7 de maio de 2023

Lula conversa com a imprensa sobre a viagem ao Reino Unido

Lula viajou até o Reino Unido para participar da coroação do rei Charles III (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente Lula concedeu ontem (06/05) uma longa entrevista coletiva a jornalista brasileiros em Londres onde falou sobre a doação do governo britânico a Fundo da Amazônia, a prisão de Assange, criação de um grupo de trabalho Brasil-Inglaterra e voltou a criticar o presidente do Banco Central.

Lula viajou até o Reino Unido para participar da coroação do rei Charles III, que aconteceu na manhã deste sábado (6). Acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, o presidente da República celebrou de perto o momento histórico.

O chefe do Executivo também foi flagrado conversando com o presidente da França, Emmanuel Macron, antes do evento começar. Lula desembarcou em Londres, capital inglesa, na última sexta-feira (5/5), e teve agenda com o primeiro-ministro Rishi Sunak e com o próprio rei.

Lula diz que R$ 500 milhões ofertados pelo governo britânico a Fundo da Amazônia são insuficientes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o valor de 80 milhões de libras, equivalentes a R$ 500 milhões, que o governo do Reino Unido prometeu destinar ao Fundo da Amazônia “não é suficiente”. Ao falar sobre o assunto, ressaltou, num primeiro momento, não saber a quantia prometida pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, com o qual havia se reunido um dia antes. 

Mas, questionado pelo Correio de que a Embaixada do Reino Unido no Brasil havia confirmado as verbas disponibilizadas, admitiu que esperava mais. “A minha expectativa era de que o valor fosse, no mínimo, igual ao prometido pelos Estados Unidos, de US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões)”, destacou.

Lula afirmou que, no primeiro encontro com Sunak, não poderia pedir uma determinada quantia para o Fundo da Amazônia. “Não posso ir a uma reunião e dizer que quero R$ 10, R$ 20. Isso não cabe a mim”, frisou. Segundo ele, o que importa, é que os países ricos, que têm feito reiteradas promessas de desembolsos às nações mais pobres para preservarem suas florestas, cumpram os acordos.

“Eu quero que cumpram a promessa de darem US$ 100 bilhões (R$ 510 bilhões) aos países que ainda têm florestas. Por isso, vou a COP nos Emirados Árabes. Vou cobrar essa promessa, como fiz no Egito, e cobrar uma nova governança global”, acrescentou.

Segundo o líder brasileiro, desde que ele assumiu o governo, em janeiro último, o Fundo da Amazônia foi retomado e seus projetos vem sendo executados. Originalmente, o mecanismo, que prevê a preservação da maior floresta tropical do mundo, recebia recursos da Alemanha e da Noruega.

Os desembolsos desses países, contudo, foram suspensos no governo de Jair Bolsonaro, devido ao favorecimento a desmatadores. “O presidente não executava”, assinalou Lula. Agora, não só alemães e noruegueses voltaram a contribuir com o fundo, como outros países decidiram fazer aportes. No caso dos EUA, há necessidade de os US$ 500 milhões prometidos serem aprovados pelo Congresso norte-americano.

Rei pede proteção

Além da promessa do governo britânico de apoio ao Fundo da Amazônia, Lula disse que recebeu um pedido direto do rei Charles III, coroado ontem. Na véspera, o presidente participou de um encontro com o monarca, do qual participaram pouquíssimos chefes de Estado. “O rei me pediu: proteja a Amazônia. Eu eu respondi que preciso de ajuda, porque é impossível fazer isso sozinho”, contou.

Ele destacou que ainda neste ano todos os países que detêm territórios de florestas amazônicas vão se reunir para definirem conjuntamente formas de manterem a vegetação de pé. Esse grupo deverá contar com a França, que mantém domínio sobre a Guiana Francesa.

O petista afirmou, ainda, que está negociando para que a COP30 seja realizada em um estado da Amazônia, a fim de que todos os participantes possam ver de perto a realidade local. A perspectiva é de que o encontro ocorra no Pará. “É importante que todos conheçam a Amazônia, se hospedem por lá, fiquem até em barcos, se quiserem”, destacou.

Na avaliação do presidente, é vital encontrar uma alternativa para o desenvolvimento econômico da região, com seus 25 milhões de habitantes. “Há muitas oportunidades para o desenvolvimento de uma indústria verde, de fármacos, de cosméticos, que gere empregos e renda. Essas pessoas precisam trabalhar”, ressaltou, reforçando que não abrirá mão do compromisso assumido de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030.

Lula afirma que prisão de Assange é uma "vergonha"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, neste sábado (06/05), a prisão do jornalista e ativista australiano Julian Assange, que está detido em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Belmarsh, na Inglaterra. Para o líder brasileiro, que esteve com o primeiro-ministro, Rishi Sunak, e participou da coroação do rei Charles III, “é uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra outro esteja preso, condenado a morrer em uma cadeia”. Assange é fundador do Wikileaks.

