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No seu discurso Ciro prometeu tirar "a máscara do Camilo" (Foto: Jarbas Oliveira) |
Mas o centro do discurso foi mesmo o titular do MEC. "Vou tirar sua máscara, Camilo Santana", prometeu Ciro, aplaudido por fauna política diversa. Estavam ali, espremidos no auditório e se acotovelando na entrada, bolsonaristas, ciristas e antipetistas de gradações variadas, todos convergindo para uma perspectiva que começa a eletrizar esse campo: a hipótese de Ciro concorrer ao Executivo.
No palco, no entanto, o ex-governador evitou cravar que será postulante na sucessão de Elmano, mantendo-se numa zona cinzenta que lhe permitirá sair tanto para brigar pelo Governo quanto para tentar novamente a Presidência. De suas palavras, é possível extrair elementos que sustentam uma possibilidade e também outra, sem que pareça que Ciro estará dando um cavalo de pau.
Candidatura
irreversível?
Ocorre que, pela temperatura política que se viu ontem no evento tucano, esse trem já partiu, ou seja, Ciro já é candidato para a maioria das lideranças de oposição. Ora, esse mundaréu de gente não se deslocou até um hotel na Beira Mar no meio da semana para ouvir a prosa do ex-prefeito José Sarto, agora convertido ao tucanato.
Eles estavam lá por causa de Ciro. Especialmente, porque veem na sua postulação uma chance concreta, conforme admitiu Tasso Jereissati, patrono dessa estratégia, de derrotar as forças governistas. E, por fim, porque essa engenharia partidária que pretende aglutinar PSDB, PP, UB e PL numa só chapa é de difícil execução, dando-se em condições muito específicas e tendo como pivô um quadro cujos atributos superam os de outros nomes desse espectro ideológico.
Dito em bom português: a viabilidade de uma composição tão ampla de legendas para 2026 estaria seriamente comprometida se houvesse uma mudança de rota.
Campo
minado
E, no entanto, a eventual escolha de Ciro como concorrente ao Governo não elimina de todo as arestas entre atores que, num momento como o dessa quarta, evidenciaram-se mais. É o caso da vocação crítica do ex-ministro, que só a custo se conteve para não incluir Bolsonaro entre os destinos de seus ataques, como mais de um interlocutor notou.
Trata-se de contorcionismo que Ciro se impôs em benefício dessa coalizão anti-PT, é verdade, mas cuja continuidade no longo prazo é mais difícil de assegurar. Outro fator de instabilidade no horizonte diz respeito ao senador Cid Gomes, hoje a principal liderança do PSB, embora não seja dirigente da sigla, função de Eudoro Santana, pai de Camilo.
A pretexto de denunciar o que considera como cumplicidade do partido com figuras como os ex-prefeitos Bebeto do Choró e Braguinha - um foragido da Justiça e outro cassado e preso -, Ciro estará descarregando sua artilharia menos sobre Eudoro e mais sobre Cid.
As
cartas na mesa
Feitas essas considerações, a oposição no Ceará deu passo fundamental para o pleito do ano que vem, consolidando opções competitivas para a queda de braço que se anuncia e se posicionando estrategicamente no tabuleiro eleitoral.
Não
apenas: o grupo, encabeçado por Ciro, Tasso, RC, Capitão Wagner (União Brasil)
e André Fernandes (PL), deve explorar uma comparação direta entre os chamados
"governos das mudanças" e os quase 20 anos de Cid/Camilo/Elmano, com
foco na economia e na segurança pública, uma área de resto bastante sensível
para as gestões petistas no estado.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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