permite que vocês, alunos, façam a única coisa que sabe melhor fazer, que é aprender. O aprendizado por obrigação não funciona. Por outro lado, não permite que o professor também faça o que de melhor ele sabe fazer, que é educar. Não permite que ele ultrapasse essas grades impostas pelo sistema”, concluiu.

Ao falar das escolas Cícero argumentou que o simples fato de dividir o alunado em tipos de classes, a “A” para os ‘bonzinhos” e a “C” ou “D” para os ‘danados’ se configura como uma forma camuflada de discriminação.

O professor José Nicolau tem usado frequentemente o seu blog para despertar nos seus leitores, em especial aos altaneirenses, para consciência e valoração do povo negro brasileiro.
“Não nos iludamos. A Lei nº 10.639/2003 é um marco histórico importante das lutas do povo negro neste país. Muita coisa mudou nesses dez anos, mas muito ainda precisa mudar. Continuemos na luta” postou Nicolau.

O Professor Paulo Robson compartilhou um vídeo com os meninos do Projeto Nossas Raízes, sob a condução do Ciço Inventô. Clique aqui e confira.


Publicado originalmente no Blog Informações em Foco

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