“O cara (Assange) não denunciou nada vulgar. O cara denunciou que um Estado vigiava outros. E isso virou crime contra o jornalista?”, indagou o chefe do Executivo brasileiro, que disse ter se esquecido de falar sobre esse assunto com Sunak. “Mas assim que chegar ao Brasil vou telefonar para o primeiro-ministro”, prometeu. Não é de agora que Lula defende a liberação do jornalista, preso desde 2019, depois de passar sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres.

Foi por meio dos vazamentos de papéis secretos das Forças Armadas dos Estados Unidos que o governo brasileiro ficou sabendo que a então presidente Dilma Rousseff e vários integrantes da gestão dela haviam sido grampeados pelos norte-americanos. No total, 29 telefones da equipe da petistas foram monitorados.

No entender de Lula, a mídia mundial precisa ter uma postura combativa no caso de Assange. “A imprensa não se mexe na defesa desse jornalista. Não entendo”, ressaltou. O governo dos Estados Unidos vem tentando a extradição dele há anos. Em junho passado, a então ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, aprovou a remoção de Assange para uma prisão norte-americana.

Lula pretende criar grupo de trabalho Brasil-Inglaterra

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que pretende criar o grupo de trabalho Brasil-Inglaterra. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa neste sábado (6/5), sobre a viagem ao Reino Unido, em Londres.

Lula também comentou sobre a doação do Reino Unido ao Fundo Amazônia, tem como finalidade captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além da promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal.

"Uma boa novidade é que o primeiro-ministro do Reino Unido também anunciou investimentos no Fundo Amazônia. Vamos ter uma COP agora nos Emirados Árabes, e estou pleiteando que a COP 30 seja no Brasil, no coração da Amazônia", afirmou o presidente do Brasil.

O chefe do Executivo também ressaltou a importância da discussão sobre as questões climáticas. "Ao discutir a preservação das florestas, precisamos discutir também uma vida digna para quem vive na região. Podemos criar uma indústria verde, para, além de não poluir, gerar recursos para o desenvolvimento", disse.

Lula volta a criticar presidente do Banco Central

Numa das investidas mais pesadas contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, sem citar o nome do desafeto, “que aquele cidadão não tem compromisso com o país, tem compromisso com o outro governo (de Jair Bolsonaro)”. Segundo o líder brasileiro, que fez uma rápida viagem para Londres, onde participou da coroação do rei Charles III, ele não quer discutir a autonomia do BC.

“Indiquei (Henrique) Meirelles para o Banco Central. Ele era do PSDB. Eu nem o conhecia. Duvido que aquele cidadão tenha mais autonomia que o Meirelles, que discutia temas com o governo”, afirmou. “Se eu como presidente não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar, o presidente americano?", questionou. E emendou: “Outro dia, numa entrevista, ele disse ‘para eu atingir a meta (de inflação) de 3%, a taxa de juro tem que ser acima de 20%’. Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade”.

Para Lula, o BC tem autonomia para manter a inflação sob controle, mas não é intocável e também tem compromissos com o crescimento econômico e com a geração de empregos. “Com juros de 13,75% ao ano, não se resolve esses dois casos”, assinalou. Ele garantiu que a economia vai crescer neste ano porque o governo “está injetando dinheiro na veia”, “Temos de criar empregos, dar dignidade aos trabalhadores”, complementou.

Apesar das duras críticas ao Banco Central, o presidente afirmou que não bate na instituição “porque o BC não é gente”. “Só não concordo com a atual política de juros. Sei que tem a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas que, então, se mude a meta. Pode mudar a hora que quiser”, ressaltou. Segundo ele, empresários do varejo e da indústria e trabalhadores não suportam mais as altas taxas de juros. “Não tem crédito. Sem crédito, fica difícil a economia crescer “, acrescentou.

O líder brasileiro contou que, nos seus dois primeiros mandatos, quando o Banco Central de Meirelles aumentava a taxa básica de juros (Selic), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) reduzia a TJLP, “que não existe mais, acabou”. Ele disse ainda que o governo tem o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES e o Banco do Nordeste com capacidade de emprestar, mas o Banco Central dificulta. Destacou ainda que, se precisar, fará um acordo com empresários para reduzir preços e, assim, derrubar a inflação.

Lula também não economizou nas críticas à privatização da Eletrobras. “O governo tem 43% das ações da empresa, mas apenas 8% dos votos. Isso não é possível”, afirmou. “Se o governo quiser comprar a Eletrobras de volta, terá de pagar três vezes o valor oferecido por outro comprador. Além disso, depois que a empresa foi privatizada, os salários dos diretores passaram de R$ 60 mil para R$ 300 mil, e os conselheiros recebem R$ 200 mil por uma reunião por mês”, frisou.

Com informações portal Correio Braziliense

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