9 de outubro de 2025

Cabe todo mundo no "busão" do Camilo? por Henrique Araújo

O ex-governador Camilo Santana teria sinalizado apoio a pelo menos cinco pretendentes ao Senado em 2026 (Foto: Pedro Ladeira)

O ministro Camilo Santana (Educação) está aprendendo a dirigir ônibus em parte por curiosidade, em parte porque talvez acabe precisando de um para acomodar todos os pré-candidatos ao Senado na base governista. De cabeça, posso citar ao menos cinco ou seis que sonham com o bilhete para a viagem a Brasília, todos com chances de postular uma cadeira e a quem o ex-governador teria sinalizado com apoio para pleitear a vaga em 2026.

Um deles é Chiquinho Feitosa (Republicanos), cujo roteiro na tentativa de se viabilizar incluiu uma passagem pelo Raimundo do Queijo no último domingo. Sem parecer à vontade, Chiquinho, que entende de transporte rodoviário como poucos, não estava ali apenas para celebrar a ressurreição de RDQ, mas também para se deixar fotografar ao lado de lideranças do PT.

Um segundo nome com potencial de candidatura à Câmara Alta é Eunício Oliveira (MDB), ex-presidente do Congresso e hoje deputado federal. Um terceiro é Chagas Vieira (Casa Civil), ainda sem partido, mas tendendo a embarcar no PSB de Eudoro Santana.

Um quarto cotado é o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães, que anda afastado do cenário local por questões de saúde, mas que mandou recado eloquente nesta semana ao dizer que "ninguém representa melhor o PT no Ceará" do que o deputado. Ou seja, a voz mais expressiva dos interesses petistas em território cearense não é a do governador Elmano de Freitas, tampouco a de Camilo.

Quem sobe e quem desce

É possível, então, que alguns desses candidatos a passageiro da linha Ceará/DF tenham assento privilegiado no ônibus de Camilo. Enquanto um e outro, mais sortudos, devem se sentar à janela, outros ficarão no corredor, mal acomodados. Uma parcela pode viajar em pé, o que é bem pior.

E há aqueles para quem o condutor do "busão" não vai parar a fim de que eles subam, ainda que acenem insistentemente, certos de que o motorista-ministro (ou ministro-motorista?) tem obrigação de transportá-los para os seus destinos ao final da estrada de tijolos amarelos.

A um ano das eleições, não se sabe realmente quem tem condições de entrar no coletivo sem ser visto, quer pela janela ou pulando a catraca, roubando o lugar de quem se encontrava à vontade. É algo que só deve se definir mesmo ano que vem, quando outro condutor hábil ao volante (do carro, da motoneta ou do trator) colocar todas as suas cartas à mesa, dando seta para indicar se vai dobrar à direita ou à esquerda na encruzilhada eleitoral - ou se vai recolher o veículo até garagem, na serra da Meruoca.

Sim, é claro que estou falando do senador Cid Gomes (PSB), que, tal como Camilo, tem apreço especial por se deixar flagrar pilotando diferentes meios de locomoção, dos mais convencionais aos mais inusitados, mas sobre isso já se falou bastante.

Publicado originalmente no portal O Povo +

Leia também:

Pré-candidatos aliados votam contra Lula na Câmara

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.