6 de março de 2019

Viva Mangueira! Viva Marielle! Viva o Povo Negro, Pobre e Trabalhador! por Ailton Lopes


Quando li, vi e ouvi pela primeira vez e tantas outras o enredo da Mangueira, eu decidi: Tenho de ir ao Rio ver o desfile. É por Marielle, é por nossa história, é por todas e todos nós.


Foi a primeira vez que em pleno Carnaval deixo meu Ceará.

Mas meu Ceará estava também lá. O tempo inteiro, quando assisti à apresentação linda de companheiros e companheiras do Cariri em pleno Carnaval carioca levantando tanta gente. Assisti só não, dançamos com tantos cearenses e baianos e paulistas e pernambucanos, brasileiros do Norte ao Sul e gentes de todos os lugares.

E naquela segunda à noite do desfile. Começou com a União da Ilha cantando belamente num samba com xote de arrepiar Raquel, José de Alencar, o nosso Ceará.

Depois a Tuiuti que "nos representa" e diz que "O Paraíso escolheu o Ceará" e através do Bode IôIô segue com sua crítica social e política profundamente arrasante.

O Ceará também estava na nossa Mangueira que conta a história que a história não conta e lembra que a Liberdade não veio do céu, nem das mãos de (princesa) Isabel, mas dos jangadeiros, dos abolicionistas, do povo negro, do Dragão do Mar de Aracati.

Foi uma noite onde a alma bailante vibrava no ritmo dos tambores arrepiando o corpo, levantando os pelos da pele e lembrando que "É na luta que a gente se encontra".

Nascido católico, educado sob o signo e hegemonia da história europeia dos colonizadores, ajoelhado confessando pecados, foi a indignação social, o sentimento de irmandade no outro, na outra que me fez compreender hoje que se a Igreja me falava da "vocação espiritual" a seguir, eu escolhi seguir não uma vocação, mas caminhar um caminho que a história oficial não contou, mas a teologia da libertação, o Carnaval e a cultura popular, a militância de esquerda, o marxismo e o cristianismo comum me fizeram aprender.

O que Mangueira mostrou foi a nossa história da qual somos todos os dias alienados. É como se roubassem. É como não... É mesmo um roubo da nossa própria existência.

Eu que comecei a mais jovem, pouco mais de dez anos, torcer pela Beija Flor ao ver o carnaval de Joãozinho Trinta com o Cristo censurado.

Sempre a censura tolhendo a história. Mas a luta vem e transforma.

Beija-Flor deixou de ser meu encanto há uns anos para Mangueira, a escola mais querida de nosso povo, ocupar essa lugar.

O carnaval não é carnaval se se acomoda. Não se trata de uma agremiação. A Escola é mesmo a vida.

Viva Mangueira! Viva Marielle! Viva o Povo Negro, Pobre e Trabalhador!

Viva a luta por um mundo de mulheres e homens livres!

Contra todas as amarras! Levantemo-nos todas e todos!

Texto e imagem do Facebook de Ailton Lopes





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