18 de outubro de 2025

Ciro Gomes anuncia desfiliação do PDT

Ciro Gomes deve se filiar ao PSDB (Foto: Beto Herrera)

O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes enviou carta ao PDT para anunciar a desfiliação da legenda, onde permaneceu por uma década. Foi a sigla na qual Ciro esteve por mais tempo desde que ingressou na política. Ele estava filiado desde 2015 e concorreu a presidente como pedetista duas vezes. Na noite de ontem (17/10) o presidente do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, anunciou que o agora ex-pedetista irá se filiar ao partido na próxima quarta-feira, 22. "O PSDB está em festa", ele comemorou.

Ainda conforme Ozires, Ciro disputará o Governo do Ceará no próximo ano. "Eu anuncio oficialmente a filiação do Ciro ao PSDB e em poucos dias ou em poucos meses, o próprio Ciro Gomes vai estar anunciando a candidatura dele ao Governo do Estado do Ceará", projetou o dirigente partidário, em vídeo divulgado nas redes sociais. Até o fechamento desta matéria, Ciro não havia se manifestado nem sobre a saída do partido, tampouco a respeito da nova filiação.

Trata-se de um retorno. Ciro foi filiado ao PSDB entre 1990 e 1997. Pelo partido, ele foi eleito governador no ano em que se filiou. Ele foi na época o primeiro chefe de Poder Executivo estadual eleito pela legenda, fundada havia poucos anos.

A articulação é conduzida pelo amigo e ex-senador Tasso Jereissati. No vídeo, Ozires relata que o três vezes governador foi o responsável por convencer o quatro vezes candidato a presidente de que o PSDB era a melhor alternativa. O União Brasil também fez convite para filiação.

Em agosto, durante o evento de formalização da federação entre União Brasil e Progressistas, Ciro compareceu, teve lugar na mesa e foi um dos que discursaram. Ele enfatizou que o comparecimento foi um "ato de cortesia muito comum antes de o País ser tomado pelo lulopetismo e pelo bolsonarismo". O ex-governador defendeu na ocasião a união entre partidos da centro-esquerda à centro-direita e conclamou a confederação a cumprir essa tarefa.

Ciro disputou quatro eleições presidenciais, a última delas em 2022, quando tentou se apresentar como uma terceira via diante da polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. Na ocasião, ficou em quarto lugar, com 3% dos votos válidos.

Em 15 de agosto, ele admitiu publicamente pela primeira vez que poderá concorrer ao Governo do Estado, apesar de defender como candidato Roberto Cláudio, que deverá se filiar ao União Brasil — e fazia aniversário naquela data.

O ex-ministro participa de articulação que envolve, além de PSDB, União Brasil e PL, na tentativa de formar um bloco de oposição contra a reeleição do governador Elmano de Freitas (PT).

Apesar das recentes movimentações, o ex-governador já afirmou que não pretende mais concorrer à Presidência. "Não quero mais ser candidato, não. Não quero mais importunar os eleitores", declarou em entrevista à rádio Itatiaia, em setembro. Essa hipótese, entretanto, não está totalmente descartada.

Em entrevista no começo do mês, Ciro disse que estava "muito infeliz no PDT" e reclamou porque, segundo ele, "a burocracia do PDT" tirou o partido dele no Ceará. Ele protestou contra a aproximação com administrações petistas. A legenda está no governo Lula desde o início e este ano aderiu à administração de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, além de se aproximar de Elmano de Freitas (PT) no Governo do Estado. "Hoje se eu quiser ser candidato no Ceará eu não tenho partido, porque o meu partido foi vendido para o PT", disse.

O POVO procurou os dirigentes pedetistas, que informaram não saber do pedido de desfiliação. Presidente do PDT Ceará, o deputado federal André Figueiredo (PDT) disse que não havia chegado a ele: "Nada", respondeu pouco depois das 13h30min. Carlos Lupi, presidente Nacional do partido, disse à coluna do jornalista Guilherme Gonsalves, no O POVO+, por volta do mesmo horário: "Não sei, pergunte a ele".

Ao longo da trajetória política o ex-ministro teve passagens por sete siglas, ocupando os cargos de deputado estadual, federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro de Estado. Ciro se tornou prefeito de Fortaleza em 1989, e em 1991 assumiu o cargo de governador, sendo o primeiro governador eleito pelo PSDB e o mais jovem até então.

Entre 1994 e 1995, foi ministro da Fazenda e participou na implantação do Plano Real. Em 1998 disputou a primeira eleição presidencial pelo antigo Partido Popular Socialista (PPS). Na primeira eleição vencida por Lula (PT), em 2002, Ciro terminou o pleito presidencial com 11,97% dos votos.

Em 2005, o grupo politico migrou para o Partido Socialistas Brasileiro (PSB), e apoiou a gestão de Lula, permanecendo na sigla até 2013. Após sair do PSB, o grupo político teve uma breve passagem pelo Pros, até se filiarem ao PDT, em 2015, permanecendo até 2025, tendo candidaturas presidenciais em 2018 e 2022.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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